Por que não existem heróis brasileiros nos quadrinhos?
Ou
Por que o Brasil não tem heróis??
Ok, talvez estas não sejam bem as melhores perguntas. Temos, sim, muitos heróis de quadrinhos criados no Brasil. Existe uma fauna heroica grande o bastante para rechear um crossover ao estilo de Guerras Secretas ou Crise nas Infinitas Terras.
(Além do trabalho do Roberto Guedes, se você quiser saber mais, vale a pena conhecer o trabalho do Lancelott Martins)
Porém, se você for mais cético e interessado no assunto, a verdadeira pergunta que pode ter feito é:
“Uma vez que gostamos tanto de Batman ou Homem-Aranha, por que não existem heróis brasileiros tão famosos como os americanos?”
Ou então,
“Por que não apreciamos os heróis brasileiros tanto quanto os heróis americanos, sobretudo da Marvel e DC?”
Com razão, boa parte dos autores nacionais vão ser unânimes em afirmar, é impossível enfrentar a estrutura de produção e marketing das grandes editoras, como a Marvel e a DC. São décadas de produção, com heróis que já ultrapassaram a condição de personagens de histórias e se tornaram símbolos nacionais. Até mais, alguns chegam a ser vistos como arquétipos universais, resultado direto de uma atenta, sofisticada e lucrativa indústria de entretenimento estrangeira.
Ou seja, existe uma explicação objetiva e estrutural, histórica e materialmente determinada, que favorece os heróis de quadrinhos nascidos nos Estados Unidos em comparação aos heróis nacionais.
Certo?
Talvez. Mas essa explicação nunca me satisfez.
Tão velho quanto panela de vó e chinelo de dedo, comparar Estados Unidos e Brasil é um antigo hábito nacional. O senso comum tende a explicar o sucesso colonial americano ao protestantismo progressista, que fixava os imigrantes anglo-saxãos na América do Norte a partir do século XVI, o que forjou homens empreendedores e ávidos por liberdade.
De outro lado, ensinam os “sábios de rua” que o retrocesso brasileiro se deve ao catolicismo retrógrado, que alimentou uma moral predatória entre os colonos, criando vícios que perduram imutáveis até hoje, como o clientelismo ou o coronelismo.
Mesmo simplista, a comparação é válida. Não porque ela é livre de equívocos (e de fato não é, pois alimenta visões distorcidas tanto das colônias anglo-americanas como das íbero-americanas, igualmente heterogêneas, além de atribuir valor “positivo” aos Estados Unidos e “negativo” ao Brasil de forma generalizante). A comparação é válida porque ela estabelece contrastes que acentuam as diferenças das identidades nacionais dos dois países.
São as diferenças dessas identidades, evidenciadas pelas narrativas dos seus próprios personagens, que explicam o porquê do “sucesso” dos heróis americanos e o “obscurantismo” dos heróis brasileiros. A origem da ideia não é minha, mas do antropólogo Roberto DaMatta, em uma das suas obras mais ricas, Carnavais, Malandros e Heróis – indispensável a qualquer um que queira entender o que faz o Brasil ser Brasil.
Ensina a antropologia, cada sociedade engendra seu próprio sistema de narrativas, histórias que quando contadas, estabelecem as regras que organizam e dão sentido à vivência no interior de uma comunidade, que se distingue de outra com a variação destes itens. Cada história exige seu ritual. Cada ritual tem seu altar. Cada altar tem seu panteão de heróis.
Esclarece Da Matta, as narrativas brasileiras e seus rituais correspondentes evidenciam uma sociedade altamente estratificada, rigidamente hierarquizada e socialmente demarcada. Para demonstrar isso, basta ficar atento às celebrações nacionais mais distintas: a Semana Santa (ou as festas religiosas), a Semana da Pátria (ou os desfiles cívicos) e o Carnaval (ou as festas de rua).
Parafraseando o autor, cada uma das festas brasileiras, revela uma face da identidade brasileira, de modo não-excludente e complementar, evidenciando as marcações sociais de hierarquia e poder. Cada um dos rituais, quais sejam, a procissão, o desfile e o carnaval de rua, guardam uma relação direta com a concepção de tempo (ou temporalidade) que eles objetivam celebrar.
