5 conselhos para você não se tornar um velho nerd chato

mr-burns-laughing-lightningDiz o senso comum que se conselho fosse bom não era dado de graça. Mas os mestres do zen-nerdismo me ensinaram que isso não é necessariamente verdade e não é o caso aqui. Na verdade são sugestões  para você não se tornar um nerd mala com o passar do tempo, porque, com sorte, vamos todos envelhecer.

Então gostaria de compartilhar com vocês leitores, especialmente entre aqueles mais experientes, cinco recomendações para não se tornar um velho nerd chato. Não é fácil. Devo dizer que é um exercício diário, que é colocado à prova constantemente, mas vale a pena.

E por que cinco?

1088892-invisibles

O número 5 representa o homem diante do Multiverso ou diante de Deus na tradição judaico-cristã. Também representa o movimento, a transformação. Se você está parado, então só há duas hipóteses: ou você está estagnado ou chegou à perfeição. E vamos convir: a segunda opção não é muito provável. Então seguem cinco conselhos para você não ficar parado no tempo.

De um nerd velho que tenta não virar um mala para outros que, espero, não se tornem.

1. Leia sempre coisas novas e procure encontrar o que há de bom nelas

Entre em contato com as novas produções de séries, filmes, quadrinhos etc. Ao invés de comparar com as coisas “da sua época” tente ver o que elas têm de interessante, de legal, de novo.

12

2. Não torça o nariz para reboots, remakes e mudanças em novos personagens

Essa aqui é um pouco mais difícil, eu admito. Todo mundo começou a acompanhar algum personagem ou franquia em algum momento e quando há alguma mudança a primeira reação é “Meu Deus, estão acabando com [insira o quadrinho/filme/série que você quiser aqui] ! Estão destruindo a essência de [insira novamente o quadrinho/filme/série que você quiser aqui! Já discuti isso em detalhes nesse post.

O Superman dos Novos 52 não é melhor nem pior que o Superman pré-Crise e ele não é pior nem melhor que o da Era de Ouro. A série clássica de Star Trek era muito legal, mas, se não fosse o filme do J. J. Abrams, seu filho talvez não curtisse tanto a Enterprise e por aí vai. Você pode aproveitar a novidade ou ficar dentro de seu museu. A escolha é sua.

Adv-Superman_BOG_cover2fin

3. Converse com gente jovem e veja do que estão gostando, sem julgar

Você curte quadrinhos? Pergunte para uma criança de 8, 12 anos ou aos adolescentes de 16, 18 que curtem quadrinhos o que estão lendo e gostando. Leia também, conheça, procure entender o motivo de acharem determinado quadrinho (ou série, ou filme, ou livro) tão legal. Tente não julgar. Olha, sei que é difícil no meio dos Crespúsculos da vida, mas… ninguém aqui disse que seria fácil.

newsstandboys

4.Releia quadrinhos, veja novamente séries e filmes antigos que você gostava

E descubra que, talvez, eles não eram tão bons assim quanto você pensava. Esse é um exercício curioso que faço periodicamente. Às vezes consigo sentir exatamente a mesma empolgação quando li da primeira vez, outras não. Muitas vezes descubro que histórias que eu achava excelentes, no final das contas, não eram tudo isso. Isso ajuda você a não acreditar que tudo na sua época era melhor. Talvez algumas coisas até fossem, mas certamente não tudo.

Quando era moleque achava foda pra caralho, hoje acho apenas... nhé.

Quando era moleque achava foda pra caralho, hoje acho apenas… nhé.

5. Não caia no discurso “na minha época era melhor”

Sua época era melhor? Sim, mas porque era sua. Em roteiro e na vida existe a lei dos retornos diminutivos. O nome varia, mas a ideia é mesma: a primeira vez que você experimentar algo vai ter a sensação mais incrível possível e vai querer repetir aquilo… quando você repetir, a sensação não vai ser a mesma, ela será menor e assim por diante. Você sempre vai tentar encontrar a sensação da primeira vez e nunca vai conseguir. Exemplo em filmes: lembra de Missão Impossível 2? A primeira vez que você é apresentado à possibilidade dos agentes mudarem totalmente sua aparência você é surpreendido… mas o recurso é usado tantas vezes no filme que, no final, invés de ser surpreendido, você fica esperando para ver quando vai acontecer novamente.

O professor Clóvis de Barros Filho explica essa mesma ideia, aplicada à vida no vídeo abaixo:

Você já leu inúmeros quadrinhos livros, assistiu mais filmes e séries que toda essa molecada. É difícil agradar você. A época de se empolgar imensamente com qualquer coisa já passou, não que não seja possível empolgar-se, mas isso, pela lei dos retornos, se tornou mais difícil. Para os mais jovens não, eles estão na fase de achar que tudo é bom pra caralho, foda mesmo, porque são as primeiras vezes deles, e não a sua. Respeite o momento da nova geração.

