Por Lund Velter
Antes de tudo, gostaria de esclarecer que quando era adolescente preferia ler os quadrinhos “adultos” de Alan Moore do que as sagas intermináveis dos X-Men. Ou seja, preferia Watchmen da DC aos X-Men da Marvel. E sempre achei o Rorschach uma anti-herói bem mais interessante que o Wolverine. E achei muito mais interessante as sequências em que o Nite-Owl e a Silk Spectre aparecem transando do que o amor entre a linda Jean Grey e o chato do Ciclope. Mesmo se compararmos os X-Men a outros heróis da Marvel, eles nunca foram os meus favoritos. Muitas das histórias dos X-Men me aborreciam pelas mesmas razões de porque não suporto a maioria das telenovelas da Globo: diálogos intermináveis; personagens chatos e fofoqueiros; histórias que se esticavam por muitos capítulos etc.
Quem melhor me explicou porque o Homem-Aranha é uma personagem melhor que os X-Men foi o pai de um colega que tive no ginásio. Esse meu colega se chamava Raul, colecionava gibis de super-heróis e vivia enchendo os cadernos dele de histórias em quadrinhos que ele mesmo criava. Numa das primeiras vezes em que estive na casa dele, o pai dele me perguntou: “Qual é o seu super-herói favorito?”. Aí eu respondi: “É o Homem-Aranha!” E o pai do Raul comentou; “Ainda bem! Também gosto do Homem-Aranha por que ele é um cara trabalhador: estuda, tira fotos pro jornal, rala pra pagar aluguel, ajuda a tia dele. Não gosto é desses ‘Xis-Men’ [sic] que o meu filho lê! São uns vagabundos que moram numa mansão: não trabalham, ficam só sentados no sofá e viajando de jatinho!”
Piada Mortal e Watchmen estavam entre os meus quadrinhos favoritos. Me comovi com as origens do Coringa e de Rorschach (Moore manipulava os leitores para que simpatizassem com figuras doentias). Praticamente havia decorado diálogos inteiros de Watchmen, procurando prestar atenção em cada detalhe que aparecia nos quadrinhos. No entanto, tanto Watchmen quanto a Piada Mortal, apesar da violência gráfica e da pretensa complexidade, também são adolescentes ao seu jeito. Da mesma forma, como adolescentes da minha geração gostavam de bandas de rock com letras depressivas tratando de temas como morte e rejeição, adolescentes também gostam de anti-heróis revoltados ou incompreendidos. E, se investigarmos a fundo, nada disso é novidade, basta nos lembrarmos dos poemas de Álvares de Azevedo.
Toda essa longa introdução é para você entender que nunca fui um fã do Chris Claremont e que já fui um leitor assíduo das obras de Alan Moore. Aliás, sempre que comprava a recém-cancelada Juiz Dredd Magazine, publicada pela Mythos Editora, a primeira coisa que lia eram as republicações de histórias curtas do Moore. No entanto, numa perspectiva histórica, devo admitir que Chris Claremont foi um roteirista mais importante tanto em termos mercadológicos quanto em termos de receptividade do público do que seu compatriota Alan Moore (apesar de ter crescido nos Estados Unidos, Claremont também nasceu na Inglaterra).
Embora Moore seja mais talentoso que Claremont, o roteirista dos mutantes da Marvel é mais profissional e disciplinado que Moore. Enquanto Moore “cospe no prato em que comeu”, faz inimizades com editores e colegas, Claremont, apesar das desavenças com o colega John Byrne (com quem trabalhou durante um período), sempre se mostrou um profissional mais sério e responsável. Talvez, porque Claremont entenda o ponto de vista dos editores: ele começou a carreira na Marvel como estagiário, onde prestava assistência aos editores, antes de se tornar roteirista, e, nos anos 1990, chegou a trabalhar como diretor editorial na Marvel.
Há décadas a Marvel, onde Claremont trabalhou por mais de vinte anos, vende muito mais gibis do que a DC, que foi a editora que apresentou Alan Moore ao resto do mundo (leia-se “fora da Grã-Bretanha”). Embora a DC tenha feito um grande esforço em vender a ideia de “quadrinhos adultos” ou “sofisticados” e alcançado algum sucesso com a linha Vertigo, a Marvel continuou vendendo (bem) mais que a “Distinta Concorrência”.
Sei que as vendagens ou a popularidade de um título não são necessariamente um indicativo de sua qualidade ou suposta originalidade. Muito material de boa qualidade encalha, enquanto muita coisa de qualidade duvidosa rende milhões. No entanto, o que faz o mercado sobreviver é a opinião dos leitores e não a dos críticos. A popularidade dos X-Men indica que as histórias de Claremont ganharam a aprovação de um público mais numeroso (e até diversificado) que qualquer coisa que Moore tenha escrito. Basta lembrar que ao criar personagens femininas fortes, Claremont conseguiu atrair leitoras para um gênero de quadrinhos (super-heróis) cujo público era quase que exclusivamente masculino.