A procissão religiosa, em especial a da Semana Santa, cujo ritmo segue a cadência do passo lento e do refrão do cântico lacrimoso, relembra e dá sentido ao tempo imemorial, do passado ancestral nebuloso e sagrado. Celebra-se a Igreja, a instituição que sacramenta relações e valores. Os heróis do ritual são as imagens da fé Cristã, levados pelo povo, notadamente o negro e mais pobre, em pesadas liteiras dispostas como altares móveis, pelas ruas da cidade.
O desfile da Semana da Pátria, ou de qualquer data cívica, relembra e dá sentido ao tempo cronológico dos processos de “evolução” política e burguesa do Brasil. De um território colonial, passamos à independência. Da monarquia, passamos à república. Caminha-se em direção à ordem liberal e ao progresso material. No desfile da avenida, celebram-se as Forças Armadas, os símbolos constitucionais.
Os heróis deste ritual são os caídos e vitoriosos das batalhas datadas. Os símbolos e estandartes são carregados numa rígida ordenação, interna e externa, com os oficiais à frente e praças atrás, em fila, em marcha cadenciada, uniformizados e corporificados num ritual diurno. De um lado da avenida, falam, um por vez, as autoridades políticas e jurídicas, separadas por porções de poder que detém. Estas recebem as continências prestadas pelos soldados. Do lado oposto, o povo, simbolicamente representado, que assiste em silêncio e dá assistência à organização do desfile.
O Carnaval, ou as festas de rua, relembra e dá sentido aos temas transcendentais, categorias abrangentes como o pecado, a morte, a salvação, o sexo e seu abuso ou contenção. A temporalidade celebrada no carnaval é justamente o seu oposto, a atemporalidade. Invés de uma cadência linear e acessível, o ritmo do passo é o aleatório, o som é o de todas as vozes, o compasso aceleradamente caótico.
Uma trapalhada, uma confusão, uma bagunça onde autoridades e povo invertem suas posições usando fantasias que imitam de modo oposto suas posições cotidianas. O pobre vestido como rei, o rico vestido como vagabundo, distinguindo como um vê o outro, marcando suas diferenças. Uma suspensão das rotinas e das regras cotidianas, ao carnaval é reservado a celebração do ridículo e da palhaçada, zona limítrofe dos medos e proibições de toda comunidade numa festa noturna onde as identidades são tacitamente protegidas e preservadas a partir da Quarta-feira de Cinzas.
Ora, cada ritual, cada festa nacional brasileira possui seus próprios heróis, pólos que se complementam sem necessariamente se anular. Como diz DaMatta, o herói do desfile (do “ficar em fila”) é o “Caxias”, alusão ao Patrono do Exército Brasileiro, leal observador dos regramentos tanto da ordem militar quanto da ordem constitucional do país, que se quer dimensão aglutinadora dominante da identidade nacional.
Diferente dos Estados Unidos, onde um herói cívico seria pouco diferente de um fazendeiro, um advogado ou um trabalhador assalariado, um herói cívico brasileiro necessariamente traria os emblemas de sua função social, seja ele um militar, um juiz ou político, uma farda, uma toga, uma faixa.
Por outro lado, poucos tipos sociais parecem combinar tanto com as definições de herói de quadrinhos como o, digamos, rufião carnavalesco. Afinal, trata-se de um sujeito que coloca uma fantasia colorida e inverte a ordem estabelecida, trazendo justiça social, mesmo que por um momento breve. Se não é um dos personagens mais celebrados no carnaval, este é um dos modelos mais permanentes de herói à brasileira, sua majestade, o malandro.
É o talento inato dele, que nada tem a ver com os poderes estabelecidos, que realiza aquilo que ninguém mais pode, atos de pequenas proezas, breves inversões que se não resolvem todos os problemas cotidianos, ao menos atenuam a esmagadora crueldade da hierarquia social. É o verdadeiro herói do “jeitinho brasileiro”, tão criticado quanto discretamente celebrado – quando tem sucesso. Ao compararmos com os personagens americanos é interessante notar como tipos assim pertencem mais ao campo da vilania do que do heroísmo.
O herói da procissão, como nomeia Da Matta, é o renunciador. É aquele que já vestiu as cores da farda ou da toga, que conhece as regras da institucionalidade dos poderes estabelecidos e neles só viu uma moralidade oca. O ideal almejado por estes é um porvir, um “millennium” que aguarda por detrás de montes materiais ou imateriais. Antônio Conselheiro, o cangaceiro Lampião ou Padre Cícero são modelos exemplares, sujeitos cuja conduta e modos de vida inspiraram muitos e lhes ofereceram esperança, mesmo que ocupem o status de bandidos sociais.
