O famoso Studio Ghibli foi fundado por Hayao Miyazaki e Isao Takahata (1935 – 2018) e um dos objetivos dos dois artistas ao fundá-lo era fazer animações que prendessem uma criança por mais de duas horas na frente da tela. Por isso, suas produções são, geralmente, longa-metragem.
Segundo a Netflix serão disponibilizados 21 filmes do estúdio entre fevereiro e abril.
(Clique aqui para ver a parte 2 deste guia, com as animações disponibilizadas em março)
(Clique aqui para ver a parte final deste guia, com as animações disponibilizadas em abril).
Está disponível desde o dia 01 de fevereiro:
Castelo no Céu (1986): dirigido por Hayao Miyazaki, foi a primeira produção feita inteiramente pelo Studio Ghibli. Esta animação é baseada nas história de Jonathan Swift, das As viagens de Guliver, especificamente a terceira parte, em que Guliver encontra a ilha voadora Laputa. Na animação, Sheeta é uma menina que carrega uma pedra mágica que faz as coisas flutuarem. Tentando fugir de piratas e militares que são obcecados por Laputa, ela encontra Pazu, um menino que a ajuda a escapar dos inimigos. Muitas aventuras acontecem nessa viagem de Sheeta.
Meu amigo Totoro (1988): muitos costumam dizer que é a animação mais carismática de Hayao Miyazaki. O filme lembra trechos da literatura infanto-juvenil de Lewis Caroll em Alice no País das Maravilhas. Os filmes de Miyazaki são muito peculiares e meticulosos porque ele não apenas apresentou uma criança de 3 a 4 anos com suas feições físicas, mas com erros na fala, por ainda estar aprendendo a falar, e é daí que vem a palavra de Totoro, pois a garotinha Mei não conseguia dizer Troll corretamente.
O Serviço de Entrega da Kiki (1989): é um filme baseado nos contos de Eiko Kadono, uma escritora japonesa de literatura infanto-juvenil. Curiosamente, esta escritora já esteve no Brasil, morou por dois anos aqui e escreveu Brasil e Meu Amigo Luizinho (Ruijinnyo shonen, Burajiru o tazunete), uma história sobre sua inspiração pela cultura brasileira. Esta animação, de Hayao Miyazaki, conta a transição de uma bruxinha que precisa descobrir que tipo de bruxa ela será. Muitos desafios passam por ela, até mesmo a incerteza se deveria ser uma bruxinha. Toda a ambientação desse filme tem como referência as cidades pequenas da Alemanha.
Memórias de Ontem (1991): dirigido por Isao Takahata. É umas das mais simples e complexas animações desse diretor. Toda a arte possui uma sutileza que, posteriormente, acaba se tornando arte registrada desse artista. Tem momentos em que as cenas parecem sumir da tela, dando mais emoção e sensações à narrativa. Esta animação conta o retorno de uma moça e todas as suas lembranças desde a infância. No decorrer do filme, não sabemos quanto é passado e quando é o presente, ficamos naquela sugestão do tempo e espaço. É um filme reflexivo e encantador!
Porco Rosso – O último herói romântico (1992): de Hayao Miyazaki, é inspirado na vivência de seu pai que fazia timões para aviões de guerra. É um filme cheio de detalhes nos objetos, cenários e gestos dos personagens. Marco Pagot era um piloto de guerra que acabou sendo amaldiçoado e transformado num porco, porém, mesmo com essa feição, muitos da comunidade gostavam dele, menos os piratas do espaço Mamma Aiuto. A beleza dessa animação é o romance entre ele e seu antigo amor Gina, a apresentação da mão de obra feminina que substituíram os homens que foram e se perderam na guerra, a amizade entre Marco e Fio, mas, principalmente, as paisagens e os céus do mar Adriático por onde Marco voa.
Eu posso ouvir o oceano (1993): baseado no romance de Saeko Himuro e dirigido por Tomomi Mochizuki. A ideia do Studio Ghibli era dar oportunidades a jovens funcionários do estúdio para que tentassem produzir algo com qualidade, mas com um orçamento menor. É uma história que aborda um triângulo amoroso entre adolescentes. Uma menina, Rikako, transferida de uma escola em Tóquio para Kochi, uma cidade na ilha Shikoku ao sul do Japão, precisa se adaptar para fazer novos amigos. Toda a arte e desenvolvimento do filme é maravilhosa, porém os filmes desses jovens emergentes do Ghibli não tiveram muita repercussão tanto no Japão quanto no exterior.
Contos de Terramar (2006): esta animação foi feita pelo filho de Hayao Miayzaki, Goro Miyazaki. O filme é baseado nos quatro primeiros livros da série Earthsea da escritora americana Ursula K. Le Guin. É uma história que envolve dragões, magos, traições, mistérios, segredos e aventuras. O mundo está desequilibrado e precisa ser restabelecido, mas para isso é necessário que haja arrependimentos.
Segue a programação de lançamento da Netflix:
01 de março:
Nausicaä do Vale do Vento (1984), Princesa Mononoke (1997), Meus Vizinhos, Os Yamadas (1999), A viagem de Chihiro (2001), O Reino dos Gatos (2002), O mundo dos pequeninos (2010), O conto da Princesa Kaguya (2013)
1 de abril (mas é verdade – ou não):
PomPoko: A Grande Batalha dos Guaxinins (1994), Sussurros do coração (1995), O Castelo animado (2004), Ponyo – uma amizade que veio do mar (2008), Da Colina Kokuriko (2011), Vidas ao Vento (2013), Memórias de Marnie (2014)
Apenas o filme Túmulos de Vagalumes (1995), de Isao Takahata, não acompanha esses lançamentos por causa de um acordo comercial com a distribuidora.
Voltarei a comentar cada um dos filmes conforme forem sendo disponibilizados pela Netflix, então aguardem a parte 2 e 3 deste guia.
Uma dica para quem quer se aprofundar no universo das animações japonesas é a exposição que acontecerá no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo, entre os dias 12 e 24 de fevereiro, “Anime: O Fantástico Mundo das Animações Japoneses”. Além de animações japonesas renomadas como Ghost In the Shell, Akira, Páprika etc. serão exibidos duas animações do Studio Ghibli: O Conto da Princesa Kaguya, Vidas ao Vento.
Este ano de 2020, em que Tóquio sediará as Olimpíadas, parece ter se tornado uma boa oportunidade para vermos e revermos os maravilhosos e encantadores filmes do Studio Ghibli.
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