Enquanto Moore esnoba as adaptações de suas obras para o cinema (ele ainda não sabe que as máscaras do V usadas em protesto ficaram populares por causa do filme V de Vingança e não por causa da graphic novel), Claremont mostra satisfação em ver que muitas das suas ideias foram aproveitadas nas adaptações dos X-Men para o cinema, pelas quais recebeu royalties. A popularidade alcançada pelas adaptações dos X-Men para filmes e desenhos animados, mostram que as histórias criadas por Claremont encontraram receptividade por um público ainda maior, inclusive pelo grande número de pessoas que NÃO acompanham quadrinhos. Já os filmes baseados em quadrinhos de Moore, apesar de relativamente fiéis, nem de longe tiveram a mesma receptividade.
Um autor de quadrinhos é também um comunicador. Os quadrinhos que ele cria transmitem uma mensagem, e essa mensagem, seja ela qual for, se dirige a um público. Se os leitores entenderem a mensagem que o autor está querendo transmitir, então ele foi bem-sucedido. Os quadrinhos de Moore geralmente não atraem o interesse do público médio, que acham suas histórias “chatas” ou “confusas’ demais. O público médio demonstra a mesma reação em relação às adaptações cinematográficas de Watchmen e V de Vingança.
Por outro lado, por mais que se critique Chris Claremont pelo seu estilo dramalhão (muitas histórias dos X-Men lembram mesmo telenovela mexicana de tanto personagem chorando “mares de lágrimas”), a verdade é que a mensagem que ele se propõe a transmitir é entendida pela maioria, independentemente do grau de escolaridade, referências culturais etc. E a mensagem é simples: “Não devemos discriminar os outros que são diferentes de nós”. E mais, a mensagem de Claremont continua mais atual do que nunca.
Quanto a Moore, suas mensagens são datadas e ele errou feio em todas as suas previsões geopolíticas. No mundo real, a União Soviética implodiu por não conseguir acompanhar os Estados Unidos na corrida armamentista, gastava mais do que tinha em armamentos e não conseguia fabricar um eletrodoméstico decente. Na cabeça de Moore, a existência do Doutor Manhattan torna a Terceira Guerra Mundial inevitável. Na vida real, se os Estados Unidos tivessem um Doutor Manhattan, a União Soviética teria entrado em colapso antes e a Terceira Guerra também não aconteceria.
Na cabeça do Moore, o governo da conservadora Margaret Thatcher seria o prelúdio para uma ditadura totalitária fascista, o que o levou a escrever V de Vingança. Na vida real, Margaret Thatcher acabou, ainda que não intencionalmente, contribuindo decisivamente para o fim de uma ditadura fascista: a vitória do Reino Unido sobre a Argentina na Guerra das Malvinas (1982) foi fator decisivo para o fim da ditadura militar argentina, uma das mais violentas que a América do Sul já conheceu. A mesma ditadura argentina que matou um dos maiores roteiristas de quadrinhos do mundo, Hector Oesterheld, autor de O Eternauta, e também suas filhas e genros.
Há textos teóricos que apresentam o método de escrita de roteiro do Alan Moore, que é muito minucioso nas descrições, como o melhor e que esnobam o “método Marvel” (no qual o roteirista escreve uma simples sinopse e só escreve os diálogos depois que a história é desenhada), apontando falhas que seriam fruto da utilização desse método. Pois bem, há muitos desenhistas que se sentem inibidos ou aborrecidos por roteiros tão minuciosos. Esses desenhistas acham, por experiência própria, que esse tipo de roteiro mais confunde do que orienta.
Por outro lado, há desenhistas que dominam bem a narrativa visual e se sentem mais à vontade com sinopses enxutas como as utilizadas no “método Marvel”. Se o “método Marvel” apresenta falhas, ele também apresenta vantagens e deve funcionar muito bem, pois há décadas, muitos roteiristas e desenhistas trabalham bem juntos utilizando-o. A julgar pelo fato de que a Marvel continua vendendo muito mais que a DC, a maioria dos leitores que acompanha os quadrinhos da editora não parece estar incomodada com as histórias criadas por esse método.
Enquanto quase todas as criações de Moore são paródias, releituras ou reformulações de criações alheias, Claremont é o cocriador de dezenas de personagens originais, inclusive de personagens femininas que fogem do estereótipo “mocinha indefesa”. Monstro do Pântano foi criado por Len Wein e Berni Wrightson; os personagens de Watchmen são uma releitura dos antigos heróis da Charlton Comics; Supreme é um plágio do Super-Homem “criado” por Rob Liefeld; os heróis de 1963 são uma paródia dos heróis da Marvel e a Liga Extraordinária é composta por personagens em domínio público, criados por escritores do século XIX como Júlio Verne, H. G. Wells, Robert Louis Stevenson e Bram Stoker.
Quanto a Claremont, embora os X-Men originais (Ciclope, Jean Grey, Anjo, Fera e Homem de Gelo) sejam uma criação de Stan Lee e Jack Kirby, a formação dos X-Men que caiu no gosto do público é aquela criada por Claremont. Eis uma breve lista de algumas da personagens criadas ou co-criadas por Claremont: Tempestade; Colossus; Noturno; Kitty Pride; Vampira; Mística; Gambit; Emma Frost; Capitão Britânia; Madelyne Pryor; Jubileu; Dentes-de-Sabre; Psylcoche entre outras.
(E por falar em originalidade, compare o trecho nos quadrinhos em que Rorschach prende e mata o assassino da menina sequestrada com um trecho do primeiro filme da série Mad Max, o original com Mel Gibson)
Tudo isso ajuda a explicar porque os encadernados com super-heróis Marvel lançados pela Salvat (alguns trazendo republicações de histórias dos X-Men escritas por Claremont há mais de trinta anos) estão vendendo bem nas bancas brasileiras enquanto exemplares de Miracleman continuam encalhados.