Resumindo: envelhecer, todos vamos. Transformar-se num chato e achar que tudo que é novo é ruim, é opcional. Você pode se fechar no seu “museu do passado mítico” e achar que tudo era melhor na sua época ou tentar desfrutar o sabor da novidade com os mais jovens. A escolha é sua.

Nota: sei que a leitura dinâmica que fazemos na internet muitas vezes não nos permite pensar sobre algo que lemos por mais de um segundo, portanto: do mesmo modo que tudo o que foi produzido no passado não era necessariamente bom, igualmente tudo o que está sendo produzido agora também não é. Existem coisas boas e ruins em todas as épocas. O que estou dizendo é “dê uma chance ao novo”, e não “acate o novo sem restrições”. Há um abismo entre uma coisa e outra. Como resumiu o Giulianno nos comentários: “mente aberta e senso crítico”.

BatBurns_Shadow_01093015

 

 

 

Sobre Nerdbully

AKA Bruno Andreotti; Historiador e Mestre do Zen Nerdismo
Esse post foi publicado em Nerdbully e marcado , , , , , , , . Guardar link permanente.

20 respostas para 5 conselhos para você não se tornar um velho nerd chato

  1. Stefano disse:

    1 – procuro sempre ler coisas novas… independente de ser HQ e mangá! É bom ampliar os horizontes!
    2 – torço o nariz se realmente o reboot for ruim !
    3 – Faço isso !! procuro entender a galera + nova ! Não vou cometer os pecadilhos das pessoas mais velhas que eu ! Até conversei de anime !! até citei animes desconhecidos pra elas! (tipo..Yamato e Zillion!)
    4 – cheguei a rever alguns para perceber algum detalhe legal ou não! cheguei a rever Yamato…
    há 2 anos… eu tinha visto na Manchete (era guri e não saquei muito)
    5- algumas coisas da “minha geração” eram “melhores”… mas “invejo” a tecnologia que essa geração atual desfruta… Nada é 100%

    e por falar no envelhecer e no medo deste fato, me lembrei imediatamente do personagem de David Bowie no filme “The Hunger”… (fiquei “agoniado” ao vê-lo “virar múmia”)

  2. layzacalado disse:

    Haha vou tentar seguir as dicas. Mas talvez eu já seja uma velha nerd chata kkkk

    focaliteraria.wordpress.com

  3. Marcio disse:

    Estava indo razoavelmente, achei o discurso correto, porém impregnado de espírito liberal DEMAIS,tipo os políticos liberais que defendem TUDO pq “são liberais” !Mas na hora em que usou CREPÚSCULO como exemplo de coisa ruim, perdeu TODA a credibilidade! Eu li toda a saga duas vezes e ela traz MUITO de novo para o mito do vampiro!Tem inúmeras qualidades! Vc NÃO aplicou seu próprio conselho! Se tentou ler (não assistir ) e não achou bom,nem razoável, a ponto de usar como “referência ruim” ,vc está ficando VELHO E CHATO! 😊

    • Nerdbully disse:

      Caro Marcio, acho que vc não entendeu exatamente o que eu quero dizer com o texto, mas não tem problema, posso explicitar: o texto é para aqueles que pensam que TUDO na sua época era melhor, ou pelo menos quase tudo. Existem coisas boas e coisas ruins em qualquer época, esse é o ponto. O problema é cair no discurso “na minha época era melhor”. Coisas boas e coisas ruins são produzidas em todas as épocas. Se tudo o que era produzido no passado não era bom, nem tudo o que é produzido agora é igualmente bom. Em nenhum momento eu disse que, para não virar um velho chato, é preciso gostar de tudo. Para tornar óbvio: 1. nem tudo “na minha época” era bom. 2. nem tudo o que é novo é bom. 3. Você não é obrigado a achar tudo bom, se dissesse isso seria um tanto autoritário de minha parte. Parabéns para você que curtiu Crepúsculo! Sério mesmo, não posso ter nada além de respeito por alguém que leu a saga duas vezes. Uma paciência digna dos melhores mestres do zen-nerdismo!

      • Marcio disse:

        Não foi paciência, pois isso implicaria sofrimento ou esforço, foi prazer mesmo! Eu adoro a obra e leio por voracidade, a paciência não é necessária nesse caso! Como disse, vc tá agindo do jeito que aconselhou a não agirmos! Se dissesse que não gosta, como a maioria dos meus amigos, ok! Mas vc está deixando implícito que não é questão de gostar ou não,mas de que a obra é RUIM MESMO! E quem “consegue ” gostar é digno de respeito por tamanha façanha,merecendo ate ser parabenizado!!!
        Está dando a entender que que vc não gosta pq é ruim, que o defeito está na obra! Não seria o caso de dizer que não curtiu pq não vai de encontro ao que vc gosta, não atende seus critérios de avaliação?
        E fazer discurso CONDESCENTE(sim sua resposta foi extremamente condescendente) , e não diga que não foi, que só vai piorar, é mal hein? Essa é a forma de um intelectual chamar alguém “bobinho” !😊
        Minha intensão não é duelar, nem ofender, espero não estar passando tal impressão, mas não podia deixar de observar essas coisas!

