O melhor dos Quadrinheiros em 2019

Quadrinheiros 2019Em clima de retrospectiva, o melhor do que rolou em 2019 nos Quadrinheiros!

 

 

 

 

Picareta Psíquico

Um dos momentos que mais me deixou feliz esse ano foi ouvir a voz do John Holland num vídeo intimista que inaugurou um novo formato pro nosso canal – John Constantine e o Suicídio. De lá pra cá é só orgulho! Confiram a playlist com todos os vídeos que ele produziu em 2019. A Mochi me surpreendeu com um texto sobre Neon Genesis Evangelion e os problemas de tradução na legenda do anime (eu estava maratonando a série no momento em que ela escreveu o texto). O texto do Nerdbully sobre o Capitão América e o 11 de Setembro veio num momento em que nós dois pesquisávamos esse assunto pra uma palestra no Universos Paralelos (na Universidade LaSalle em Canoas), e foi muito prazeroso descobrir mais camadas políticas nos quadrinhos da Marvel e da DC. E por fim a grande contribuição do Velho Quadrinheiro falando sobre a Importância da Ficção a partir do conceito de empatia, que no fim é um resumo do porque estamos por aqui escrevendo sobre quadrinhos e cultura pop.

 

Velho Quadrinheiro

Beatles, Alan Moore e Magia“, não fosse um tremendo chamariz de pageview, pra mim, foi um marco na produção dos Quadrinheiros. Nas mãos do John Holland (o nosso, não o Monstro do Pântano), o vídeo-ensaio ganhou vitalidade, voz, compasso, essência. Redimensionou o trabalho da casa.

A Mochi,  que vaza serenidade sempre que abre o baú, me pegou de jeito com Armaduras e o último boom do animê no Brasil. Mais do que explorar um tema, ela registrou um período que a biografia pessoal se confunde com uma etapa geracional.

Já o Picareta Psíquico, cujo nome engana, estourou os níveis de audiência da página com Universo Guará, a Casa das Ideias Brazuca, colocando no mapa todo desavisado que só pensa em Marvel e DC quando escuta “quadrinhos”, “gibi” ou “hq”. Nosso berço esplêndido agradece.

O Nerdbully, sempre afiado, trouxe à tona o óbvio ululante com Batman, discípulo de Ra’s Al Ghul.  Estava lá e a gente não tinha visto até ele jogar na cara: Nietzsche, Batman, Bíblia e pipoca, do jeito que o diabo gosta, chamando pra conversa quem quer que ouse desafiar a moral dos próprios heróis.

Jean-Luc Picard não vestia vermelho por acaso. Colaboradores anônimos ou com CNPJ ativo, os Red Shirts, além trazer um punhado de ideias inauditas e visitar abrolhos impensados, são a âncora da sensatez. Exemplo máximo este ano foi Quadrinhos para enfrentar tempos fascistas. Concorde, discorde, conheça, reflita, mas acima de tudo, amplie sua percepção, este foi o maior mérito da iniciativa.

Por Monero Rapé

 

John Holland

Começo com a mesma produção do Velho Quadrinheiro citada pelo Picareta Psíquico, Importância da Ficção. Em alguns momentos me ocorreu o questionamento sobre o sentido de dedicar tantas horas de minha vida para a ficção, me dando uma nova perspectiva de como enxergar uma história. Provavelmente o texto mais importante que li em 2019.

A dramaticidade em Cavaleiros do Zodíaco da Mochi me fez entender um pouco melhor a relação que tive com mangás e animes quando mais jovem. Infelizmente fui me afastando dos mangás e criei uma imagem simplificada de alguns dos principais Shonen que consumi na infância. Porém a partir do texto, entendi melhor como funcionou o valor emocional que me foi apresentado por Cavaleiros do Zodíaco e outros animes como DBZ.

O que fascinou o jovem John Holland quando conheceu os Quadrinheiros foi a junção de fatos, resgates e análises históricas e políticas por meio dos quadrinhos. Quando houve os atentados do 11 de setembro eu tinha apenas 3 anos de idade e minhas lembranças sobre o tema são todas posteriores ao atentado, tornando minha visão sobre o fato muito simplificada.

Já vi o Nerdbully e o Velho Quadrinheiro abordando o tema diversas vezes de maneiras que nunca haviam sido apresentadas pra mim. Porém no caso do texto O Capitão América e o 11 de Setembro foi especial, pois além de matar minha curiosidade de saber como foi a reação dos quadrinhos do Sentinela da Liberdade após os atentados, também apresentou diversas informações técnicas sobre a reação da política e da sociedade americana, me trazendo uma nova visão sobre os fatos.