Ótimo texto. Da época clássica com Claremont, só li Dias de um Futuro Esquecido, e o roteiro é exatamente como o descrito — didático, simples, emocional, afirmativo. Moore diante dos quadrinhos que li de sua autoria (V de Vingança e Piada Mortal) sempre é mt incisivo, às vezes confuso e gosta de demonstrar para o leitor que é um autor culto — citações de shakespeare e de diversos outros autores lhe é algo corriqueiro.
O fato é que Moore é um crítico social por ser anarquista, o que acaba soando sim “adolescente” — e eu concordo e assino embaixo. E diante disso sempre expõe suas críticas, sejam elas uma crítica sobre a “Moral e os Bons Costumes” (como em Piada Mortal), ou sendo uma verdadeira apologia ao anarquismo que é V de Vingança.
No fundo, no fundo, opinião minha, não gosto dos temas que Moore trabalha. Não por serem “profundos demais” — coisa que discordo, por os considerar também “adolescentes”, e coisas da fase uma pessoa que está começando a conhecer a mundo e sonha com a “revolução” acima de tudo. Mas por focarem tanto o tom “crítico social” e “cult”, Moore parece que acaba esquecendo que está falando com um leitor. E a história nos conta que as “estórias” que realmente marcam a humanidade, são aquelas que falam de temas humanos: como a morte, a redenção, a persistência, “as jornadas do herói”, ou um simples relembrar de que se é vivo, de que se é humano.
Talvez por Claremont ser “demasiado humano” que ele alcance um público maior e consiga literalmente emocionar — nas poucas páginas didáticas, arrastadas e “emotivas demais” de “Dias de um Futuro Esquecido”, fiquei muito mais emocionado, aflito e repleto de questionamentos, do que quando li Piada Mortal e V de Vingança. Talvez essa não seja uma impressão somente minha.
Aquele abraço!
Sinceramente? Pra mim o romance entre a Silk e o Nite Owl não me convenceu. Ela é uma CHATA e ele um obcecado por ela. Aliás, o Dave Gibbons é excelente em tudo, menos pra fazer mulheres bonitas…
A melhor parte de um texto muito bem escrito:
“Enquanto quase todas as criações de Moore são paródias, releituras ou reformulações de criações alheias, Claremont é o cocriador de dezenas de personagens originais, inclusive de personagens femininas que fogem do estereótipo “mocinha indefesa”. ”
A roupinha de foice e martelo é dele mesmo? Não é montagem? Em caso afirmativo, o que ele está esperando pra se mudar de Londres pra Havana ou Coreia do Norte?
Sabia que viria algum comentário do tipo. Sim ele vai para o planeta vermelho, marte, que aliás descobriram antigas esculturas stalinistas por lá. Deixe os quadrinhos um pouco de lado e vá ler um pouco dos pensadores clássicos, talvez ajude a refinar seu “senso crítico” ou melhor continue com os X-men e deixe as opiniões políticas de lado.
Uma coisa não exclui a outra, prezado Marcos. Foi lendo revistas dos X-Men e assistindo episódios de Jornada nas Estrelas que passei a exercitar minha opinião política. Claro que depois expandi esse exercício com leituras mais profundas em especial durante minha graduação em Geografia. Mas de modo algum isso me fez abandonar minhas leituras de X-Men. De fato, só fez minha leitura tornar-se mais crítica e consciente.
Acho que quando se trata de quadrinhos de super herói, o Claremont certamente criou muito mais personagens que o Moore (ainda que este tenha criado o Constantine, por exemplo). Mas o Moore foi muito além desse gênero, passeando pelo horror, pelo quadrinho erótico, pela ficção científica, entre outros. Além disso, não se discute o domínio da técnica dos quadrinhos que ele demonstra em suas obras. Quanto à temática, Moore é muito mais provocador e profundo do que o Claremont. O Claremont escreve coisas com que você concorda, enquanto o Moore escreve coisas que te desafiam. Enfim, pra mim o Claremont é Paulo Coelho, e o Moore é Moacir Scliar. Um vende bem, o outro escreve muito melhor.
Ainda que não tenha sido o autor da matéria, creio que o ponto levantado pelo autor não é concordar ou não com uma ideia, e sim o fato de que a mensagem de Moore é datada e a do Claremont ainda é bastante atual.
Na verdade o post defende que o Claremont é mais importante para os quadrinhos do que o Moore, e nesse ponto também sou obrigado a discordar. Claremont criou coisas importantes no nicho super-heróis, admito. Mas foi o Moore (junto com o Miller e os ingleses que vieram depois) que chamou a atenção do público para a nona arte. Depois dele a percepção de que quadrinhos eram só para crianças mudou. De certa forma a visão mais madura dos trabalhos do mago de Northampton deram respeitabilidade aos quadrinhos, o que influenciou profundamente o mercado. Sem falar que as obras dele continuam sendo muito bem vendidas e republicadas. Enfim, Claremont foi ótimo em repetir as fórmulas. Mas o Moore foi mais importante porque ele descontruiu as fórmulas, a ponto de ser o elemento que define a nova era dos quadrinhos que vivemos hoje. Por isso é certamente um autor muito mais consequente e influenciador do que foi o Claremont.
