A morte e o Batman de Tom King

Umas das versões mais humanas – e perturbadas – do Batman.

Tom King é autor de algumas das mais interessantes obras recentemente lançadas na indústria de quadrinhos dos EUA, como Visão (Marvel) e O Sherife da Babilônia (DC, Vertigo). Focou seus estudos em história e filosofia, além de ter trabalhado para a CIA em seu Centro de Contra-Terrorismo. Um currículo mais que gabaritado para a missão de assumir o título do Batman na fase Rebirth, em substituição à Scott Snyder. Missão esta que superou as expectativas de grande parte dos fãs do Homem-Morcego.

*Spoilers por todo o texto. Siga por sua conta e risco*

Talvez essa seja a versão do Batman mais humana e mais perturbada dos últimos anos. King fez uma releitura do trauma de Bruce Wayne pela perda dos pais tornando a morte em si uma obsessão do personagem, ao ponto de torná-lo suicida. Este impulso já foi mostrado na primeira história de King no título, em que Batman ruma para a morte certa para evitar a queda de um avião pergunta:

Eles estariam… mãe e pai… Eles estariam orgulhosos? Esta é uma boa morte?

Essa tendência suicida seria explicitada no arco I Am Suicide, onde ele afirma essa intenção com todas as letras, “Eu sou Batman. Eu sou suicida”.

O Batman de King assume que não é feliz ao mesmo tempo em que ama verdadeiramente a Mulher-Gato. Mas até esse amor é visto sob a perspectiva da morte, quando diz a ela que “Quando nos beijamos. A dor vai embora. Porque, por um momento, nós compartilhamos nossas mortes”.

Essa relação com a morte já foi resolvida de certa forma em relação aos pais de Bruce Wayne. Em um monólogo imaginário com sua mãe, ela diz que Bruce não precisa ter uma boa morte para que tenha orgulho do filho.

Já em The Button, Bruce Wayne encontra o Thomas Wayne de Flashpoint (em que Bruce morre e Thomas se torna o Batman), e este lhe diz para que não se torne o Batman, para que encontre a felicidade, para que seja um pai para seu filho e deixe o Batman morrer.

Absolvido por seus pais, Bruce Wayne decide pedir Selina Kyle em casamento. A resposta da Mulher-Gato ainda não foi revelada, pois a cronologia do título está em hiato para uma história em flashback, The War of Jokes and Riddles.

A história de King poderia terminar como um ciclo. O Batman, criado a partir da morte de uma família, morreria para que Bruce Wayne pudesse criar outra.

Ou então, uma possível morte da Mulher-Gato faria o ciclo suicida de Batman se reiniciar.

De uma forma ou de outra, o toque de King ao personagem dá pouca margem para dúvida: a felicidade de Bruce Wayne significa necessariamente a morte de Batman. O tema não é novo e foi mote do arco final do Batman em O Cavaleiro das Trevas Ressurge de Chris Nolan. Resta saber agora como King mostrará o desenlace deste nó insustentável.

Sobre Nerdbully

AKA Bruno Andreotti; Historiador e Mestre do Zen Nerdismo
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4 respostas para A morte e o Batman de Tom King

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