Luke Cage, Falcão Noturno e a Marvel fazendo a coisa certa

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Porque a diversidade veio para ficar!

A série Luke Cage (que em breve estréia no NETFLIX) tem um showrunner negro (Cheo Hodari Coker que roteirizou o filme/biografia sobre o rapper Notorious B.I.G), tem os títulos dos episódios inspirados em nomes de músicas de importantes rappers e uma trilha sonora feita com precisão por nomes de peso do mundo do hip hop como Adrian Younge (que produziu Kendrick Lamar), Ali Shaheed Muhammad (do grupo A Tribe Called Quest) e Method Man (do  grupo Wu-Tang Clan).

A trilha sonora dos 13 episódios da série pensada como 13 álbuns de hip hop, segundo os produtores, e a batida é o elemento principal para criar a ambientação do Harlem que vai abrigar a história de Luke Cage. Nesse momento em que a tensão racial nos EUA está alta, a guinada de diversidade que invadiu a industria dos quadrinhos está fazendo a ficção dialogar com a realidade com nunca antes.

Já falamos aqui do novo roteirista do Pantera Negra e do time criativo por trás da série da tv da Jessica Jones. Cada vez mais o conceito de lugar de fala é uma questão relevante na industria do entretenimento no mundo todo (vejam a polêmica dos atores globais fazendo papéis de imigrantes japoneses na novela das seis). Ter pessoas que conhecem na pele as dores e as alegrias de serem parte de minorias fazem delas intérpretes, narradores e porta vozes de histórias mais densas, que descortinam as invisibilidades que as culturas criam.

Outra série da Marvel que ganhou comentários na mídia foi o título solo do Falcão Negro, personagem do Esquadrão Supremo (Poder Supremo), que depois das Guerras Secretas (que redesenharam o universo da editora) veio parar na Chicago da Terra-616. O roteirista negro responsável pela série, David F. Walker, é autor da recente série do SHAFT da Dynamite e da série solo da DC Comics do Cyborg (Novos 52) de 2015. Além disso, ele é cineasta e especialista no movimento blaxploitation dos anos 1970.

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Nas páginas de Falcão Negro ele vai distribuindo referências da cultura negra norte-americana como Blind Willie Johnson, Kool and the Gang e o filme Chi-Raq de Spike Lee (um musical satírico que coloca a comédia grega Lysistrata no meio de uma guerra de gangues em Chicago). Além da colcha de retalhos de citações, a história trata de gentrificação, do assassinato de jovens negros na mão da polícia, faz críticas ao capitalismo e mostra a acensão do conservadorismo e do racismo nos Estados Unidos.

O cancelamento da série gerou polêmica já que os temas abordados por Walker estão dividindo os leitores, mas na indústria a vendas baixas são sempre o argumento mais forte. Não é novidade ver séries de personagens menores das grandes editoras serem cancelados depois do primeiro arco de histórias. E antes que alguém pense em dizer que o cancelamento é devido ao personagem ser negro ou o título politizado, vamos lembrar que a HQ do Homem-Formiga também foi recentemente cancelada.

Independente disso a Marvel mantém sua vocação de abordar as questões sociais dos nossos tempos nas páginas de seus quadrinhos, e isso é a coisa certa a fazer, tanto para dialogar com novos leitores, quanto para atualizar os personagens. Leitura recomendada!

Sobre Picareta Psíquico

Uma ideia na cabeça e uma história em quadrinhos na mão.
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