Mulheres e shônen mangá

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As mulheres também desenham shônen!

Quando pensamos em mulheres que desenham histórias em quadrinhos, mesmo mangá, logo nos vem à mente histórias românticas de príncipes encantados ou cavaleiros que salvam as damas. De uns tempos para cá essa ideia romantizada da mulher escrever apenas esse tipo de narrativa já está ultrapassada.

Elas têm as histórias em quadrinhos como um meio de expressar suas angústias, revoltas, relatos, desejos, mesmo que sexuais, impostos e/ou reprimidos a elas pela sociedade, ou mesmo por mulheres mais conservadoras. Talvez as HQs tenham sido um meio libertador para exteriorizar isso por meio das imagens e da narrativa. Porém, como são as mangakás no Japão?!

É preciso entender que no Japão existem tem diversos tipos de histórias em quadrinhos direcionados para diferentes faixas etárias, sexos e gostos, no entanto, os dois mais comuns e mais consumidos (tanto lá quanto cá) são o shôjo e shônen mangá, termos já explicados aqui.

Diferentemente do que possamos pensar, mesmo em shôjo mangá encontramos artistas do sexo masculino escrevendo e desenhando histórias, como Mitsuteru Yokoyama, que fez o mangá Mahôtsukai Sarî (Sally the Witch, 1966 – 1967), mas na sua maioria, arriscamos aqui dizer, são mulheres quem criam shôjo mangá. Talvez por contemplar um universo tão próprio feminino, quase incompreensivo pelos homens. Sim, em shôjo mangá temos as histórias românticas de príncipes e cavaleiros que salvam as donzelas do perigo, meninas apaixonadas que criam um mundo encantado para esconder seus maiores segredos, a paixão por um menino ou mesmo (e mais comum inclusive) por um professor. Sim, muitas mulheres japonesas ainda gostam de receber pequenos tapinhas e serem consideradas frágeis, indefesas, e às vezes, ignorantes, isso parece alimentar tanto o fetiche masculino quanto feminino de uma paixão.

No entanto, até nos shôjo mangá, algumas desenhistas parecem ter a necessidade de mostrar o quanto a mulher, mesmo aparentando ser vulnerável, pode ser heroína e salvar o mundo. São, sim, bobinhas, principalmente ao lado de seus amados, mas quando é para quebrar o pau, saiam de perto que elas se transformam e salvam o dia. Dois exemplos clássicos são: Serena (Usagi) de Sailor Moon (1991) e Lucy (Hikaru) de Magic Knight Rayearth (1997). Ambas não vão bem na escola, são bobinhas e demonstram ser indefesas, mas quando elas precisam dar tudo de si numa batalha, nem os personagens masculinos conseguem segurá-las, e no fim, salvam o mundo e, mesmo exaustas, conseguem dar um sorrisinho de vitória.

Embora nos shônen mangá na sua maioria os personagens principais são rapazes e, muitas vezes, rodeados por personagens femininas, nem todas essas personagens são tão indefesas, e principalmente quando são histórias criadas por mulheres, como por exemplo do grupo CLAMP, que escrevem tanto shôjo quanto shônen mangás, muitas das suas personagens femininas apresentam características emocionais fortes, são delicadas e meigas, mas estruturalmente seguras de si. Outra mangaká que cria suas personagens numa postura parecida é Rumiko Takahashi que, em Ranma ½, por exemplo, o personagem quando se transforma na Ranma, transmite uma segurança maior de si e, as demais personagens, mesmo a delicada Akane, são mais determinadas em suas atitudes.

Isso demonstra que as mulheres japonesas sentem a necessidade de se expressar de maneira feminista por meio do mangá – ainda de forma sutil?! Ou é apenas uma forma de fazer uma história?! Não sabemos, mas fica a curiosidade para aguçar a mente!

Sobre Mochi

Atingiu o estado de Olhos Grandes nas ilhas do Oriente Silencioso.
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4 respostas para Mulheres e shônen mangá

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