Só tem um detalhe, o Claremont não participou da criação de Giant-Size X-Men 1. Então as personagens que apareceram lá pela primeira vez (Tempestade, Colossus, Noturno e o menos cotado Pássaro Trovejante) não são criações dele e sim de Len Wein e Dave Cockrun. Wolverine fora criado antes, em uma HQ de Len Wein e Herb Trimpe (embora o uniforme original dele tenha sido criado por John Romita).
De fato, Pedro. Mas acho que o autor colocou como personagens “co-criados” justamente por isso: ele pode não ter criado originalmente tais personagens, mas sem dúvida eles adquiriram profundidade e importância nas histórias de Claremont.
Assim como Moore nâo criou os personagens que reformou mas mudou o conceito radicamente trazendo-os para um mundo mais real.Eles adquiriram profundidade e importância nas histórias de Moore.
Cara, PARABÉNS, muito bom. Só não ta perfeito porque vc zuou os X men ali na (longa) introdução, e eu cresci idolatrando os mutunas de Chis e Byrne, mas fora isso, ta perfeito huahua
9 respostas para Porque Chris Claremont é mais importante para o ===> mercado de quadrinhos <=== do que Alan Moore
Pelo que entendi, essa matéria fala sobre a importância do autor para o MERCADO, por isso concordo totalmente.
Pingback: Porque Chris Claremont é mais importante para o mercado de quadrinhos do que Alan Moore | Túlio Vilela
Texto muito interessante. Só me recordei do John Constantine como criação original do Moore. Tentei lembrar de mais algum, e nada. Também fiquei matutando algumas coisas, é irônico, mas o Moore é muito musazinha para o meu gosto. Queria manter o poder sobre as adaptações, dizendo que era tudo desvirtuado, e eu achava que era atitude, coisa assim, mas parece que era mais controle de grana! Tanto que Moore tentou criar uma editora, deu errado, e foi trabalhar na Image, com os WildCats e com o Supremo, uma cópia do Liefeld, sem mencionar que duas adaptações de obras do Moore fizeram jus às obras que as inspiraram, que foram o caso de Watchmen, uma obra sensacional do Snyder, e V de Vingança, que simplesmente criou a face dos protestos em todo o Planeta. Moore jamais vai admitir isto, mas é graças ao FILME e não à HQ que ele escreveu que as pessoas começaram a usar as máscaras do Guy Fawkes, ou seja, o filme conseguiu ser influente mais do que a obra dele, e ele sabe disto, mas nunca vai admitir. Chris Claremont, por sua vez, conseguiu fazer sua obra conhecida, os conceitos dele traduzidos no cinema, e muita coisa bem encaixada. É certo que ele não tem tanto talento quanto Moore, mas acho que se houve alguém que até abriu caminho para o quadrinho adulto foi Claremont e John Byrne, com os X-Men falando sobre preconceito, morte, e etc, de forma adulta e direta, culminando na gloriosa década de 80 em que veríamos obras primas como Dark Knight Returns e o próprio Watchmen. Mas sem um X-Men da vida isto não seria possível.
Em uma entrevista para a revista Mundo dos Super-Heróis (nº 47, outubro de 2013), Claremont declarou: “Quando Wolverine faz muito sucesso na telona e fatura uma fortuna, a grana vai para a Fox, uma pequena parte vai para a Marvel e nada chega para mim”. Já quanto aos personagens que criou, segundo o próprio Claremont nessa entrevista, “uma catalogação da Marvel dá conta de algo entre 300 e 400″(!).
O tempo passa e o leitor de quadrinhos continua chorando sobre as adaptações para o cinema das obras do Moore e de como ele foi ingrato com a indústria que o acolheu, sendo assim faz sentido levantar os seguintes pontos:
1 – Declaração sobre os super-heróis: “Acho que eles [heróis] são abominações. Eles já não significam aquilo que costumavam significar. Eles foram criados por roteiristas que gostariam de expandir a imaginação de um público de 9 a 13 anos. Era para isso que serviam e eles estavam funcionando muito bem. Hoje, uma revista de super-herói tem um público, geralmente masculino, que vai de 30, 40, 50 a 60 anos. Então alguém inventou o termo graphic novel. Estes leitores se apoiaram nisso com o simples interesse em validar o fato de eles continuarem amando o Lanterna Verde ou o Homem-Aranha, sem parecer que são emocionalmente anormais.” Ele continua: “Eu não acho que o super-herói não traz nada de bom”. “Acho que é um sinal alarmante vermos um público adulto assistindo ao filme Os Vingadores e se deliciando com conceitos e personagens criados para entreter garotos de 12 anos na década de 50.”;
Fonte: http://rollingstone.uol.com.br/blog/alan-moore-odiar-super-herois-mas-iwatchmeni-ja-indicava-isso-desde-os-anos-80/
2 – Adaptações para o cinema: A vontade do Alan Moore sempre foi de que o quadrinho deveria ser uma mídia com a mesma força que o cinema por exemplo, portanto não seria necessário um filme para validar a obra original. Vale lembrar de que ele pediu para que o nome dele fosse removido de todas as adaptações e abdicou da receita gerada pelos filmes;
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=xARvWZh4aKY (a partir dos 13 minutos)
3 – Sobre a matéria com citações do Grant Morrison: Alan Moore e Grant Morrison não se suportam de longa data isso é fato, não vi nenhum embasamento sobre o motivo deles esnobarem o Alan Moore, exceto por chamarem ele de hippie de meia-idade mas concordo que ele sempre esteve fora de sincronia com o tempo e quem sabe a massa um dia entenda boa parte do que ele quis dizer com as obras que criou;
Achei o título tendencioso assim como o texto, em alguns momentos há a comparação entre os estilos e as editoras, em outros você diminui a importância da DC, do Moore, das obras que ele criou e da forma como ele escreve. Não é por que ele escreve de forma mais complexa que o mesmo não se interesse pelo leitor e não é por que a visão dele quanto a época em que ele viveu e como ele errou em sua profecia pelo futuro não foram bem sucedidas signifique que ele tenha falhado em apresentar a sua obra. Você menciona personagens femininos utilizados pelo Claremont porém se esquece da abordagem que o Moore apresentou com A Balada de Halo Jones e Promethea, apresentando mulheres de uma forma diferente dentro da industria dos quadrinhos.
