Cosplay, quadrinhos e misoginia

O artista responsável pela série Ex Machina, além de Homem de Ferro, Quarteto Fantástico e Homem Aranha entre outros, foi o pivô de uma interessante discussão sobre sexo (não o ato, mas os gêneros e como eles se relacionam).

Tony Harris

Cansado de tanto ver meninas chamando a atenção (principalmente das câmeras) , fantasiadas de super heroínas ou de personagens do mundo nerd em convenções de quadrinhos, Tony Harris (este belo rapaz na imagem acima) soltou o verbo nas mídias sociais e desceu a lenha no sexo oposto (no sentido não literal da coisa).

Basicamente o que ele disse é que não aguenta mais ver meninas cosplayers em convenções de quadrinhos usando roupas que deixam o corpo delas 80% descobertos. Meninas que não entendem nada de quadrinhos e no fundo desprezam os nerds que ficam babando atrás delas sem coragem de puxar conversa, meninas que não têm mas acham que tem corpos esculturais, e que acima de tudo só querem atenção. Mentirosas, falsas, dissimuladas, tenho nojo de vocês….

Cosplay

O site da revista DEATHANDTAXES publicou o comentário do artista e chamou a cosplayer Becki Watts (a Mulher Gato na imagem abaixo) para fazer suas considerações.  Ela diz basicamente que antes de mais nada meninas podem gostar de quadrinhos, ficção cientifica, games, anime ou do que mais elas quiserem. Além disso se a menina fez a roupa, dedicando tempo e energia naquilo, e saiu encarnando a personagem em público é porque ela tem orgulho do trabalho que fez (assim como o artista tem orgulho do desenho dele). Só porque meninas cosplayers deixam os homens desconcertados isso não da o direito a eles de definir o papel delas no universo (mesmo que seja no pequeno  universo nerd cosplayer de convenção de quadrinhos).

Becki Watts

O machismo sem duvida faz parte desse universo, afinal de contas a maioria do público que consome quadrinhos, animes, games, etc, é de homens, os autores e artistas são homens (majoritariamente), as histórias giram em torno do combate, da guerra, dos super poderes, enfim, testosterona pura. As personagens femininas (super heroínas) são ao mesmo tempo vítimas e contrapontos a essa mentalidade. Elas representam a igualdade de valores morais, de poder, são inspiração para outras mulheres, mas ao mesmo tempo são tratadas como objetos sexuais (por artistas e roteiristas e por isso podem ser vistas com inferiores porque objetos). Mas existe uma distância entre se achar superior e sentir ódio.

Vamos estabelecer alguns parâmetros. Misoginia é ódio ao sexo feminino, diferente de sexismo que é a superioridade de um dos gêneros diante dos outros, ou machismo que é mais especificamente a ideia da superioridade do homem em relação a mulher (ou a qualquer outro gênero).

O machismo é a regra no mundo globalizado mesmo que algumas culturas ainda resistam. O capitalismo (competição, guerra, poder) reflete esses valores que descendem de religiões patriarcais, clãs e até mesmo de aspectos biológicos de força e resistência  O feminismo contemporâneo é a tentativa de equalizar o papel de homens e mulheres (diferente do machismo que vê o homem como superior).

Olhar a pele exposta ou as curvas do corpo de uma mulher (fantasiada de Mulher Gato ou simplesmente correndo de shorts e camiseta), e sentir desejo sexual, é apenas um reflexo biológico completamente normal. Na mesma situação, achar que isso é um sinal claro que essa mulher está louca pra fazer sexo com o primeiro homem que aparecer (você, claro!),  justificar o estupro por causa da roupa “provocativa” que a mulher usa, rotulá-la de vagabunda, piranha, safada, vadia, etc, é legitimar a violência (misoginia) baseado na ideia de superioridade (machismo).

Talvez não seja justo num concurso de cosplay o primeiro lugar ficar com a menina que esta com a fantasia mais, digamos assim, reveladora, ao invés da fantasia mais elaborada e bem executada, já que o voto popular tem um peso grande. Talvez escolher emular o uniforme de personagens femininas que tem um apelo sexual muito forte (personagens que foram criadas dentro da lógica machista da mulher como objeto), apenas reforce o machismo intrínseco. Mas independente disso tudo nada justifica a violência. Misoginia não é tolerável, não pode ser apenas lamentada, tem que ser banida e repudiada.

