Entre outras coisas, o povo daqui é acadêmico, ou seja, dedicados à pesquisa.
Isso não é sinônimo de “sisudo inflexível”. Só quer dizer que nossa profissão é tentar ver a realidade de olho aberto, consciente de que o homem não é guiado apenas pelas suas faculdades mais elevadas, como a razão.
Parte do esforço é ver a natureza como ela se apresenta, muitas vezes doente, irracional, passional, repulsiva, animalesca (tanto quanto bela, requintada e bem humorada – vide exemplo do ornitorrinco).
Natureza X acadêmico: embate épico
Observar histórias em quadrinhos, se você for atento e com o espírito livre, não vai te desapontar.
Contadores de histórias apelam ao que há de mais latente, inconsciente e primitivo no seu público. Tudo é uma questão de contexto e sintonia entre o narrador e o espectador-leitor-ouvinte. Os dois lados fazem uma espécie de acordo silencioso.
O gênero “horror” no cinema, por exemplo, lida com o desconforto, seja ele qual for. Alien, o 8º passageiro, de 1978, é um filme inteiro dedicado à metáfora do estupro masculino e o desconforto do homem em relação à mulher.
O gênero “quadrinhos de heróis”, lida com a ânsia infantil de amadurecimento e superação. Os heróis precisam encarar seus medos e fraquezas para se tornarem maiores, melhores e donos de si. Ou seja, é uma narrativa linear e vetorial. E você sabe o que vetor simboliza não sabe?
Por ser voltada principalmente ao público masculino de 10 a 25 anos, os autores, normalmente uma parelha de escritor/desenhista, apelam aos impulsos mais emergentes do seu público. Qual sejam, sexualidade e agressividade.
Duvida? Olhe para os quadrinhos do passado.
Este post oferece uma observação restrita. De modo nenhum representa todo o universo dos leitores, mas sem dúvida contempla aquele que consumia a revista Wizard Brasil entre agosto de 1996 e outubro de 1997.
Pra ser mais claro: essa lista é baseada numa amostragem dos anos 90!!
Nas edições da Wizard Brasil eram indicadas várias listas com as personagens mais alguma coisa (mais “sensuais”, “vilãs”, “do verão”, ou outros eufemismos para “alvo de espancamento de sabiá”). Indiquei aqui as 20 mais reincidentes:
1.

Mulher-Maravilha
2.
3.
Lady Death
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
Reparou como várias tem um quê de “hostilidade”? Sexo e violência: teu nome é quadrinhos.
De novo, isso é uma lista baseada numa amostragem de opinião de leitores dos anos 90, também conhecida como a “década das cinturas impossíveis”.
Um gosto meio tendencioso reinava sem oposição na época. Noutras listas, o Scott Lobdell, que escrevia aquelas edições dos X-Men quando o Wolverine ficou sem ossos de adamantiun (e sem nariz), é indicado como melhor escritor que o Alan Moore, por exemplo.
Pessoalmente, eu teria incluído a Jenny Sparks, do Authority.
Elegante, beberrona, opiniões fortes, boca suja, e casca-grossa. O espírito do século XX.
Pingback: ENTRE O OLIMPO E O PROSTÍBULO: História em Quadrinhos e Estereótipos Femininos | Quadrinheiros
Olha eu pelo menos tenho essa ideia.Mulheres também gostam de ação. Não são só homens que assistiram e gostaram de Duro de Matar 4. Mas tem coisas que afastam agente.Imagina vc lendo uma história dessas que legal.vc gosta claro…ai você percebe que a história não tem você lá,não tem homens lá e os que tem são ridicularizados . ai você continua lendo?Bem acho que expliquei.Mulheres são seres humanos normais. tem homens mais calmos e mulheres também,tem mulheres estressadas e homens também.Tem homen implicantes e mulheres também,algumas alterações são só pra fim reprodutivo apenas
Espero ter respondido claramente.E parabéns pelo post.
essa lista não tá americanizada demais? e os mangás? e os europeus? 😉
[nada a reclamar da qualidade dessa lista, claro rsrsrs]
Totalmente americanizada. Essa aí foi pra retratar o padrão de beleza nos anos 90 segundo a Wizard.
Tamos elaborando outras listas de Top Boazudas, fica frio!
=]
se fosse japoneses ia ter muitas colegiais,afinal eles tem aquele complexo de pedofilia auhau
Pingback: Copa, matemágica e os X-Men: a lenda de Askani | Quadrinheiros
Pingback: Mulher Hulk – sexo, hormônios e raios gama | Quadrinheiros
Pingback: As 10 mais sensuais da DC e Marvel: o apelo àquele adolescente que te habita II | Quadrinheiros
Pingback: Recato ou evolução? Mulher-Maravilha e Batgirl na polêmica sexista | Quadrinheiros
Acho q faltou a red Sonja….
Uma falha que a Wizard na época não compensou! (Mas concordo contigo!)
Concordo plenamente com a lista, sou leitor dos anos 90 e realmente a sexualidade era muito explorada nos desenhos (bons tempos).
E sucesso de vendas nas bancas do lado das Playboys!
Pingback: Sexualidade, insetos e pesquisa científica | Quadrinheiros
Pingback: Por que a América mata? Uma reflexão quadrinheira | Quadrinheiros