Em resumo, não acho que seu texto foi uma comparação e sim uma oportunidade para atacar o Moore de todas as formas.
Alessandro, sejamos justos, o autor deixou claro logo no começo:
“[…] Antes de tudo, gostaria de esclarecer que quando era adolescente preferia ler os quadrinhos ‘adultos’ de Alan Moore do que as sagas intermináveis dos X-Men. Ou seja, preferia Watchmen da DC aos X-Men da Marvel. E sempre achei o Rorschach uma anti-herói bem mais interessante que o Wolverine.”
chris claremont é mais gente fina, mas nem chega perto do barbudão, sobre ele ser datado, aparentemente muitos discordam pois suas obras ainda são atemporais, honestamente se os EUA tivessem o Doutor com certeza teria provocado a 3 Guerra Mundial com os soviéticos paranoicos e desesperados com o poder do Doutor soltando bombas contra os EUA.
Ou até mesmo a nuvem de medo sobre o Doutor iria fazer a União Soviética prolongar o conflito, usando o Doutor como uma especie de bandeira do poderio militar americano e motivação para continuar o conflito que seria agora pelo destino da raça humana.
Existem tantas coisas que podiam acontecer, quanto o Alan Moore manipular o leitor, em nenhum momento eu particularmente gostei do Coringa ou do Rosharch, os grandes méritos de Alan Moore são justamente fazer os personagens humanos e multidimensionais, coisa que Chris tem dificuldade em fazer, para ele o mundo é dividido em certo e errado, somente em algumas poucas historias ele pisou nos tons de cinza, tudo bem se você curte esse tipo de narrativa, não tem nada errado com isso, mas dizer que Alan Moore é o demônio encarnado e Chris um santo para mim é um exagero.
Gostei do texto mas acredito que foi muito passional, talvez porque recentemente o autor deve ter tido alguma “treta ” com o barbudo, talvez pelo ódio inconformado de Grant Morrison por Alan.
Eu só sei que se você viajar até a casa do Alan, ele vai lhe atender, dar quadrinhos para você e ainda lhe convidar para um chá ( se são com cogumelos ou não, ai eu não sei).
De qualquer forma um grande abraço e não fique puto pelos meus comentários.
Grant Morrison não odeia Alan Moore, na verdade ele o ama! Só que a paixão não é correspondida…
O que o Grant Morrison tem com o Alan é como ele trata os herois. No documentário Grant Morrison Talking With Gods ele fala sobre isso. Quem quiser ver tem no youtube legendado
Ue Grant Morrison vem com esse papinho que Alan Moore deixou os heróis sombrios, mas em varias historias do próprio Morrison ele deixa os heróis sombrios e sofredores, tentando impor um realismo, temos por exemplo Homem animal em seus primeiros arcos, os invisíveis, e muitas outras obras
O Grant Morrison começou a ficar famoso na gringa justamente xingando o Alan Moore com suas polemicas, vi o documentário, mas não mudou em nada o que penso do Grant Morrison.
Mas Morrison vive disso das polemicas e dos fãs que acham ele um deus.
Assim como o Alan Moore vive da fama de “gênio incompreendido que renegou a indústria em prol da Arte” que ele soube vender muito bem e que seus fãs compraram. E, diferentemente do Moore, Morrison soube rever sua posição sobre super-heróis, o que é notório em suas obras. É só comparar Arkham Asylum com seu recente run com o Batman, só para ficarmos com um exemplo.
Mas desde quando o Alan Moore é um gênio incompreendido? Até onde sei suas obras foram todas premiadas mundo afora, suas obras são discutidas até academicamente.
E, Nerdbully, ele renegou as grandes corporações (Marvel e DC).
E para quem acha que o Alan Moore não ama os heróis, basta ler Supremo, que é uma clara homenagem ao Homem de Aço.