Tony Harris, como cronista da vida real você é um ótimo desenhista. Limite-se a isso…

Para uma visão critica ácida sobre o papel da mulher no mundo dos quadrinhos de super heróris vale a pela ler “The Pro” do Garth Ennis. Para uma compreensão mais profunda do papel da mulher no cosmos eu recomendo “Promethea” do Alan Moore.

250px-Promethea

Sobre Picareta Psíquico

Uma ideia na cabeça e uma história em quadrinhos na mão.
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45 respostas para Cosplay, quadrinhos e misoginia

  1. Velho Quadrinheiro disse:

    Pra uma referência relativamente recente tem a “nova” Capitã Marvel, puta duma heroína fodona e sem apelação:

    Não que faltem clássicos, como a Mulher-Maravilha, numa fase boa escrita pelo Brian Azarello,

    ou a Tempestade, única personagem cascuda em meio àquele bando de chorões dos X-Men dos anos 80. Plus, moicanão again em janeiro!

  2. marcelocetico disse:

    Mais um mangina puxando saco de vagabundas. Vira homem seu desgraçado. E convenhamos que puta baranga ridícula essa “mulher gato”.

  3. É fato que atitudes como essa são frutos de machismo e misoginia (assim como comentário do inconveniente acima), mas não podemos nos esquecer que, mesmo sendo um desenhista excêntrico, o mesmo tem seus motivos para achar cosplays com forte apelo sexual, algumas vezes desnecessário, uma ofensa pessoal, pois os quadrinhos são o sentido de sua vida, se lugar no mundo. Transverter uma figura que para ele significa algo digno é horrendo, o mesmo vale para um religioso que se depara com uma afronta ao seu deus (sátiras religiosas), ou um fã de metal ao se encontrar com um funkeiro (que seria algo como um atentado à boa música). Claro, elevar essa indignação à violência e intolerância é ser extremista, sempre a pior saída, mas gostaria de deixar claro que toda história tem diversos pontos e argumentos, pois o pobre Harris me pareceu crucificado no artigo.

    Parabenizo o blog pelo conteúdo, finalmente algo mais que top 10 quadrinhos da história, ou biografias de personagens que todos conhecemos.

    • Matheus obrigado por acompanhar o blog!
      O problema da postura do Harris (e por isso ele foi crucificado) é que ele não questiona o fato de meninas emularem as personagens de roupa colada e por vezes semi nuas (que ele mesmo desenha) como uma assimilação da cultura machista intrinseca ao meio. Ele se indigna porque considera essas meninas burras, gordas e prepotentes. Ele pediu pra apanhar.
      O artigo tambem não aprofunda a discussão quando procura uma cosplayer pra rebater o comentário dele. Apena busca criar polêmica.
      Concordo com o sua comparação que cita estilos musicais diferentes, mas a indignação que surge quando um fâ de metal encontra um fã de funk (devidamente trajados de acordo) está na superficialidade do rótulo. A violência já esta ali ao não se reconhecer o humano que existe no outro (e toda a complexidade que isso significa para além do gosto musical).
      O nosso amigo Harris usa seu rótulo de desenhista de quadrinhos pra justificar sua intolerância a um outro rótulo que ele define e critica.
      Naõ há defesa racional possível pra esse tipo de atitude.
      Abs!

    • Aline Marques disse:

      Acho estranho quando procuram justificativas pra quem não precisa (“agressores”) e intolerante com quem precisa (“vítimas”). Sexismo não é justificável em nenhum lugar.

  4. Thiago disse:

    Na cabeça de certas pessoas qualquer opinião que desagrade as “mulheres” é considerada “misoginia”, engraçado que quando as mulheres falam que homem não presta pra nada, que é um mal necessário ninguém diz que ela é misândrica ou tem ódio de homem, geralmente as pessoas ainda batem palma afirmando que ela tem razão. No mais ele falou uma verdade, a maioria dessas mulheres que vão a esses eventos não sabem nada sobre quadrinhos e só vão lá para aparecer mesmo.

    • Nerdbully disse:

      Uma coisa é dizer bobagens em uma conversa casual, outra bem diferente é o que o artigo mostrou, ou seja, o fato de Tony Harris rótulo de desenhista de quadrinhos pra justificar uma intolerância. O machismo e a misoginia – até misandria – estão ao alcance de todos.

