Quadrinheiros Entrevistam – O Legado de Moya

Depoimentos quadrinheiros e uma entrevista com esse grande mestre.

 

 

 

 

A contribuição à Nona Arte

Por Sidekick

Não é só dos maiores roteiristas e desenhistas que se constrói o universo dos quadrinhos, mas também daqueles que atuam na solidificação e divulgação dessa linguagem. Álvaro de Moya, apesar de também ter sido um ilustrador de relevo, ficou conhecido como um dos maiores entusiastas das Histórias em Quadrinhos. Em 1951 organizou a primeira exposição sobre quadrinhos que não tratava dessa linguagem de maneira pejorativa, mas sim enaltecendo a Nona Arte.

Foi peça central em outros veículos de informação, tendo atuado como um dos diretores da TV Excelsior, uma das experiências mais profundas da televisão brasileira. Mas para o universo dos quadrinhos sua importância não é apenas de entusiasta. Ele foi, junto com o Prof. Waldomiro Vergueiro, um dos fundadores do Observatório de Quadrinhos da ECA-USP. Responsável por traduções importantes para o mundo acadêmico, como o caso de Para Ler o Pato Donald, também é autor de uma das obras referência para qualquer pesquisador de quadrinhos de todas as áreas. Shazam!, é sem dúvida uma das obras mais marcantes na mudança da visão dos quadrinhos de uma linguagem subalterna e marginalizada para uma linguagem autônoma e difundida.

Graças a pesquisadores como ele, e obras como essas, é que hoje em dia os quadrinhos podem ser tratados como peça fundamental na cultura. E essa influência não se restringiu ao Brasil, uma vez que Moya teve papel importante em diversos congressos internacionais, além de conhecer diversas das figuras centrais do mundo dos quadrinhos, como Will Eisner. Seu falecimento, portanto, representa para todo pesquisador e entusiasta, uma das maiores perdas. Sem dúvida ainda ouviremos muito seu nome, leremos muito seus livros e nos referenciaremos muito a esta figura tão única.

 

O humor 

Por Mochi

Os estudos de Moya contribuíram para que outros aficionados por quadrinhos enfrentassem as barreiras acadêmicas para pesquisar esta arte dentro das universidades. Mas além de pesquisador, ilustrador, jornalista, escritor etc. Álvaro de Moya era uma pessoa muito engraçada. Suas histórias, que segundo ele eram verídicas, eram hilárias. Era impossível encontrá-lo e não dar gargalhadas, mesmo que ele já tivesse contado seus causos várias vezes. Fica na memória alguém a quem tive o privilégio de conhecer, de ler seus trabalhos e de dar boas gargalhadas!!!

 

Obra e entrevista

Por Velho Quadrinheiro

Foi como sair de casa pela primeira vez desacompanhado. Era o  primeiro passo pra quem queria crescer, no meu caso, estudando quadrinhos. E lá estava Shazam!, organizado por Álvaro de Moya, referência de referências, altiva e solene, postulada pelo orientador. “Um clássico!” – disse.

Anos depois, fingindo trabalhar num jornal, caiu no meu colo um relançamento das obras de Tintim, de Hergé, pela Companhia das Letras. “Quero um olhar elegante, profundo, para um leitor culto”, pautou o editor. Jeca perdido, caipira do mainstream que sou, não sabia por onde começar. A manicure da prima do namorado de alguém que certa vez emprestou um apontador no cursinho de exatas da rua Acre tinha o telefone de Álvaro de Moya. Liguei. “Posso fazer uma entrevista? Tenho umas dúvidas sobre o Hergé” – gaguejei. “Vou até aí amanhã!”, respondeu Moya, contentão.

Hergé foi colaborador dos nazistas no tempo que a Alemanha invadiu a Bélgica. Quando terminou a guerra, todos os que foram colaboracionistas foram condenados. Algumas pessoas [como Hergé] foram poupadas.

Provocou Álvaro de Moya naquela manhã, 2a ou 3a vez que eu tinha pisado numa redação. O chefe gostou.

Agora, sem jornal nem chefe, só posso lembrar com carinho dele, o Moya, que quebrou meu galho como ninguém poderia.

 

O que dizer?

Por Nerdbully

Depois desses depoimentos, o que dizer além do trivial? Morre o pensador, mas não o pensamento. O diálogo com Moya permanecerá profícuo por meio de suas obras, talvez agora mais constante do que nunca.

*

 

No vídeo, a conversa/entrevista entre Moya e Sidekick na ocasião do lançamento de seu sketchbook pela Editora Criativo em 12/11/16 na Biblioteca Latino-Americana no Memorial da América Latina.

 

 

Sobre Nerdbully

AKA Bruno Andreotti; Historiador e Mestre do Zen Nerdismo
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3 respostas para Quadrinheiros Entrevistam – O Legado de Moya

  1. Mas pq a igreja era contra as HQs ??

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