Se ele é ou não, não sou eu quem vai dizer. O fato é que essa é a imagem que ele vende e os fãs compram. Como se sua genialidade não coubesse dentro dos moldes da DC e Marvel, ou qualquer outra empresa. Lembro quando houve o lançamento do Neonomicon e o Moore deu uma entrevista dizendo que só fez o trabalho para pagar o aluguel. E nem de longe a Avatar Press tem o porte da Marvel ou DC. Se Moore ama os super-heróis, sua entrevista é no mínimo curiosa:
“Eu não leio nada de super-heróis desde que terminei Watchmen. Odeio super-heróis. Acho que eles são abominações. Eles não significam mais o que costumavam significar. Eles ficavam originalmente nas mãos de escritores que ativamente expandiam a imaginação de seu público, formado por crianças de nove a 13 anos. Eles faziam isso muito bem. Hoje, os quadrinhos de super-heróis não tem nada a ver com essas crianças de nove a 13 anos. É uma audiência formada geralmente por homens, de 30, 40, 50, 60 anos. Alguém criou o conceito de graphic novel. Os leitores se agarraram a ele, interessados em uma maneira de validar seu contínuo amor pelo Lanterna Verde ou Homem-Aranha sem parecer de alguma forma emocionalmente subnormal. Eu não acho que o super-herói significa nada de bom. Acho bastante alarmante ver adultos assistindo ao filme dos Vingadores e se deliciando com conceitos e personagens criados para entreter crianças de 12 anos dos anos 1950.”
Fonte: http://omelete.uol.com.br/quadrinhos/noticia/alan-moore-diz-que-odeia-super-herois/
Ou será que isso só vale para os super-heróis que não passaram pelas mãos dele?
Eu acho o Grant Morrison um bom escritor e ta bom demais. Nos deu grandes obras como Arkham, Homem-Animal, Grande Astros Superman,e quanto aos Invisiveis, é uma obra que dividi opiniões, na minha, é a melhor dele.
Aliás gostaria de ter opinião do autor do texto ,sobre Os Invisíveis, afinal de contas duvido que seja uma obra que tenha vendido tanto quanto os X-Men,
Invisíveis não é super-heroi.
Cereal Killer, onde disse que os Invisíveis é quadrinho de heroi?
Nerdbully, eu tenho uma interpretação diferente sobre o que você postou ai sobre o que o Alan Moore pensa sobre os herois, enfim, isto não vem ao caso. E sinceramente o que ele pensa sobre os herois realmente é de muita pouco importância pra mim.
Agora eu nunca vi ele dizer que sua “genialidade não se enquadram nos moldes Marvel/DC”.
Vai um pequeno trecho que talvez abre um pouco a mente de vocês.
Stephen Bissette, que trabalhou com Moore em Monstro do Pântano, explicou perfeitamente numa entrevista a importância dos boicotes do britânico e outros artistas como ele:
“Quando vejo as remunerações e royalties que os artistas de quadrinhos têm recebido desde os anos 90 – nós tornamos as coisas melhores. Nós lutamos verdadeiras guerras em trincheiras, como criadores, no lado do negócio. Porque quando Alan Moore saiu da DC, isso deu a Neil Gaiman e Grant Morrison um poder de negociação melhor. Tenho certeza que em algum momento houve alguma reunião da Time Warner em que alguém disse ‘Então, o que aquele rapaz que criou Watchmen está fazendo para a gente este ano?’ E alguém da DC teve que dizer ‘Bem, ele foi embora! Nós o perdemos!’ Então quando Neil Gaiman e Sandman começaram a ganhar força, e quando o trabalho de Grant Morrison começou a ganhar força, eles se beneficiaram das batalhas que Alan Moore lutou. E os artistas que vieram depois de John [Totleben], Rick Veitch e eu também tiveram experiências mais fáceis por causa das batalhas que lutamos.”
Isso para não citar de onde veio a ideia do Reino do Amanha…..né!
Pretensioso esse comentário ein? Queria saber o que te leva a pensar a acreditar que uma mulher possa não vir a gostar de Watchmen. (?) fiquei bem curiosa.
Eu quando leio uma HQ me sinto atraída pela história que ela pode me oferecer, sendo ela de fácil entendimento ou não, sinceramente não acho que quando uma história seja mais desafiante que outras ou que necessite de um pouco mais de intelecto seja culpa do autor. No dia em que no mundo das HQs não existirem mais histórias/personagens que te fazem pensar, que te cativam e ou te faz pensar numa perspectiva diferente da que você segue, o mundo o qual vivemos vai estar muito mais errado do que já está.
Eu não sei se foi sua intenção, mas você subestimou todos os tipos de leitores de HQs do mundo.
Eu tenho apenas uma duvida, o que o sucesso das adaptações do filme tem com as habilidades de roteiristas deles? Fiquei com essa duvida… auhuah
Justamente, o filme só aconteceu porque a HQ é um marco dos quadrinhos.
