A DC chamou a equipe criativa da série Invisible Republic (da Image Comics) pra reinventar o Lanterna Verde e o resultado é excelente!
A série Earth One da DC, que já trouxe histórias do Superman, Mulher-Maravilha, e Batman, tem altos e baixos. Reimaginar a origem de personagens que tem tantos seguidores fiéis é sempre um desafio, e com as redes sociais amplificando os descontentamentos, tudo fica mais complicado. Mesmo assim tanto Marvel quanto DC continuam insistindo em novas abordagens, mais complexas e mais diversas para seus universos. Esse é o caso de Green Lantern – Earth One, que foi publicado nos EUA em 2018 e chegou agora por aqui (o segundo arco foi publicado lá fora em agosto de 2020 e a história terá pelo menos mais um arco, ainda sem data de publicação).
A Ferris Air, empresa aérea de Carol Ferris, na versão original, aqui é a Ferris Galatic, que trabalha com mineração de asteróides no espaço próximo. E Hal Jordan é um empregado de uma das equipes, preocupado em encontrar algo de valor para permanecer no espaço e receber um bom pagamento pelo trabalho. Muitos comentaristas viram nesse começo da narrativa semelhanças com o filem Alien – O Oitavo Passageiro de Ridley Scott.
Outro paralelo interessante com outras referências do syfy é Star Wars e a busca de Luke pela orgem dos Jedi. Em Green Lantern – Earth One a tropa dos Lanternas Verdes não existe há muito tempo. Tudo que se sabe sobre ela são lendas contadas de uma geração para a outra. Quando Hal encontra o anel e sai em busca de respostas, ele encontra rostos conhecidos da versão original, como Kilowog, mas ao mesmo tempo descobre que todos sabem quase nada sobre o anel e suas propriedades.
Os autores dessa reinvenção do Lanterna Verde são o casal Corinna Bechko (roteiro) e Gabriel Hardman (roteiro e desenhos), além das cores de Jordan Boyd. Esse trio já colaborou em histórias de Star Wars e na série Invisible Republic (da Image). O que eles gostam de fazer é algo que eles nomearam de poli-syfy (ficção científica política).
Invisible Republic é o melhor exemplo disso. No futuro um regime autoritário está ruindo (seu lider foi deposto), e, na transição para um novo regime, um jornalista investiga um diário de uma mulher que parece não ter existido. A narrativa intercala entre presente (o jornalista investigando o diário durante a transição), e passado (a personagem escrevendo seu diário durante o estabelecimento do regime autoritário). O ponto da história é mostrar que os vencedores escrevem a história segundo seus interesses, e que algumas verdades só emergem quando os poderosos perdem força. Até a próxima onda de opressão e força ascender.
No final da primeira edição de Invisible Republic, Corinna Bechko escreve um comentário sobre a história do imperador Genghis Kahn. Ela nos conta que durante seu regime, as mulheres da familia Kahn eram senhoras de vastos territórios. Com a morte do imperador, seus filhos e filhas passaram a disputar a posição do pai, sem sucesso. O que era uma disputa pela posição de chefe da família, logo passou a ser um apagamento das mulheres (tanto da nobreza quanto do povo), através de leis que proibiam as mulheres de ter cargos políticos, por exemplo. Até os registros dos elogios de Genghis Kahn foram adulterados para que a história não contasse nada de excepcional sobre elas.
Voltando à Green Lantern – Earth One, entre o trabalho de mineração e a descoberta do anel, ficamos sabendo que a Terra é governada por uma ditadura (um partido único global). Ainda que a historia desse primeiro arco se concentre na busca de Hal Jordan pela Tropa dos Lanternas Verdes, os próximos arcos prometem debates políticos bem interessantes. É uma nova forma de trazer temas sociais que foram tão importantes em fases do Lanterna Verde canônico (especialmente sua fase com Arqueiro Verde, marco da Era de Bronze), aclamadas pelo público e pela crítica.
É o melhor Earth One até aqui!
Concordo!! Muito bom!! E o número 2 tb foi muito bom a meu ver.