Dos três heróis engendrados nos rituais brasileiros, talvez o que seja mais difícil de contrapor com os heróis de quadrinhos americanos seja este último. O renunciador é, por sua própria caracterização, um homem de fé, no caso brasileiro, indistintamente cristã. Ele rejeita as normatizações convencionais da sociedade de que é oriundo, resultado de um sincero – e cético – desapontamento.
É curioso: enquanto as ideologias cívicas são forjadas em academias militares e faculdades de Direito, enquanto as virtudes carnavalescas sejam excitadas por sentimentos de antagonismo ou até mesmo revanchismo social presente nas ruas, as crenças renunciadoras são sedimentadas por ambos, sem recair nem para um nem para outro, mas manifesta como “solução” da tensão que conjura a saída para algum “outro lugar”, um “para frente” necessariamente indistinto, maleável ao sabor do clima político-ideológico do presente que for.
Na tentativa de explicar porque os heróis brasileiros não “pegam” da mesma forma que os americanos, o que transparece de forma sutil é uma espécie de contraposição entre tendências “tradicionais” e “modernas”. No Brasil, a despeito das intenções formais do Estado ou então das explosões catárticas carnavalescas, ou da renúncia milenarista das procissões, o que prevalece é uma expectativa de alcançar um estágio de modernidade liberal igualitária – que até mesmo os Estados Unidos têm problemas para sustentar – e a resistência em se desvencilhar de expedientes normativos tradicionais arcaicos, talvez porque muitos deles tenham se revestido de laços afetivos.
Contrastes como os apontados aqui precisam ser melhor reconhecidos e examinados, o que leva décadas para ser bem feito. Este é só um começo.
PS – Um agradecimento especial à Dani Marino e ao pessoal que esteve na Gibiteca de Santos no último dia 06/11/2016. Este post derivado do nosso papo daquele dia! Abração!
Cara, eu tenho que te dar os mais sinceros parabéns pelo texto! Eu estudo ciências sociais na UFS e sou viciadíssimo nos quadrinhos dos X-Men. Já li praticamente todos desde 1964 e estou começando o ano de 2003, mas conheço praticamente nada dos quadrinhos brasileiros! O sentimento de felicidade quando vi dois heróis brasileiros no X-Men, um chegando até ao status de Vingador, foi enorme, justamente pela falta de referências nacionais dos quadrinhos lá fora. De qualquer forma, amei sua análise e pretendo acompanhar o blog!
Cigano, boa parte dos papos que a gente posta aqui nasceram nos tempos da graduação!
Tomara que a leitura aqui te ajude nesses papos!
Não deixe de trazer suas ideias pra cá também, blz?
Abs.
Texto excessivamente rebuscado e aprofundado, para algo que entendo como simplista. Heróis talvez simplesmente não caibam na produção cultural do Brasil, por serem cópias de algo que se origina de um país que se sente o centro do mundo e até é respeitado como tal, ao menos nas Américas, afinal, qual a capital do mundo? Não temos uma identidade própria como o texto abordou, mas acrescento que pelo fato de termos alguns fãs, isto gera uma ‘produção nacional’, que prefiro chamar de esforço inútil em copiar algo que deveria ser abandonado e direcionado para outro lado. Ou seja, talvez o assunto devesse gerar em um post mais polêmico: “Por que não devemos escrever sobre super heróis nacionais”.
É uma busca que tenho com um amigo desde pequeno, deixar de ser fã de cuecão e fazer algo mais alternativo. Como uma recente revista brasileira que até vendeu seus direitos para filme, onde um cara combate os políticos brasileiros. Mas na boa, não há contextualização para super heróis, o Brasil não é o centro do mundo, nada aconteceria aqui e quando acontece em proporções mundiais é no Rio. Os grandes quadrinhos nacionais são Zé Carioca e Chico Bento, estereótipos do povo brasileiro, ou mesmo a Mônica, contextualizada na maioria da infância do brasileiro. Não há lugar para se sentir o centro do mundo, mas há lugar para boas histórias contadas por outros pontos de vista, ou seja, fugir de super-heróis talvez fosse a solução para que os investidores deste mercado acreditassem mais nisso. Talvez agora pela fama da Marvel nos cinemas eles até se arrisquem mais, mas serão tudo cópias.
