A expressividade de Erika Kobayashi

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A arte expressiva incomum no mangá!

Recentemente li dois mangás da artista Erika Kobayashi e logo fiquei encantada com os traços dela. Não sou fluente em japonês, mas pude ver claramente que sua história estava relacionada com o universo feminino. Não é um feminino apenas romântico, meigo, delicado e encantador, mas também não é como os shônen mangá com tema de terror, sangue, violência e sexo. São histórias de um cotidiano por vezes fantasioso, triste e alegre, como nós vivemos!

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Nascida em Tóquio em 1978 Erika Kobayashi formou-se em Estudos da Informação da Universidade de Tóquio, filha do psiquiatra Tsukasa Kobayashi. Estreou em 2001 como escritora com o conto Nebâ Sôpurando (Never Soapland*). Desde então, Erika continuou não só na literatura, mas também nos mangás. Como artista fez residência em instituições no Canadá, Estónia e França. Na literatura, destaca-se sua novela Madamu Kyuri to chôshoku (Café da manhã com Madame Curie), que, abordando o tema da radioatividade, resgata o desastre ocorrido em Fukushima no dia 11 de março de 2011. Esta obra foi indicada tanto para o Prêmio Yukio Mishima** quanto para o Prêmio Akutagawa*** e recebeu grande repercussão no Japão. Seus outros títulos incluem Hikari no kodomo (Criança luminosa), o Madamu Kyuri to chôshoku (que retoma o tema de Marie Curie), e Shin’ai naru Kitty-tachi (Querida Kitty). Uma curiosidade da artista é falar a língua esperanto fluentemente, assim como seu pai.

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Erika Kobayashi

Os traços dessa artista são fora do comum, ou seja, não seguem um padrão de estética encontrada nos mangás. O nariz das figuras, por exemplo, é peculiar. São pontudos, finos, mas ao mesmo tempo delicados. Suas linhas são leves quando precisam ser e são rígidas e robustas para enfatizar alguma característica emocional da personagem. Destaca-se nas suas imagens a simplicidade dos traços (ou mesmo de sua ausência) e a artista utiliza-se  e apenas do dografite, nanquim, aquarela e giz.

Owari to hajimari

Owari to hajimari

O espaço elaborado pelas páginas de seu mangá não seguem as técnicas de quadrinização ocidental e dos mangás como shônen e shôjo. Os quadros acompanham os movimentos que a própria narrativa exige, sem precisar se preocupar com qual quadro começará ou terminará a história daquela página, ou mesmo com o leitor

Kobayashi sempre expressou-se por tanto por meio da literatura quando do mangá. Quando perguntam qual seu trabalho principal sua resposta é que são igualmente importantes. Ouvindo um outro autor dizer: “são tópicos que escolhem como isso deve ser feito”, foram palavras que descreveram como Erika Kobayashi se sente.

“Tudo depende do tema que eu sinto. Isso é algo que eu preciso escrever um texto ou isso é algo que devo fazer em um quadrinho, e é uma decisão que vem naturalmente para mim.”

Às vezes, ficamos condicionados nas leituras de quadrinhos e mangás convencionais e esquecemos de olhar para as demais estantes, mas quando nos permitimos olhar para o outro lado, pode surgir algo que nos surpreenda, não apenas pela sua narrativa ou estética visual, mas pela sua arte.

 

* Mantive na língua inglesa por causa da explicação da palavra “soapland” que é um Japanglish. Criada a partir de duas palavras em inglês “soap” e “land” e faz parte da indústria de sexo no Japão, também conhecido Mizu shôbai.

**Escritor e dramaturgo japonês, cujo romances O templo do Pavilhão Dourado e As Cores Proibidas são obras conhecidas mundialmente, além das peças modernas do teatro Kabuki e Nô.

*** Prêmio Akutagawa é um prêmio literário japonês apresentados semestralmente.

Sobre Mochi

Atingiu o estado de Olhos Grandes nas ilhas do Oriente Silencioso.
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