    • Ga disse:

      Dizer que homem não presta tbm é consequência do machismo, vem daquela ideia de que eles só pensam em sexo, não tem sentimentos, etc.

    • Ben Hazrael disse:

      Conheço muitas pessoas que, no clima de uma moda literária como a atual em torno das Crônicas de Gelo e Fogo, vão aos eventos e, verdade seja dita, não entendem bulhufas o que se passa em Westeros, quais são as Cidades Livres, quem é quem na Casa Targaryen, etc. Homens e Mulheres. Devemos considera-l@s indesejáveis nas convenções literárias?

  5. Laster disse:

    Independente se a mulher sabe ou náo de quadrinhos, se ela acompanha ou nao. O que a mulher procura hoje em dia é tratar-se mais e mais como objeto, buscar ser desejada.
    Elas querem se sentir desejadas e fazer o que bem entenderem, querem o libertinismo sem responsabilidades, sem limites, querem e se fazem de putas em via pública, pois suas roupas vulgarizam seu corpo de tal forma que nada ficam devendo äs profissionais do sexo, depois ainda querem ser respeitadas e ditas como mulheres de família.
    Elas precisam exteriorizar ao máximo e erotizar ao máximo isso tudo, colocando nádegas e peitos de fora. Precisam mostrar as coxas, colocar decote enorme, fazer posesinha sensual com dedinho na boca e postar na internet dizendo que foi pra mostrar a fantasia, o cosplay.
    Sao essas mesmas que vao lutar por seus direitos com os peitos de fora acreditando que conseguirao alguma coisa. No fim conseguem é só um bando de homens batendo punheta pra elas e nada mais. A mulher virou objeto e se faz de objeto cada dia mais, elas apreciam isso, apreciam o desejo do homens, ter um bando de coitados babando por elas, parece ser esse o papel dela dentro da sociedade e elas com suas atitudes parecem querer mostrar que é isso mesmo. Depois vem falar que o machismo trata a mulher como objeto, mas elas mesmas se fazem de objeto, carnes dependuradas em vitrine feito feira livre.
    Misoginia é o cara repudiar elas pelo simples fato de ser mulheres. Agora o cara exigir respeito por seu trabalho e uma atitude moral melhor por parte das mulheres é misoginia na mente doente de alguns.
    Independente se a mulher é feia, gorda, gostosa, tesuda, inteligente, burra, mas isso se tornou regra geral no mundo feminino. É só ir em qualquer balada de fim de semana pra vc ver.

    • Nerdbully disse:

      Frequente lugares melhores.

    • Exigir respeito é autoritário (portanto violento). Respeito se conquista, não se exige. Ao exigir se espera que o outro se submeta, e a submissão das mulheres aos homens não é mais uma possibilidade desde que a força física deixou de ser o principal balizador das relações de gênero (o que aconteceu só no século XX). Se as mulheres se comportam da forma como você descreveu é porque elas continuam a pensar a partir da ótica machista (libertinismo sem responsabilidades, sem limites…), mas sem a submissão do passado.
      Não concordar com o comportamento machista das mulheres é uma coisa, mas rotulá-las de putas ou mulheres de família baseado numa moral do século XIX é misoginia meu caro.

  6. Koppe disse:

    Basicamente o que ele disse é que não aguenta mais ver meninas cosplayers em convenções de quadrinhos usando roupas que deixam o corpo delas 80% descobertos.
    Proponho fazermos uma vaquinha para comprar uma passagem (só de ida) pro Afeganistão e dar de presente pra ele. Lá ele vai ser feliz, já que as meninas afegãs costumam deixar porcentagens menores do corpo descobertas.

    Meninas que não entendem nada de quadrinhos
    Desafio alguém a citar o artigo do código penal onde fica caracterizado como crime “não entender de quadrinhos”. Imagino que nem no regulamento das próprias convenções exista alguma proibição para quem não entende.

    e no fundo desprezam os nerds
    Desprezam tanto que ficam no meio deles e seguem a cartilha da ‘subcultura nerd’, se vestindo como personagens que a princípio só nerds conhecem?

    que ficam babando atrás delas sem coragem de puxar conversa,
    Aí é um problema deles, e não delas… e o ponto central dessa questão. Por que ele não critica esses nerds em vez de criticar as cosplayers? Afinal, se elas forem mesmo como ele diz, e estiverem lá só pela atenção, então a culpa seria toda deles, que alimentam isso dando a atenção que elas querem. Mas é claro, não ficaria bem um artista puxar a orelha daqueles que compram suas obras e financiam seu trabalho, não é?… melhor chamar atenção criando polêmica com um alvo mais fácil.