Neste ponto o texto é ótimo para buscar uma identidade nacional, mas porque aplicá-las em histórias de super-heróis? Acho que a primeira premissa disso é exatamente fugir deste estereótipo, aprender a contar histórias que não envolvam um bombadão usando cueca por cima da calça. Não estou dizendo em não haver poderes, Sandman tem poderes. E não fugir de ser heróico, mas fugir de ter capa e copiar estereótipos americanos (quem são eles para usar a exclusividade do termo América? Mas quem mudará isto?). Então, quem alcança uma nova indústria no Brasil está em busca desta identidade nacional. Quem copia só copia e parece que nada vai para frente, além de ter um personagem por 50 anos, nunca formar uma indústria coesa, onde ninguém acredita nestas histórias, nem os fãs, ou fugir deste estereótipo super-heroístico e talvez conseguir algum alcance maior do que se ficasse preso a brochisse nerd de ser fã a vida inteira e nunca emplacar nada, talvez somente por piedade dos outros: “que herói legal”.
Temos que ser mais críticos e deixar o ideal da cueca por cima da calça, talvez. E nem digo isto como produtor, digo isto como consumidor, porque neste ponto vamos ser sinceros, eu não quero ver um cuecão brasileiro, é inclusive cômico (tai uma idéia, tirar sarro disso e construir uma história de humor, tem muito mais futuro do que levar isto a sério). Se o texto buscava este foco afirmando sobre sermos outro tipo de contador de histórias, beleza. Se o texto está tentando uma nova narrativa cultural para descrever super heróis nacionais de capa e cueca sobre as calças, beleza também, mas acho isto um desperdício. Ainda encontraremos nosso jeito de contar histórias, mas não será emulando os americanos, senão já teria acontecido. Há um texto recente que aborda bem estas questões, se lembrar e achar compartilho depois isto e sobre o herói nacional que combate políticos.
Estes são os links que falei:
http://tianerd.blogspot.com.br/2016/09/o-vitimismo-o-ego-e-o-mimimi-do-cenario.html
e
http://gq.globo.com/Cultura/noticia/2016/10/heroi-nacional-que-caca-politicos-sai-dos-quadrinhos-e-vira-filme.html
Valeu pelas indicações!
Já escrevemos sobre o Doutrinador por aqui, você chegou a ver?
https://quadrinheiros.com/2015/10/29/o-doutrinador-o-heroi-que-o-brasil-merece-ou-precisa/
Julio, a intenção aqui foi mostrar alguns contrastes entre tipos ideais brasileiros e americanos.
É uma experiência, amparada em bibliografia ou fontes documentais. Agimos como em um laboratório, mas sem intenção de ser conclusivo.
Achei interessante você apontar que “Ainda encontraremos nosso jeito de contar histórias, mas não será emulando os americanos, senão já teria acontecido“. Parece algo que o próprio DaMatta sugeriu acontecer no país.
Abs.
Valeu, senhores. Sem exagero, ja exagerando, voces sao sensacionais. Mas continuem este grande debate. Como visto por aqui, brasileiro nao emula so super-herois americanos, mas tambem animes e outros, sempre procurando no hobbie a efetivaçao de um mercado inexistente e acho dificil isto ocorrer, pode ver que cada grande veio de contadores de historias dificilmente originam industrias fora de sua origem inicial, alias, nao vejo um caso. Sao as historias undergrounds que criaram algum mercado no Brasil. Mexam na ferida e demonstrem caminhos alternativos, e por ai.
Julio,
o espaço da reflexão está aberto.
Abs!
Acho que temos de nos perguntar também porque os super-heróis vingam sobretudo nos países anglófonos. Não vejo muitos super-heróis alemães, franceses, mexicanos, haitianos….
Beck,
Sem personagens como Beowulf ou Siegfried, nativos das mitologias nórdico-germânicas, talvez você jamais tivesse ouvido falar no Senhor dos Anéis.
Não esqueça que a civilização Asteca, no planalto mexicano, possuía um rico sistema de narrativas mitológicas, inclusive que “previam” a chegada dos espanhóis no século XVI.
Aos franceses devemos uma boa parte dos contos de fadas – e dos modelos narrativos que conhecemos hoje – vários deles reunidos por Charles Perrault.