Mas curiosamente a Panini esperou o lançamento do filme de Zack Snyder para lançar sua edição de Watchmen. Por que será?
adoro os x-men desde criança. quando comecei a comprar hqs, meu vício eram eles. a época do claremont foi a melhor de todas, considero o cara um ótimo artesão. quando ele saiu dos x-men, foi quando eu comecei a desgostar de quadrinhos. até continuei acompanhando, mas a fase lobdell / nicieza logo me encheu. só voltei com o grant morrison e depois com o maravilhoso run do joss whedon. hoje tenho comprado todos os encadernados lançados pela panini, inclusive as fases posteriores (atração fatal, por exemplo). tudo isso pra dizer que eu conheci o claremont antes. acho que o moore, como o grant morrison alfinetou no seu manifesto em x-men widescreen, foi influenciado pelo claremont no começo (capitão britânia realmente é “puro claremont” como o morrison diz). mas o texto foca muito no lado comercial. miracleman encalhar e x-men vender não quer dizer nada em termos de qualidade e importância. sem falar que o autor “esquece” de do inferno, relançado recentemente pela veneta, que na última vez que vi, já tinha vendido mais de 10 mil exemplares (uma graphic novel de 600 páginas e 100 reais, provavelmente a mais densa do moore, muito mais “chata” do que watchmen). e além dos x-men, o que o claremont fez de bom? nada. no lance da política, realmente o moore tem umas ideias erradas, não dá pra negar. mas ele é muito inteligente, e já disse inclusive que não gosta mais de v de vingança. na questão do cinema, porra, o cara vai curtir aquelas bombas? não dá.
Gostei do texto, parabéns. Traz uma visão diferente e isso é importante para não cairmos no lugar-comum. Acabei de voltar de um curso que fala sobre a história das HQs no Brasil e a infinidade de obras relevantes que fracassaram é enorme, seja porque o público não estava preparado para o formato, seja porque não havia como concorrer em um mercado desigual.
O fato é que é muito discutível aferir a importância de um autor por uma visão do que é mais bem sucedido.
Acredito que os dois tem muita relevância para as HQs e ambos são marcos em seus nichos.
Só para colocarmos as coisas em perspectiva, o seu texto vai mais na linha do Alan Moore, de provocar a reflexão sobre o que é lugar-comum (e, nesse caso, dar mais importância para o Moore seria o mais comum), do que do Claremont de provocar o pensamento inclusivo, onde há espaço para os dois (como eu tentei simular aqui, mal e porcamente) e isso não faz o seu texto menos importante e nem o meu mais.
Espero que não se importe com a brincadeira.
Mais uma vez, parabéns pelo texto! Eu realmente gostei!
Abraço
“Eu havia imaginado que o texto ia gerar essa polêmica.”
Pessoalmente acho que seu texto não criou polêmica, o que aconteceu foi que você apresentou argumentos bem falhos no meu ponto de vista.
“Eu adorei Watchmen, mas tenho certeza de que é o tipo de história que a minha esposa detestaria, e muito provavelmente as namoradas, mães, irmãs e esposas da maioria dos que acompanham este site também detestariam.”
É sério isso? Gostaria que se explicasse melhor para entender esta sua afirmação que soa um tanto machista.
Até onde eu sei todas as mulheres que conheço e que leem quadrinhos adoram Watchmen, inclusive minha namorada, hehehe.
“Muita gente adulta e inteligente, mas despretenciosa, que você conhece , talvez, adore ler um gibi da Mõnica, do Pato Donald ou do cowboy Tex Willer, mas acharia uma “merda” qualquer um dos quadrinhos que costumamos chamar de “adultos”.”
Muita gente “adulta e inteligente” adora ler quadrinhos “infantil” e não gosta de quadrinhos de super heróis e vice versa. Toda pessoa que gosta de ler um bom quadrinho vai gostar de ler quadrinhos “adultos”, quem gosta de quadrinhos com pancadaria desenfreada, com roteiros falhos, ira ler tais quadrinhos, é uma simples questão de gosto pessoal. Assim como existem livros para todos os tipos de gosto, qual problema de existir quadrinhos para todos os tipos? Compre aquilo que te faz bem ler.
“Quando Watchmen foi publicada pela primeira vez no Brasil (1988-1989), a minissérie encalhou nas bancas. Só chamou a atenção de quem já era fã do Moore ou que comprava tudo que saía da DC no Brasil. ”
Você não quer que uma obra que tem várias referências filosóficas, politicas, literárias venda o mesmo que Homem-Aranha. Quando Watchmen saiu no Brasil eu tinha apenas 10 anos. Nem passei perto, por motivos óbvios.
Apenas uma observação, da uma lida neste artigo aqui sobre as vendas de Watchmen na época do seu lançamento.
Acho que faltou o artigo que vc citou, Luis. Por favor, coloque o link aí pra gente.
http://www.comichron.com/special/watchmensales.html
Esta ai o link
Obrigado. Muito interessante o artigo, mas quando o autor comentou sobre as vendas de Watchmen ele se referiu especificamente ao mercado brasileiro, que é muito diferente do mercado dos EUA. Curioso que aqui tivemos as edições da Abril e depois da Via Lettera (que não vendeu bem, talvez pela má qualidade – parecia uma xerox colorida da edição da Abril) e a Panini só decidiu fazer uma edição em 2009, quando o filme foi lançado – talvez por entender que a genialidade do Moore não seria suficiente para fazer Watchmen vender por aqui.
Mercado precisa de vendas. Recentemente tivemos a excelente revista do Juiz Dredd cancelada pq não vendia – uma pena.
Em outras palavras: é preciso um Chris Claremont que venda (que veio antes de Moore no mercado de quadrinhos dos EUA, amadurecendo a indústria na Era de Bronze) para garantir que um autor como Alan Moore possa ter seu espaço garantido (que praticamente inaugurou a Era de Ferro).
As obras Promethea e Skizz de Alan Moore são “paródias, releituras ou reformulações de criações alheias” de quem?
