O que eu aprendi nesses 6 anos de Quadrinheiros

No aniversário do blog os Quadrinheiros refletem sobre sua produção ao longo dos anos!

 

 

 

 

Picareta Psíquico

No dia 23 de maio de 2012 publicamos nosso primeiro texto, depois de mais de um ano de conversas de bar sobre quadrinhos e cultura pop em geral. De lá pra cá publicamos mais de 600 posts, mantendo uma regularidade de dois conteúdos por semana (na maior parte do tempo…).

Apesar da nossa produção em vídeo ter sido  uma escola de gravação, edição, iluminação e som (é só você assistir ao primeiro vídeo do canal e um dos últimos pra entender a diferença), o aprendizado mais importante foi a escrita. Nos organizamos para que todos os textos passassem por uma segunda opinião, um de nós que faria o papel de editor, para garantir uma qualidade mínima na produção.

O exercício de buscar um tema, pesquisar, achar um “ângulo” para o texto, construir a sequência de parágrafos de modo a fazer o leitor seguir adiante, bolar um fechamento que dê a volta e arremate o texto tem sido extremamente gratificante. De um lado porque a repetição desse exercício vai lapidando nossa capacidade de dizer, de explicar ideias que às vezes parecem difíceis até de verbalizar. De outro, a autoconfiança que cresce quando seu texto é elogiado, comentado, curtido. E ainda a “obrigação” de continuar a ler quadrinhos. O melhor dos mundos! Vida longa aos Quadrinheiros!

 

Nerdbully

Fizemos muita coisa nesses anos. Vídeos, posts, livros, palestras e cursos. Cada uma delas sempre aliando paixão e rigor. Nem sempre fifty fifty. Aprendi muita coisa.

Aprendi que a escrita é uma produção solitária, mas a leitura passa por um outro que deve ser respeitado. Que não adianta escrever algo que não será lido, comunicado de alguma forma (do contrário as ideias podem ficar simplesmente dentro da sua cabeça). Que não se possui nenhuma ideia, que não se “tem” nenhuma ideia, mas que elas passam por nós, o que se faz é dar uma voz própria a elas. Que ser digno de uma ideia é dar essa voz. Que o refinamento dessa voz é sempre um trabalho coletivo. Que deve-se escolher o meio mais apropriado para comunicar uma ideia. Que as ideias têm poder e potência. Que elas sempre encontrarão outros dignos e outros não. Que só é digno de uma ideia quem a comunica.

Após ver uma de nossas palestras, sempre feitas de maneira coletiva, um amigo disse que a sensação que teve foi a mesma de quando viu uma dança sufi, que estávamos em harmonia ao mesmo tempo que não invadíamos o espaço do outro. Acho que não há imagem melhor que traduza o nosso trabalho. Só posso ser grato por fazer parte de algo tão potente.

John Holland

Não fiz parte dos Quadrinheiros desde o início. Isso me deu a vantagem de ter acompanhado o blog como espectador e como produtor.

O curso da Vertigo foi um divisor de águas em minha percepção sobre quadrinhos. A cada sábado assistia à dissecação de duas obras e observava interpretações nunca vistas em outras produções sobre HQ e por mim – que não possuía tanta bagagem histórica e filosófica quanto meus professores. Aprendi sobre diversos assuntos, mas a pesquisa e a forma de passar a informação ao público fez o blog tornar-se a principal fonte de inspiração dos meus trabalhos, tanto nos estudos, quanto em produções de escrita e criação de vídeos.

Nos Quadrinheiros descobri que a escrita não é um exercício simples, exige muita prática para ser aperfeiçoada, porém é gratificante melhorar essa potente forma de expressar ideias. Os textos são utilizados para discutir diversos assuntos e o aprendizado com a pesquisa agrega em tudo. Ver o texto depois de publicado, coerente e tendo algo que você se orgulha de dizer é altamente satisfatório. Cada produção tanto de texto quanto de vídeo executado em cooperação torna o trabalho ainda mais rico e importante dentro dos Quadrinheiros.

Imagem de divulgação do curso ofertado em 2015

Mochi

Começo com um sorriso, simplesmente por lembrar do convite que recebi para participar dos Quadrinheiros. Fiquei muito feliz, mas ao mesmo tempo senti uma responsabilidade muito grande para falar sobre mangá. Considero uma aventura de escrita e troca de conhecimento daquilo que temos em comum, os quadrinhos.

Não faz muito tempo que fui convidada, mas confesso que aprendi muito durante este tempo aqui. Meu horizonte sobre quadrinhos se expandiu e ultrapassou as fronteiras entre oriente e ocidente. São textos com conhecimentos vastos que contribuem para mim como leitora, mas também como pesquisadora.

É aqui também que meu desafio como pesquisadora entra de cabeça, pois nunca estudei e escrevi tanto sobre mangá. Não é fácil, eu confesso! Mas é delicioso falar sobre aquilo que gostamos e para quem gosta. Claro, damos nosso deslizes, achamos que faltou algo, que poderia ter sido escrito diferente etc., porém aprendemos a lidar com essas frustrações antes, durante e depois da escrita, nos conduzindo sempre para uma melhora. São momentos comuns encontrados nas pessoas comuns, mas no diferencial de ser um lugar maravilhoso, que me encanta fazer parte do universo das histórias em quadrinhos contemplado pelos Quadrinheiros!

Velho Quadrinheiro

Isso é uma pergunta difícil. Qualquer item vai parecer pretensioso ou leviano, afinal, uma das coisas que se aprende é que o aprendido passa a ser tão naturalizado que você esquece quando aprendeu qualquer coisa (menos essa informação). Por outro lado, tem aquilo que eu queria ter aprendido e ainda tento aprender nos Quadrinheiros: escrever bem.

Subjetividade à parte, comunicação é habilidade de poucos e o povo da casa tem um talento notável pra isso. Além da redação, em especial, mostram o que têm de melhor nas interações ao vivo ou  vídeo – coisa do qual tenho pavor. Aí sobra escrever.

O espaço dos Quadrinheiros é um laboratório singular para tentativa e erro, algo que uma agenda apertada, orçamento fechado ou meta pra cumprir jamais ia tolerar. De tropeço em tropeço cruzamos limites que não vejo nenhum jornal alcançar, agilidade que nenhuma dissertação ou tese jamais sonha, nem formato que Lattes ou Jabuti consigam classificar em alguma categoria.

Que se lasquem!Este espaço é mais legal.

Algo como um cruzamento do fanzine dos anos 80 com algum delírio do William Gibson tornado realidade, habitar este espaço, de forma tão duradoura, ao lado de gente talentosa ávida por edificar e não só debater, este talvez seja um dos maiores aprendizados. Ainda estou aprendendo.

Sobre Picareta Psíquico

Uma ideia na cabeça e uma história em quadrinhos na mão.
Esse post foi publicado em John Holland, Mochi, Nerdbully, Picareta Psíquico, Velho Quadrinheiro e marcado , , . Guardar link permanente.

2 respostas para O que eu aprendi nesses 6 anos de Quadrinheiros

  1. Yuri Cordeiro disse:

    Excelente texto! E parabéns pelos 6 anos!

    Acompanho o Quadrinheiros ha pouco mais de 3 anos e apesar de zero comentários, sempre leio as matérias. Foi daqui que surgiu minha vontade de não só ter e ler quadrinhos, mas de entender melhor o universo e detalhes técnicos.

    Em paralelo a isto, desde 2013 tenho um blog pessoal e tenho exatos 34 textos. Então, sinceros parabéns também pela continuidade e compromisso com os leitores!

    Sucesso sempre! 😀

Comente!

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s