Yes, nós temos super-heróis!

A Tríade Graúna; da esquerda para direita: Pantera, Místyko e Golden Guitar

Conheça a Tríade Graúna em Operação Jovem Guarda!

Há quem defenda a tese de que os super-heróis são uma criação exclusivamente americana, e que só fazem sentido dentro do contexto cultural dos Estados Unidos, como podem confirmar a difícil entrada de roteiristas estrangeiros no mercados de quadrinhos de super-heróis dos EUA. Em que pesem o sucesso de autores do Reino Unido na indústria, os quadrinhos de super-heróis seguem sendo uma narrativa feita por americanos – embora certamente no século 21 não seja mais pensada exclusivamente para americanos.

O Velho Quadrinheiro já analisou as dificuldades de se ter um super-herói nacional aqui nesse post. Não obstante nós tupiniquins também tivemos nossos super-heróis. O Capitão 7, criado por Ayres Campos, que também o interpretava na televisão, e transformado em quadrinho por Jayme Cortez, sendo publicado de 1958 a 1964. Misto de Superman com Flash Gordon, o Capitão 7 foi o super-herói nacional de maior sucesso comercial nos quadrinhos.

Talvez motivada pelo sucesso da chegada dos heróis Marvel no Brasil em 1967 pela EBAL, a editora Graúna publicou três personagens (a Tríade Graúna) que, embora nem de longe tenha conseguido replicar o sucesso do Capitão 7, continuam vivos nos corações de fãs e criadores, como pode atestar o sucesso de Operação Jovem Guarda, de Rubens Cordeiro, Arthur Garcia e Franco de Rosa.

A hq resgata os personagens Golden Guitar, Pantera, o Homem Fera e Místyko numa história que envolve nostalgia, viagem no tempo e um sentido de maravilhamento e inocência que remetem à Era de Prata.

Golden Guitar, criado por Rivaldo Macedo e Anísio Torres, é o alter ego de Renato Fortuna, cantor de iê iê iê descaradamente inspirado em Roberto Carlos e na Jovem Guarda. Suas aventuras tiveram quatro números publicados em 1967. Você pode ler o número 1 aqui.

Golden Guitar; arte interna de Operação Jovem Guarda

Pantera, o Homem Fera, criado por Benedito Aparecido Silva e Carlos M. Vaya, é o domador de feras Alfredo que, ajudado por sua pantera Madina, combate o crime. Teve três números publicados em 1968. À época chamado de Pantera Negra, sua semelhança com seu homônimo da Marvel é inegável.

Patera, o Homem Fera e Madina; arte interna de Operação Jovem Guarda

Místyko, criado por Percival de Souza e Rubens Cordeiro, é na verdade o professor Calvet, que possui um capacete sagrado que lhe dá os poderes do deus da justiça de Atlântida (qualquer semelhança com o Thor pode não ser mera coincidência). Teve dois números em 1968.

Místyko, arte interna de Operação Jovem Guarda

Os três heróis em algum momento passaram pelas habilidosas mãos de Rubens Cordeiro, que voltou aos personagens em Operação Jovem Guarda baseando-se no roteiro de Arthur Garcia e com a edição de Franco de Rosa.

O enredo gira em torno de Martin, um garoto que volta no tempo para impedir que algo terrível aconteça em Brasília – mas não consegue se lembrar exatamente do que – e impedir a morte de um herói, encontrando os personagens que o ajudam  em sua missão.

A edição ainda conta com uma belíssima introdução biográfica de Rubens Cordeiro por Toni Rodrigues e, juntamente com uma espécie de posfácio assinado por Roberto Guedes, contextualiza a produção dos heróis nos anos 60, também dando um panorama interessante sobre a produção de quadrinhos no Brasil daquele tempo.

Operação Jovem Guarda nos trás o que temos de melhor: a capacidade antropofágica de devorar o que vem de fora para transformar em algo genuinamente nosso.

Você pode encontrar essa hq na Comix, clicando aqui.

Sobre Nerdbully

AKA Bruno Andreotti; Historiador e Mestre do Zen Nerdismo
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4 respostas para Yes, nós temos super-heróis!

  1. Quiof disse:

    O Edgard Guimarães fez um dossiê sobre o Homem-Fera no QI 135, para baixar essa e outras edições
    http://marcadefantasia.com/camaradas/qi/quadrinhos-independentes.html

  2. Pingback: A RESSURREIÇÃO DE PULSAR: entrevista com Arthur Garcia e Alexandre Silva | Quadrinheiros

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