Olha, Skizz eu não sei, mas Promethea é uma versão da Mulher-Maravilha. Claro que Moore negará isso até o último fio de sua barba.
Skizz é considerada por muitxs uma mistura do filme ET com uma série britânica chamada Boys From The Black Stuff. Entendo a possível referência visual Wonder Woman… mas o background histórico não tem muito a ver… Promethea nem sequer é uma guerreira, ou uma deusa, mas antes um entidade primordial relacionada a criatividade humana. Fazendo uma analogia tacanha podemos dizer que o valor metafísico dela é equivalente ao dos Old Ones de Lovecraft.
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Num recente número de alguma revista da série Archie (que adoro) houve a quebra de convenções com um casamento entre homens. Muito bom!
Oi, cheguei atrasado porque só vi a chamada do artigo no meu e-mail hoje. Pois é, entendi que a proposta do texto é mostrar que Claremont soube alcançar uma fatia maior do mercado com seus textos sobre o racismo e o preconceito nas sagas dos X-Men, mostrando que existem outros desafios para os heróis combaterem além dos vilões do momento, o de se encaixarem em um mundo que não os aceita por serem diferentes e, mesmo assim, não desistirem de defender a raça que os persegue. Nesse sentido, a mensagem de Claremont é bem mais abrangente e popular do que os trabalhos de Alan Moore. Pessoalmente, considero a passagem de Moore pelo Monstro do Pântano um dos melhores trabalhos feitos para o universo de um personagem regular nas HQs. Watchmen e V de Vingança são também obras muito boas, V de Vingança só peca pela crítica ao sistema político inglês de uma maneira que a obra não acompanha com o passar do tempo, a anarquia é um movimento que perdeu muita força com o passar dos anos e a mensagem de Watchmen não perde sua força, ainda hoje é considerado pela maioria como material obrigatório para quem gosta de HQs e eu concordo. Quando li pela primeira vez em 1988 abri outra visão sobre a forma de se contar uma história em quadrinhos, meu impulso ao ler o final foi de rasgar a revista por causa do destino de Rorschach e relendo depois percebi que era o desfecho inevitável, por mais simpatia que eu tivesse por ele. Procuro ler o material de Moore sem pensar no seu lado anárquico/revoltado, somente pelo prazer de uma boa leitura, briga por briga com outros colegas também falam que John Byrne geralmente acaba suas parcerias de trabalho em desavenças. como aconteceu com Claremont. Creio que ambos são autores ímpares ao seu jeito de contar histórias, Moore gosta de um jeito autoral e Claremont se sente a vontade em trabalhar no Marvel Way de escrever. Abraços!
excelente artigo, apesar do Claremont não escrever mais uma história que preste, ainda sim merece respeito, além disso às vezes acho que endeusam demais o Alan Moore, que também merece respeito, mas às vezes exagera em suas atitudes (li e gostei muito da Before Watchemn do Ozymandias que foi muito criticada por ele), pra mim o melhor roteirista de comics (quando escreve pra DC principalmente) é o Mark Waid.
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Oi, achei seu artigo quando estava buscando fontes de pesquisa para meu TCC que será sobre X-men e os 70. Gostaria de saber se você poderia me indicar fontes quais você retirou essa pesquisa. Grande abraço!
Considere o seguinte:
Eis que você adora chocolate, é o seu doce favorito de todos os tempos. Por uma grande felicidade, há uma confeitaria que faz os bolinhos de chocolate mais deliciosos do universo, tão bons mesmo que eles são vendidos pelo mundo todo, um verdadeiro sucesso. As crianças adoram, e mesmo depois de crescerem continuam amando os bolinhos de chocolate.
Mas eis que um dia chega um confeiteiro novo, e ele impressiona a todos porque é muito hábil no que faz, muito detalhista em suas receitas. Mas há um problema: esse confeiteiro novo NÃO GOSTA de chocolate. na verdade, ele detesta esse doce. Tudo bem, é um direito dele. Mas acontece que o confeiteiro novo acredita que NINGUÉM deveria gostar de chocolate.
Assim, ele decide mudar a receita que fazia sucesso há décadas. Ele substitui o chocolate por merda. Não tem o mesmo gosto, não faz bem nenhum, mas a cor e a textura são parecidas, então basta dizer que é algo mais sofisticado e refinado, e as pessoas vão comprar e adorar. As pessoas estranham no início o gosto desses novos bolinhos de “chocolate”, mas pra não serem chamadas de ignorantes, elogiam bastante a nova receita. Muitos realmente acreditam que gostaram, e até fazem propaganda da nova receita.
O tempo passa, a nova receita se espalhou por toda parte e as pessoas esqueceram da antiga receita. Esqueceram do antigo gosto doce. Esqueceram do chocolate. E por terem esquecido, criticam os poucos que ainda se lembram. Os ridicularizam. Os chamam de infantis. Porque gostar de doce é coisa de criança. Adultos devem comer merda.
Isso foi o que Alan Moore fez pelos quadrinhos de super-heróis. Eis o seu legado. Merda polida.
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Realmente eu era um acólito do Mago mas a sua visão foi certeira! Nunca vi ninguém abordando esse faceta mimética do Moore: os seus personagens são, na maioria, derivações de outros personagens! O velho Claremont (junto com Marv Wolfman e Grant Morrison) merece méritos e o devido respeito também! Ótimo texto!
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