Ademais, não esqueça dos grandes heróis haitianos, como vários outros caribenhos, renunciadores autênticos, gente que rejeitou a hegemonia monárquica da Europa no século XVIII e por isso foram chamados de “piratas”.
(obrigado pelo comentário, que vai gerar outro post! =] )
Abs!
Acredito que a galera que está fazendo mangás nacionais, tem obtido melhores resultados. Talvez devêssemos olhar mais para a terra do sol nascente, não na estética visual, mas na concepção de mercado e formatos das historias. Ainda acredito num híbrido entre os dois mercados para formar o nosso. Porque aprender errando se podemos pegar os acertos dos outros e adaptarmos ao nosso jeito de fazer? Enfim, só opinando e torcendo pra dar tudo certo.
Já tive essa impressão, mas vejo os mesmos problemas dos supers brasileiros.
Gihl, acho que você tem razão.
As experiências no mangá no Brasil me parecem ter mais ressonância do que as equivalentes dos heróis americanos.
Porém não sou especialista no assunto. Vou encaminhar a dúvida à nossa especialista da casa!
Abs!
1Identidades não tão Secretas: a tensão entre identidades culturais num contexto globalizado Por Iuri Andréas Reblin
http://periodicos.est.edu.br/index.php/nepp/article/viewArticle/2103
Boa indicação, Quiof. Por acaso entrevistamos o autor desse texto, vc já viu? Segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=51MWvji5nHw
Como análise social e antropológica, o texto está irretocável. Mas eu creio que, se houvesse vontade política, pelo menos no começo, e a indústria dos quadrinhos começasse a caminhar pelas próprias pernas graças a esse incentivo inicial, as coisas melhorariam. Falta mesmo é e$trutura, e essa é a diferença entre nós e “eles” (os estadunidenses). Lá, quadrinhos são vistos pelos detentores do poder como uma indústria, algo que gera dinheiro, e é assim que os comics são tratados. Se no nosso pobre país houvesse um pontapé inicial para que a indústria de quadrinhos tupiniquim andasse, haveria uma mudança. Artistas maravilhosos nós temos.
Celso,
não esqueça que já existiram iniciativas políticas bastante ruidosas para amparar o quadrinho nacional.
A história do envolvimento político com quadrinhos no Brasil é bastante polêmico, talvez fosse arriscado sentenciar o amparo político (ou seja, do Estado) como resposta.
Para conhecer mais essa história, vale a pena conferir na obra do Gonçalo Jr., a Guerra dos Gibis, pp. 341-394.
Abs.
Excelente texto… Só uma perguntinha – por sermos uma cultura muito mais pautada (acredite) no audiovisual do que os EUA (vemos mais seriados estadunidenses o próprio país de origem desses seriados), não estariam nessa mídia nossos super-heróis?
E aproveitando o gancho, mais uma pergunta – o herói brasileiro, ou pelo menos suas melhores histórias, não seriam sempre as histórias de transição? Capitão Nascimento, por exemplo, era um ser de direita radical que, conforme a história segue, vai se aproximando da esquerda e, ao final de Tropa de Elite 2, está conscientemente a esquerda da orientação política…
Abraços.
Dr.,
Será mesmo que vemos mais seriados americanos do que eles mesmos? Honestamente não sei. Me faltam dados, acho arriscado afirmar de modo tão categórico.
Por conta do foco do post, que era mais uma “revisão de literatura”, deixei de abordar minúcias das mitologias brasileiras, que vivem, bem ativas, nas narrativas de cordel, por exemplo.
Acho que sim, o Capitão (depois Coronel) Nascimento pode ser visto como um personagem em transição. Mas vamos pensar, qual personagem não é? Até o Yoda estava em transição, desapontado com a própria negligência ao embarcar na violência das Guerras Clônicas, o que explica o retiro dele em Dagobah…
Acho que o diretor José Padilha usou o personagem do Tropa de Elite para provar certas teses, bastante polêmicas, que muitos de nós compartilhamos em nossa intimidade mas que seriam difíceis de serem expostas na vida pública.
Mas não é essa a função da arte?
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Como faço para comprar quadrinhos de super heróis brasileiros???
Dê uma olhada no Catarse, sempre tem coisa boa rolando por lá – e não só de super-heróis.
https://www.catarse.me/pt/explore?ref=ctrse_header&utf8=%E2%9C%93&filter=all&pg_search=quadrinhos