Já tive algumas conversas com o Picareta Psíquico sobre quadrinhos do Jonathan Hickman, como Os Vingadores e a série Black Monday Murders. Porém foi com o texto Mutantes elevados à décima potência! que ele me convenceu a ler o melhor quadrinho de super heróis de 2019. Cada edição mais espetacular que a outra, onde o autor reorganiza a caótica cronologia dos X-Men, tudo isso com nuances políticos que me fazem a cada diálogo agradecer meu amigo e companheiro nos Quadrinheiros.

Power of X # 1 e gráfico das sociedades intergaláticas divididas por nível de inteligência

 

Mochi

Não tem como não mencionar o vídeo de John Holland, John Constantine e o Suicídio, encorpando o novo canal dos Quadrinheiros. Sua narrativa deixou o vídeo mais emocionante e cativante. Mas menciono também o post Scoot Mccloud e Alan Moore: o valor da arte, pois mostra que fazer quadrinhos não tão simples assim, encaramos, muitas vezes, com as limitações das imagens, mas que, podemos quebrar as barreiras da realidade e ir além das teorias e técnicas e emergir na expressão.

Um post que achei muito bom de Nerdbully foi O que são histórias em quadrinhos? Cinco autores respondem (e mais um baú de referências), pois é um assunto muito discutido dentro da academia e nos congressos de histórias em quadrinhos e o post tem o mérito de apresentá-lo para um público maior.

O post Mulher-Maravilha, magia e ecologia na DC, escrito pelo nosso Picareta Psíquico, apresenta a Mulher-Maravilha e todo seu empoderamento feminino de uma heroína amazona, que se encarrega em unir um grupo para enfrentar novos perigos formando a Liga da Justiça Sombria, confrontando com Novos Deuses, principalmente relacionado a aspectos femininos, como Deusas da fertilidade de diferentes culturas. Mas o post complementa com um processo educativo que o homem precisa ter em relação ao mundo em que vive, mas apresentado de forma inconsciente nos roteiros de James Tynion IV.

Velho Quadrinheiro no seu post Cinco vídeos pra quem quer pensar sobre roteiro, quadrinhos e cinema, traz sua sugestão de vídeos que nos deixam realmente com a cabeça fervendo mais ainda de reflexões. Muitas vezes, pensamos que ler ou assistir alguma coisa é puro entretenimento, de fato por vezes sim, mas é possível, se destrincharmos essas obras, ter uma discussão interessante, e é o que esses vídeos apresentados pelo nosso Quadrinheiro faz.

p. 20

 

Nerdbully

Em um ano em que houve uma tentativa explícita de negar o caráter político dos quadrinhos, penso que seja oportuno destacar nos Quadrinheiros os momentos em que nossa leitura política foi mais explícita.

Picareta Psíquico relacionou a saga Heróis em Crise, de Tom King, com as crises pelas quais os Estados Unidos vem passando no século 20 e nessas já duas décadas do século 21 no post Heróis e Estados Unidos em Crise por Tom King, ampliando a leitura da saga por um viés político.

Sob um outro aspecto político relevante, a Mochi trouxe à tona a importância das mulheres para o shônen mangá, um gênero eminentemente masculino, em Mulheres e shônen mangá. 

Mudando um pouco a perspectiva, o mito da conspiração é periodicamente ressuscitado. Ao mesmo tempo que inventa um inimigo provoca a coesão do grupo que pretende lutar contra esse suposto inimigo. E ainda possui outro elemento que favorece sua expansão: não é necessário muito esforço para sua compreensão. Esses aspectos o tornam politicamente útil, como é agora no Brasil em 2019 o mito da “conspiração comunista” e como foi no início do século 20 o mito da conspiração judaica, retratado brilhantemente por Will Esiner e abordado no post Will Eisner e o mito da conspiração judaica: uma releitura necessária, do Velho Quadrinheiro.

O que me faz lembrar de outro mito com usos políticos muito claros que também abordamos em 2019: o mito da Era de Ouro, ou seja, o mito de um passado nostálgico onde “tudo era melhor”, abordado no vídeo de John Holland, Como Watchmen prova que somos enganados pela nostalgia.

 

Sobre Nerdbully

AKA Bruno Andreotti; Historiador e Mestre do Zen Nerdismo
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