A ideia da existência de um Multiverso na DC foi construída aos poucos.
Ao final da Era de Ouro houve um hiato nas publicações na maioria dos super-heróis; apenas Superman e Batman tiveram suas publicações mais ou menos ininterruptas. Na aurora da Era de Prata, com o surgimento do novo Flash, ficou estabelecido que Jay Garrick (aqui também conhecido como Joel Ciclone), o Flash da Era de Ouro, era um personagem de histórias em quadrinhos no qual Barry Allen, o Flash da Era de Prata, se inspirou. Se você boia nas Eras é só clicar aqui, jovem mancebo.
A primeira história que ocorreu num universo paralelo acontece em Wonder Woman #59, onde a Mulher-Maravilha encontra uma versão de si mesma viajando pelo espaço-tempo.
Em Flash #123 há uma história onde Jay Garrick e Barry Allen se encontram, estabelecendo que os heróis que conhecíamos da Era de Ouro estariam na Terra-2. Mais tarde, em Justice League of America #22, conjecturou-se o óbvio: se havia uma Terra-1 e uma Terra-2, consequentemente deveria haver uma Terra-3. Estava criado o Multiverso.
Era comum vermos histórias fora da cronologia estabelecida da Terra-1, simplesmente assumidas como se passassem em alguma outra Terra. Quando esses universos se juntavam era um grande evento e esses eventos eram chamados de crises. Mas se acompanhar a cronologia de um universo já é difícil para muitos leitores, imagine acompanhar a cronologia de vários!
Foi pensando em atrair novos leitores (leia-se ganhar mais dinheiro) que em 1985 houve a Crise nas Infinitas Terras, escrita por Marv Wolfman, onde a crise cósmica desencadeada pelo Anti-Monitor culmina com a fusão do Multiverso em apenas um, criando uma nova cronologia para a DC. Foi o primeiro reboot da editora. Detalhes no vídeo abaixo:
Mesmo assim o Multiverso era uma ideia muito querida, tanto para os leitores quanto para os roteiristas, que continuavam fazendo menções à sua existência. Prova disso eram as histórias dos Elseworlds, consistente com a ideia do Multiverso, que não mais existia.
Em 1999 foi introduzido o conceito de hipertempo na DC, onde ficou estabelecido que todas as histórias já publicadas de fato aconteceram em linhas temporais alternativas.
Mas foi apenas na saga Crise Infinita, escrita por Geoff Johns, que a existência do Multiverso voltou a ser “canônica”. Durante a saga personagens de outras Terras ressurgem, estabelecendo uma nova Terra-2, que volta a se fundir numa única nova Terra. Porém, durante a maxissérie 52, ficamos sabendo que existem 52 universos.
Na Crise Final, escrita por Grant Morrison, há uma certa ambiguidade: não se pode saber ao certo se há uma ou várias Terras, apenas uma menção de que há o surgimento do “Quinto Mundo” e a “harmonia do universo restaurada”.
Recentemente, alegando o mesmo motivo da Crise nas Infinitas Terras, com a saga Flashpoint tivemos o surgimento dos Novos 52 e depois do novo reboot, aos poucos, novas Terras foram surgindo.
Grant Morrison, fã confesso do Multiverso, tem um projeto para escrever histórias nesses universos paralelos da DC pelo menos desde 2009, mas parece que agora finalmente o negócio tem data pra sair: agosto desse ano. Os desenhistas são: Frank Quitely, velho parceiro de Morrison, Chris Sprouse,Karl Story e Cameron Stewart.
Aqui está uma página dupla de The Multiversity #1, por Ivan Reis e Joe Prado:
O Multiverso é um recurso narrativo poderoso na DC. Roteiristas têm liberdade para experimentar novos conceitos com personagens antigos: pode-se introduzir mudanças no passado, presente e futuro dos personagens sem ter que ficar alterando nenhuma “cronologia oficial” ou pensando em consequências; desenhistas podem fazer novos designs para uniformes já familiares.
E quem é leitor assíduo de quadrinhos e curte acompanhar a cronologia, há de concordar comigo que ler uma boa história tem um sabor a mais quando faz parte da “cronologia oficial”, mesmo que se passe num universo paralelo…
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