    meninas que não têm mas acham que tem corpos esculturais
    Ou seja, na opinião do artista quem não tiver um corpo de acordo com os padrões de beleza deve se abster de fazer cosplay. Esse tipo de declaração serve pra reforçar esses padrões. A indústria da moda, das cirurgias estéticas, das próteses de silicone, das dietas milagrosas e dos remédios emagrecedores milagrosos agradece a força…

    e que acima de tudo só querem atenção.
    Entre chamar atenção fazendo um cosplay sensual, e chamar atenção fazendo polemiquinhas mimimi com as cosplayers, qual é a alternativa mais digna?

    Mentirosas, falsas, dissimuladas, tenho nojo de vocês…
    Essa parte nem preciso comentar, ela fala por si só…

  7. marcus disse:

    Não entendi como voce associa o conceito de misoginia, que é ódio ao gênero feminino (todas as mulheres), se o artista em questão direcionou a sua crítica, mesmo tendo exagerado, a um pequeno grupo de mulheres (as cosplayers de convenção de quadrinhos). Chamá-lo de misógino é injusto.

    • Nerdbully disse:

      É que o autor do texto provavelmente não conhece (e eu também não) uma palavra que se refira especificamente à misoginia aplicada somente para as cosplayers de convenção de quadrinhos. Quem conhecer por favor compartilhe conosco.

    • Misoginia é ódio a mulheres, a todas e a qualquer uma. Claro que se você tiver ódio ao nazismo e encontrar uma mulher nazista, a intolerância que você vai ter por ela não é misoginia porque você não aceita a ideia que ela segue. Mas se você começar a xingar essa mulher que defende o nazismo de vagabunda, frigida, gorda, burra, e finalizar com um “tinha que ser mulher”, ai é misoginia meu jovem. Não existe meio pecado nem meia virtude…

    • Então eu posso descriminar um grupo se ele for pequeno e reservado? Tipo, “eu acho os judeus de cabelo preto um bando de imprestável” já que são só não gosto de judeus de cabelo preto ta tudo bem, não é antissemitismo da minha parte ?

      • Oi Luis! Dois problemas ai:

        1 – a ADJETIVAÇÃO. Explico – no caso você usou o termo IMPRESTÁVEL. Esse termo se refere a um valor, está avaliando se a pessoa PRESTA ou NÃO PRESTA. A cor do cabelo e a etnia/gênero/religião de pessoa não influenciam nessa avaliação. Portanto o comentário – “eu acho os judeus de cabelo preto um bando de imprestável” – não faz sentido, é irracional e por isso mesmo preconceituosa.

        2 – a GENERALIZAÇÃO. Quando você diz “um bando”, você iguala todas as pessoas que tem as características citadas antes – no caso “judeus de cabelo preto”. As pessoas são indivíduos únicos, e mesmo que tenham características comuns, não podem ser pasteurizadas de maneira tão superficial.

        Resumo da ópera – não pode discriminar ninguém!

        No comentário anterior eu não disse que a discordância em relação a postura política de outra pessoa permite discriminar essa pessoa. Se eu não tolerar que alguém defenda ideias nazistas eu vou contrargumentar as ideias que essa pessoa defende, sem adjetivá-la ou generalizá-la.

  8. Natasha disse:

    Bom… meu comentário é simples acerca dessa ignorancia…

    Os cosplayers se baseiam na vestimenta original, aquela q aparece no quadrinho, no desenhom no jogo… enfim!

    O gatinho ali de cima acha lindo que a personagem q ele criou tenha pouca roupa… mas acha inconcebível que uma mulher real use esse mesmo figurino…

    Isso só me faz pensar que ele não vê as personagens como mulheres… já q faz tante distinção…

    Espero q as pessoas livrem-se desse pensamento arcaico…
    Gosto de algumas coisas citadas a cima, apesar de nunca ter me interessado em fazer algum cosplay… e não gosto pra ter nerd “babando” por mim… isso eh pura estupidez…

    Parabéns ao autor do texto… =)

  9. Sabe, toda vez que leio algo sobre misoginia ou machismo (principalmente os comentários em blogs ou em postagens do facebook) eu tenho vontade de dar ragequit na internet (e às vezes até na humanidade). É a primeira vez em muito tempo que leio um texto tão bom e com comentários tão lúcidos ao fim dele. O autor e (em sua maioria) as pessoas que comentaram estão de parabéns. Faith in humanity: restored!

