A palavra “bárbaros” vem do grego e significa algo como “tagarela”. Para os ouvidos helênicos, tudo que não era grego soava como algo estranho, indecifrável (“bar bar bar”, uma espécie de onomatopeia). No final do Império Romano a palavra denominava genericamente todos os estrangeiros que não compartilhavam da cultura e língua romana, o latim. Por extensão denominava os que não eram civilizados tendo como referência os parâmetros de civilidade romana. Isso você deveria lembrar de suas aulas de História.
Mas na cultura pop e graças a Robert E. Howard a palavra é impossível de ser dissociada de músculos anabolizados à mostra, tanga e violência. Brincadeiras à parte, é inegável que, ao conceber Conan, Howard criou uma espécie de arquétipo que povoa as mais diferentes mídias.
Essa é uma lista de cinco personagens que se inspiraram na criação do texano, mas que conseguiram deixar sua própria marca de originalidade.
Wolff (1971)
Criado por Esteban Maroto para a revista Dracula. O diferencial do personagem está na elegância do traço do desenho dos ambientes de Maroto, criando uma atmosfera única, conforme comenta Juan Miguel Aguilera em sua introdução para a obra Espadas e Bruxas, do Pipoca e Nanquim.
Dax (1972)
Também de autoria de Esteban Maroto. Na mesma obra citada acima, Aguilera pontua que o personagem tinha um tom mais luminoso, com sabor dos mitos populares do Mediterrâneo, numa ambientação inspirada por As Mil e Uma Noites.
Sláine (1983)
Um bárbaro da cultura celta criado por Pat Mills e Angela Kincaid, publicado na 2000 AD. Destaque para seu companheiro, o anão Ukko, que garante o alívio cômico das histórias.
Brakan (1986)
Criado por Mozart Couto, nosso bárbaro brazuca vive suas aventuras em uma era perdida no tempo, com os melhores elementos do gênero espada e feitiçaria. Temido pelos poderosos por fazer justiça a seu modo, comenta Franco de Rosa no Grande Almanaque de Super-Heróis Brasileiros.
Rei Mongrel (2019)
Personagem que protagoniza a série Berserker Unbound de Mike Deodato e Jeff Lemire. A amizade entre o protagonista e o personagem Cobb é o elemento que o torna único.
Qual bárbaro você colocaria nessa lista?
Conhecia superficialmente Sláine, mas nenhum dentre os outros. Acho que faltou mencionar Fafhrd de Swords in The Mist, de Fritz Leiber, dentre outros livros Fafhrd & Grey Mouser, a eterna dupla. Foi Leiber quem criou e difundiu, e não Howard, o termo Sword & Sorcery. Conan, entretanto, passou no teste do tempo, de fato, é algo atemporal, talvez mesmo acultural.
Acho a mitologia dos super-heróis infantil e tediosa, e as possibilidades contidas numa boa história de Espada & Feitiçaria são infinitamente mais interessantes. É fascinante o traçado de Esteban Maroto, mas, infelizmente, os EUA não importam entretenimento, e nós não importamos entretenimento algum que não venha dos EUA, então…
Ola, Caio. Sim, foi Lieber quem criou e difundiu o termo, mas para definir a obra de Howard, em resposta à questão posta por Michael Moorcock. Só não coloquei Fafhrd na lista pq me concentrei em bárbaros dos quadrinhos, mas sem dúvida é um bárbaro que vale a pena ser lembrado. Acho que sempre depende de quem escreve a história. A superaventura e a espada e feitiçaria, cada uma a seu modo, tem seus limites e potencialidades. Obrigado pela leitura e abraço!
Faltaram Asterix e Obelix! Eles são ótimos e apesar de caricaturizados dentro dos elementos de Cultura e acepção dos Gauleses pelos Romanos, eles rendem ótimas risadas e possuem uma inocência genuína ! Quem nunca gostou de ver uma legião Romana inteira sendo jogada a quilômetros de distância pelos dois Gauleses imbatíveis? Um abração! A matéria foi simplesmente fantástica!
Verdade, acho que me concentrei muito em bárbaros que lembram Conan, mas com certeza Asterix e Obelix poderiam figurar na lista. Obrigado e abraço.