Mangá no estilo art nouveau!
Não é de se estranhar que existiu, e ainda existe, uma conversa entre a arte europeia e o Japão. Nas duas localidades encontramos a estética da beleza e sabores da culinária, a etiqueta da gestualidade e disciplina no ato de servir e degustar, o refinamento nos acabamentos de objetos e móveis.
A Europa foi influenciada pela arte japonesa do período Edo (1603 – 1868), as xilogravuras japonesas e, consequentemente, os objetos como leques e quimonos também serviram de inspiração para as obras do final do século XIX.

1876. Claude Monet
A art nouveau, um estilo de arte nascido na Bélgica, no final do século XIX, com forte representatividade na arte decorativa, foi uma das influenciadas pela arte japonesa. As formas circulares das linhas das imagens, as cores sobrepostas umas às outras, a perspectiva plana, sem volume, são características da arte nipônica que encontramos na arte do ocidente neste período.

Gustav Klimt
Pelo fato de ser uma arte com força no decorativo, os japoneses do século XX passaram a apreciá-la. O povo do sol nascente foi atraído pelas formas e curvas da art nouveau, assim como os artistas ocidentais também foram encantados pelas mesmas características das xilogravuras japonesas.
Essa paixão pela arte europeia desse período também enfeitiçou as meninas do CLAMP. Além da relação com a arte chinesa, essas mangakás se apropriaram dos elementos gráficos da art nouveau, especificamente o artista Alphonse Mucha (1860 – 1839) – pintor, ilustrador e artista gráfico, nascido na República Tcheca, mas que residiu em Paris – por representar um universo da boemia parisiense de forma a trazer para essa realidade o mundo fantástico dos livros e teatro. Suas obras inovaram as artes gráficas e serviram de inspiração para as ilustrações do artbook do mangá Magic Knight Rayearth (1997).
É possível notar essa influência também nas páginas do mangá. Durante as transformações e batalhas das meninas Lucy (Hikaru), Anne (Fuu) e Marine (Umi) nos deparamos com as linhas que se juntam criando apenas uma forma, deixando-os sem volume, mas enfatizando o movimento.
Por se tratar de um mangá que se tem como elementos o fogo (Lucy), o ar (Anne) e a água (Marine), esse estilo favorece a dinâmica dos traços, possibilitando que as personagens fiquem envoltas a essas linhas de uma maneira diferente representadas em algum outro mangá, proporcionando elegância ao desenho. Assim como nas ilustrações de Mucha, quando há movimento desses desenhos, seus comprimentos dobram de tamanho, reforçando a leveza, delicadeza e beleza da imagem.

Magic Knight Rayearth
Através dessas pequenas observações, podemos perceber que a conexão entre a Europa e o Japão se mantiveram através das influências nos desenhos, criando uma conversa de ressignificações artísticas.
A influência japonesa na arte europeia foi o prenúncio do do sucesso do mangá na Europa !
Eis 1 exemplo !
https://www.academia.edu/24879767/The_rise_of_the_Belgian_manga_culture_A_research_on_subculture
O sucesso do mangá na capital da HQ europeia…
Pingback: Alphonse Mucha e o mangá | Quadrinheiros