  10. Fantástico o texto. O comentário dx Koppe também. ♥

  11. Luiz Felipe disse:

    Engraçado que o comentário QUE FAZ MAIS SENTIDO NESSA POSTAGEM, o autor não respondeu.

    “Koppe disse:
    2 de janeiro de 2013 às 5:39
    [i]Basicamente o que ele disse é que não aguenta mais ver meninas cosplayers em convenções de quadrinhos usando roupas que deixam o corpo delas 80% descobertos.[/i]
    Proponho fazermos uma vaquinha para comprar uma passagem (só de ida) pro Afeganistão e dar de presente pra ele. Lá ele vai ser feliz, já que as meninas afegãs costumam deixar porcentagens menores do corpo descobertas.

    [i]Meninas que não entendem nada de quadrinhos[/i]
    Desafio alguém a citar o artigo do código penal onde fica caracterizado como crime “não entender de quadrinhos”. Imagino que nem no regulamento das próprias convenções exista alguma proibição para quem não entende.

    [i]e no fundo desprezam os nerds[/i]
    Desprezam tanto que ficam no meio deles e seguem a cartilha da ‘subcultura nerd’, se vestindo como personagens que a princípio só nerds conhecem?

    [i]que ficam babando atrás delas sem coragem de puxar conversa,[/i]
    Aí é um problema deles, e não delas… e o ponto central dessa questão. Por que ele não critica esses nerds em vez de criticar as cosplayers? Afinal, se elas forem mesmo como ele diz, e estiverem lá só pela atenção, então a culpa seria toda deles, que alimentam isso dando a atenção que elas querem. Mas é claro, não ficaria bem um artista puxar a orelha daqueles que compram suas obras e financiam seu trabalho, não é?… melhor chamar atenção criando polêmica com um alvo mais fácil.

    [i]meninas que não têm mas acham que tem corpos esculturais[/i]
    Ou seja, na opinião do artista quem não tiver um corpo de acordo com os padrões de beleza deve se abster de fazer cosplay. Esse tipo de declaração serve pra reforçar esses padrões. A indústria da moda, das cirurgias estéticas, das próteses de silicone, das dietas milagrosas e dos remédios emagrecedores milagrosos agradece a força…

    [i]e que acima de tudo só querem atenção.[/i]
    Entre chamar atenção fazendo um cosplay sensual, e chamar atenção fazendo polemiquinhas mimimi com as cosplayers, qual é a alternativa mais digna?

    [i]Mentirosas, falsas, dissimuladas, tenho nojo de vocês…[/i]
    Essa parte nem preciso comentar, ela fala por si só…”

    Obrigado, Koppe, por manter a sanidade desse post.
    Não há problema NENHUM a mulher se vestir de uma forma “digamos assim, reveladora”.
    E francamente, achar que a mulher é objeto só pelos desenhos exagerados dos desenhistas (e pelas mulheres que se inspiram nestes desenhos)?
    Só vejo hipocrisia.

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  15. Hike Jhp disse:

    Achei deveras pertinente o comentário dele. Se a moça discordou, tudo bem, há mulheres e mulheres… assim como há homens e homens.

    Para uma ideologia avessa a “generalizações” o feminismo é bem generalista com os homens.

    E, sim, esta questão está com o feminismo debruçado no cerne dela.

  16. Pertinente no sentido de pertencer a um determinado modo de ver o mundo, de ter importância dentro de um certa generalização. Qualquer questão que se origine de uma visão simplificada terá seu contraponto inevitavelmente sinalizando a simplificação oposta. Mas no caso do machismo X feminismo (e de outras situações similares) a “generalização” é mais intolerante do lado machista, e isso por um motivo muito simples – hegemonia. Essa relação entre opressor e oprimido tem aspectos coletivos (como na leitura Marxista de Paulo Freire) e aspectos psicológico (como na visão psicanalítica/Jungana de Laura Gutman) que se retroalimentam. Nas palavras de Freire – Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor. Nesse sentido o oprimido (no caso qui desse post – as mulheres) e o contraponto que ele faz é, ou pode ser, libertador quando quer desconstruir essa relação de oposição. Mas também pode ser opressor quando passa a agir como usurpador dessa hegemonia.

