Achou que não teria mais uma mega CRISE na DC? Achou errado, DCnauta!
Depois da Crise Final de Grant Morrison (de 2008), da reorganização de Ponto de Ignição e dos Novos 52 (de 2011), o mesmo Grant Morrison desenhou um mapinha pra colocar as diversas Terras do DCU no lugar, na saga Multiverso (de 2014). Depois foi a vez de Geoff Johns tentar reformular as coisas com o O Relógio do Juizo Final e Renascimento (ambos de 2017). Daí juntaram Morrison, Scott Snyder, James Tynion IV e Joshua Williamson pra tocar o terror com Noites de Trevas: Metal (de 2017) e Death Metal (de 2020). Um intervalo rápido com Future State, apresentando versões futuras dos heróis (Yara Flor como Mulher-Maravilha, Tim Fox com Batman, Jonnathan Kent com Superman, etc), e finalmente a Fronteira Infinita, escrita por Joshua Williamson, que conecta os pontos entre todas as sagas citadas acima.

Future State e Fronteira Infinita são tentativas da DC Comics se reorganizar como editora depois da saída de Dan Didio, que foi editor chefe da empresa por quase 20 anos. A mudança repentina alimentou teorias da conspirção como a fusão da Marvel com a DC ou o fim da DC, entre outras ainda mais delirantes. Agora, passado algum tempo, começa a ficar claro que Didio não queria que as linhas editoriais da empresa fossem guiadas pela produção de filmes e séries de TV dos personagens (principal conflito entre ele e Geoff Johns). As más linguas dizem que a morte de Alfred (no run do Tom King como roteirista do Batman), foi uma tentativa de Didio impor sua visão. De todo modo, sem Didio, a DC passa a escrever seus quadrinhos mensais mirando nas futuras produções live action que elas podem gerar.
Mas uma saga como Fronteira Infinita, pode ser bastante estranha para novos leitores. A história é tão cheia de citações e aparições de personagens importantes de arcos históricos da editora, que fica difícil acompanhar. Quem não conhece a relação entre Barry Allen e o Pirata Psíquico (que foi estabelecida em 1985 na saga Crise das Infinitas Terras), fica “boiando”. Quem nunca leu Multiverso não tem a referência dos heróis e vilões das várias Terras numeradas que aparecem no meio da trama, ou da Liga da Justiça Encarnada que é essencial na história. Sem cohecer o Renascimento e O Relógio do Juizo Final, é meio aleatório o papel central de Alan Scott e seus filhos (Jade e Obsidian) na nova saga. E ainda tem a Tropa dos Lanternas Negros da saga A Noite Mais Escura pra complicar!
Mesmo confusa para quem chegou agora, a saga coloca em destaque os personagens que estão nos filmes e séries atuais e nas futuras produções, como Esquadrão Suicida, Adão Negro, Stargirl, Titãs, Calvin Ellis (o Superman negro, presidente dos EUA, da Liga da Justiça Encarnada), entre outros. E como consequência já estão sendo publicados e anunciados novos títulos como Superman e Authority (de Grant Morrison, arte de Mikel Janin), a Liga da Justiça Encarnada (do próprio Joshua Williamson, com desenhos do brasileiro Andrei Bressan), Supergirl, Woman of Tomorrow (de Tom King, com desenhos da brasileira Bilquis Eveli), Teen Titans Academy (do Tim Sheridan, arte do Rafa Sandoval), entre outros ainda não anunciados.

Por aqui a Panini ainda está publicando a série Death Metal, cujo desfecho é essencial para Fronteira Infinita. Os títulos do Future State e essa nova CRISE da DC devem chegar por aqui até o final do ano. Em outras CRISES a DC optou por contar uma história onde o caos cada vez mais agudo chega a um ponto crítico, e a ação dos heróis reestabelece a ordem. Dessa vez esse mergulho no caos e a restauração da ordem acontecem em Death Metal. Sem dar spoilers, posso dizer que Fronteira Infinta começa, portanto, com o equilibrio já reestabelecido e com todos os personagens conscientes dessa reorganização. O que move a história é a busca por um ponto de desequilibrio, que ameaça a nova organização desse multiverso.

O que mais uma CRISE significa para o futuro da DC? Como os desdobramentos dessa saga vão dialogar com as produções para o cinema e as séries? Se nada der certo teremos mais reboots e reformulações? Essas perguntas sempre voltam a cada mega saga, mas precisamos entender que quadrinhos de super-heróis, nos moldes da Marvel e da DC Comics, passam por constante reescrita e atualização. Essa característica, de mudança perpétua e eterno retorno às origens, também migrou para as adaptações dessas narrativas para outras mídias.
As únicas certeza que temos é que velhos leitores terão sua nostalgia alimentada com todas as referências e homenagens que aparecem na história e novos leitores serão estimulados a mergulhar mais fundo e procurar as histórias que trouxeram os super-heróis até aqui. Ah, sim, os ressentidos vão chorar e gritar que estão tirando a alma dos seus heróis de infância, que quem lacra não lucra e que no tempo deles era melhor, etc. Diante de uma CRISE qualquer, só temos duas opções – chorar e não aceitar ou aprender e crescer. Fica o convite!
Ou não comprar vide “Os Novos 52”. Deu tanto prejuízo que tiveram de matar o Superman (envenenado com Kriptonita 🤢) pra buscar o Superman anterior 🙄. Valeu DC!