      • Nerdbully disse:

        Mas não estou entendendo, Marcio… vc está cobrando que eu goste de Crepúsculo? Eu ajo como digo para não agirem? Explicitando (de novo): eu disse “dê uma chance ao novo” e não “acate o novo sem restrições”. Há uma grande diferença entre uma postura e outra.

        Essa questão do gosto na obra de arte é realmente complicada. A obra de arte é bela/feia/ruim/boa em si ou é para mim? Não há um consenso sobre isso nem nos filósofos que estudam estética, não sou eu quem vou dar uma resposta. Mas, para que você não fique com a impressão de eu acho que Crepúsculo é ruim em si, vou deixar um trecho de um texto meu, de outro post, com o link:

        “Penso que ao final de uma história o único critério que temos para julgá-la é perguntar A história foi boa? Eu gostei? Isso é extremamente subjetivo”. Post completo aqui.

        Novamente parabéns pelas leituras de Crepúsculo!

  4. Não dá é pra torcer o nariz pra pérolas como Yamato 2199… Pô, é foda demais. Aliás, acabou de sair o filme. Eu vejo o lado bom em tudo. Sou eclético. E gosto de Crepúsculo inclusive. Não acho ruim gostar de Crepúsculo porque tem pessoas 30 anos mais novas que eu que “acham lindo”. ¬¬ Mas, no meu tempo… A Xuxa era MAIS BONITA! Ou alguém discorda??? Hahahaha! 😀

  5. Giulianno Liberalli disse:

    Gostei muito da matéria, realmente me esforço para não ficar um velho nerd chato porque sou da geração anos 70, veja só a complicação, procuro acompanhar ao máximo dentro das minhas possibilidades as novidades dos quadrinhos, as reformulações e as atualizações. Porém comparações, muitas vezes, são inevitáveis e tem muita coisa que realmente prefiro no nível clássico. Curti muito as versões Novos 52 de Flash, Aquaman e Lanterna Verde. Monstro do Pântano é um exemplo, sou fã xiita da saga de Alan Moore e também gostei da versão Novos 52 (agradeço a Panini por ter prosseguido com os encadernados). O segredo é ter mente aberta para tudo e senso crítico para aceitar as mudanças. E também gosto de analisar e escrever sobre quadrinhos, venho colaborando no blog Planeta Marvel/DC, aproveito para deixar um link sobre o Aquaman que escrevi recentemente, um dos meus personagens favoritos que ficou muito legal nos Novos 52, espero que gostem. Abraços! http://planetamarveldc.blogspot.com.br/2015/06/colaboradores-do-planeta-aquaman-nao-e.html

  6. Jeferson Wruck disse:

    Bom dia,

    Estou desenvolvendo pesquisas acadêmicas sobre o imaginário do herói na sociedade brasileira, com foco no impacto dos comics no séc xx.

    Solicito a contribuição de vocês para responderem esse breve questionário hospedado no link abaixo. Suas respostas serão de grande ajuda!

    Grato.

    https://docs.google.com/forms/d/1W89f5bcE2iJQe5sbdlul-nvj4ldjTxLQLoJg7bmgMUU/viewform?usp=send_form

  7. Pingback: Ortodoxia e Quadrinhos – uma crítica à ditadura que te habita | Quadrinheiros

  8. Pingback: Star Wars virou modinha ou você que é chato? | Quadrinheiros

  9. Pingback: Os 10 posts que mais bombaram em 2015 e mais! Retrospectiva Quadrinheira! | Quadrinheiros

  10. Lobo Invernal disse:

    Sempre pensei muito sobre isso em vários aspectos da vida, principalmente quando ouvindo Teatros dos Vampiros da Legião Urbana, Renato Russo cantou: “A primeira vez é sempre a última chance”. Sempre interpretei da seguinte forma: É preciso estar aberto a busca compreensão, interagir com aquilo que possa gerar algum tipo de satisfação por que a tendência é que no dia seguinte isso já não mais ocorra por não sermos mais o mesmos. É preciso, então, absolver o máximo possível da alegria que se está sentindo, deixar-se em envolver – quando se tem consciência que é realmente benéfico para si e para os outros- em determinados momentos. É algo assim que penso, ainda conseguirei uma linearidade melhor de pensamento =)

  11. Pingback: Quadrinhos e a nostalgia da infância | Quadrinheiros

  12. Pingback: O que esperar de The Button e Ressurrxion? | Quadrinheiros

  13. Pingback: 5 adaptações “infantis” que você adora(va) – ou não | Quadrinheiros

Comente!

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s