Preacher e os Supremacistas Brancos

Em épocas de volta de ideias nazistas, é sempre bom revisitar a casa do pastor.

O que poderia ser mais nojento e asqueroso do que a violência gráfica que Garth Ennis proporciona nos quadrinhos? Um grupo de supremacistas brancos lutando pelo seu direito de acabar com a vida de outras pessoas.

Preacher (obra que já foi por nós dissecada) é sempre descrito como violento, sujo e até nojento, porém a violência e cenas absurdas do gibi são justificadas com o contexto da história e a obra em si é muito mais tragável do que diversas atitudes no mundo. Até para um homem que conheceu o Santo dos Assassinos, membros da Ku Klux Klan são intoleráveis.

Um dos arcos mais famosos de Preacher é Salvation. Nesse momento da trama Jesse Custer está vivendo sozinho em uma pequena cidade do sul dos EUA com muitos costumes racistas e está atuando como xerife. Custer irrita algumas pessoas locais e é ameaçado por ninguém menos que a Ku Klux Klan. Nesse momento temos a clássica cena em que JC demonstra total desprezo e despeito por aquelas pessoas.

No decorrer das edições, o protagonista acaba encontrando os membros da KKK em uma reunião e, claro, isso não poderia terminar bem. Garth Ennis sempre representa o grupo ridicularizando-os – desde em seus diálogos mais cotidianos até em suas atitudes monstruosas – e representando-os como pessoas pequenas e fracas, assim como são em nosso contexto também.

Na história, após um discurso de Custer para a KKK e uma briga, JC acaba pegando um deles para dar uma volta de carro e assim temos uma das cenas mais simbólicas de toda a saga do homem que procura Deus.

Infelizmente recentemente a pior parte de Preacher veio à tona. Alguns grupos de extrema-direita protestaram com frases racistas e ódio à diversas minorias e religiões. Por sorte diversos “Jesse Custers” puderam ver como aquilo é absurdo e tentaram interromper aquelas pessoas de protestar. Inclusive as manifestações a partir de agora estão sendo suprimidas por pessoas conscientes que sabem o quão errado e absurdo é aquilo.

O holocausto ocorreu há pouco tempo e temos pessoas dizendo que são nazistas sim e batem no peito com orgulho. Mesmo com tanta informação sobre o evento não podemos saber exatamente o que leva uma pessoa a entrar em um túnel de realidade tão obscuro, podemos apenas nos lamentar e lutar a cada dia para que isso acabe.

Preacher retrata em quadrinhos um evento recente que já se repetiu no passado e provavelmente se repetirá mais algumas vezes. Felizmente a grande maioria sabe o quão problemático foram estes regimes e continuam agindo como Custer em sua história, uma das lições chave que podemos ter de Preacher é sobre como ver  e lidar com essas coisas, nunca de uma forma passiva ou neutra. 

Espero que Custer pregue sua mensagem mais forte do que nunca em tempos de se enfrentar velhos demônios humanos. Histórias como Preacher são mais necessárias do que nunca para tentar clarear a cabeça das pessoas que insistem em não entender o que leem, assistem e jogam por aí.

Nazistas e racistas não passam por JC e sejamos fortes para que não passem por nós também.

Sobre John Holland

Procurando significados em páginas de gibi enquanto viaja pelos trilhos do conhecimento e do metrô. Sempre disposto a discutir ideias e propagar os quadrinhos como forma de estudo, adora principalmente a Vertigo, está sempre disposto a conhecer novos quadrinhos e aprender o máximo de coisas possível!
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