  17. Carlos disse:

    Homem tratando a mulher como objeto, chamando de gostosa e de outras formas vultares: Machista.
    Homem critica a vestimenta de uma mulher, tentando resguardar a imagem delas: Machista.
    Mulher critica a vestimenta de outra mulher, tentando resguardar a sua imagem: Machista.
    Mulher se trata como objeto, vestindo-se de forma vulgar em público roupas que cobrem menos de 20%: Machista.

    Ou seja, se você abrir o bico para dizer qual é a sua opinião sobre ALGUMAS mulheres, não importando o gênero o qual você pertence, você é um(a) Machista. Isso porque existe um grupo político esquerdista, marxista e totalitário, chamado feminismo, que tem o poder de impedir qualquer tipo de opinião a respeito do seu grupo. Para mim o motivo disso é claro: As feministas, assim como todo esquerdista, utiliza falsos argumentos de “classe oprimida” para se beneficiarem. As pessoas que se sentirem ofendidas pela suposta opinião “machista”, irão votar em partidos políticos que seguem princípios feministas/esquerdistas/marxistas para que leis de censura sejam criadas. E é assim que os esquerdistas adquirem cada vez mais dinheiro e poder.

    Misoginia: O velho argumento ad hominem da esquerda. Quer dizer que o fato do cara opinar sobre o tipo de vestimenta de meia dúzia de meninas faz dele um odiador de TODO O GÊNERO FEMININO? Explique-me como por favor.

    Uma pessoa acima disse que não existe nenhuma lei onde é dito que é proibido as meninas fazerem cosplayer. Sobre cosplayers eu acho que não, mas na lei tem uma coisa chamada atentado ao pudor. Dependendo o nível do cosplay, acho que essa lei pode ser pode ser utilizada. Agora uma lei que não existe, apesar dos esquerdistas a desejarem muito que fosse ao contrário, é a do crime de opinião. Por enquanto, ainda existe uma coisinha que os esquerdistas odeiam muito chamada “liberdade de expressão”.

    Resumindo o texto do autor:
    Critique o comportamento de uma mulher e você se tornará odiador de todos.
    Queremos censura para aqueles que tiverem opinião contrária a minha ou a do meu grupo.

    Típico padrão esquerdista.

  18. Meu caro Carlos

    Um pequeno resumo do século XX – A I Guerra põe fim aos últimos regimes monárquicos da Europa, isso significa que a partir dai os países terão regimes de Estado (que tem vários modelos possíveis de gestão porque ainda são ligados as tradições de cada povo). A II Guerra e o holocausto trás o questionamento sobre a natureza humana. Essa reflexão revê o que tinha sido pensado antes (Freud, Nietzsche, etc) e propõe novas ideias (Arendt, Fromm, Frankl), que levam ao conceito de Direitos Humanos (uma ética universal). A ideia de que num certo nível somos todos iguais e por isso temos os mesmos direitos estabelece um novo contrato social (dessa vez global) e a partir daí começam as lutas pelos direitos (esses mesmos universais) das minorias (como o movimento pelos direitos civis de Martin Luther King). No Brasil a ditadura nos isola do resto do mundo e por isso (e pela repressão) não participamos desse momento. Com a redemocratização começamos o nosso processo de aprofundamento nessa ética universal. A democracia no Brasil é das mais pungentes. Diferente de outros países, nós tivemos diferentes presidentes que representam diferentes atores do jogo democrático (o velho coronel, o novo coronel, o sociólogo, o sindicalista, a guerrilheira). Hoje discutimos formas mais aprofundadas de participação democrática, muito influenciados pelas novas mídias e pela velocidade da comunicação.
    Os Direitos Humanos como o novo paradigma, o aprofundamento da democracia e a busca da equidade entre todos (no caso a busca da equidade entre homens e mulheres = feminismo) são todos movimentos que podem ser sim considerados de esquerda. Mesmo os sistemas econômicos devem se submeter a esse novo paradigma que é centrado no ser humano (individual e coletivamente).
    Qualquer radicalismo é burro, mas negar a realidade também é. A extrema esquerda (de discussão rasa como em geral acontece) é uma fantasia, mas a ética universal é um fato cada vez mais concreto.

    Abs

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  20. Bruno Garcia disse:

    Para mim essa imagem resume tudo:

  21. Pingback: Para quem escrevemos? | Quadrinheiros

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