Como assistir Star Wars?

star-wars-logo_k6qfMais um filme, mais um spin off, mais informações desse gigantesco universo que é Star Wars.

Mas, e para quem é novo, por onde começar e para onde ir?

Para estas e outras perguntas, aqui vai um indicativo de caminhos! A ideia não é tapar todas as lacunas, o que é impossível diante do vasto repertório que compõe o universo de Star Wars. Espera-se aqui levantar alguns pontos imprescindíveis para o novo espectador. Apresentar algumas possibilidades de caminho para compreender por que, mesmo que você não goste, deve conhecer esta saga.

ATENÇÃO: Star Wars se tornou um dos maiores marcos culturais de todo o planeta. As informações que seriam mais cruciais ou necessárias são praticamente de domínio público. Mas se você não conhece nada sobre a saga, esteja avisado, este post contém SPOILERS!

Com as novas sequências do Universo Star Wars, muitas pessoas têm tentado acompanhar e entender todo o universo. Se antes, com apenas 3 filmes, já era algo complicado, mais difícil agora que estamos chegando no oitavo filme. Isso sem levar em conta os quadrinhos, as séries animadas, os jogos e os livros, tanto os oficiais como os feitos por fãs. São informações demais para tão pouco tempo. Só de filmes da história central são pouco menos de 16 horas de narrativa.

Depois do primeiro filme, lançado em 1977, estamos chegando à um marco raro na história do cinema – semelhante talvez apenas a James Bond, ou Star Trek. Uma mesma narrativa sendo produzida de forma consistente há 39 anos. Há méritos que fazem com que qualquer fã de cinema tenha quase uma obrigação de assistir à saga: como a inovação tecnológica, o impacto cultural, a transposição da história para diferentes mídias, etc…

Isso tudo, na verdade, gira em torno de questões essenciais. O monomito clássico. Conceito que transita entre a antropologia, a psicanálise e a sociologia, já vem sendo utilizado pelos historiadores para compreender as produções culturais dos anos 80 até hoje em dia. Essa é a razão para que mesmo uma produção “sugadora de dinheiro” tenha seu valor inquestionável.

StarWars

O primeiro ponto de parada neste guia é a ordem dos filmes. George Lucas escreveu uma história na qual ele não começou pelo começo. Ou começou. De acordo com ele mesmo, usando a cronologia por ele proposta, ele teria começado contando o meio da história, voltou para o início, e agora está contando o final. Confuso né…?

Em suma: os filmes Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977), Episódio V – O Império Contra-Ataca (1981) e Episódio VI – O Retorno de Jedi (1983) contam a história de Luke Skywalker e participação dele na rebelião contra o Império, culminando na destruição da segunda Estrela da Morte. A principal nêmese de Luke é Darth Vader, representando todo o mal possível. Soma-se a isso a discussão sobre “A Força” – que é um uso ampliado das capacidades dos seres, indo desde telecinese até um controle mental – como uma questão quase mística e seus dois modos de uso, um com a Luz e outro com a Escuridão. Esse primeiro arco é comumente chamado de trilogia original. Os mais radicais afirmam que essa é a única história que vale a pena ser acompanhada e compreendida, sendo a mais referenciada.

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Já a segunda leva de filmes, Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999), Episódio II – A Guerra dos Clones (2002) e Episódio III – A Vingança dos Sith (2005), conta a história de Anakin Skywalker, pai de Luke, e o que o levou a se tornar Darth Vader. Por isso esta trilogia é um prólogo à trilogia original. O foco destes filmes é o surgimento do Império, a derrubada da República Galática e de seus protetores, a Ordem dos Cavaleiros Jedi. A “Força”, para desgosto dos fãs, é explicada de uma maneira mais científica, um efeito da ação dos “midi-chlorians”, o que reduziu a oposição entre o Bem e o Mal como uma disputa entre bacilos celulares. Essa trilogia é chamada de prólogo, mas bem menos reconhecida ou amada pelos fãs em geral.

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Por fim, temos a nova trilogia, da qual conhecemos apenas o primeiro capítulo, Episódio VII – O Despertar da Força, lançado em 2015. Ela vai contar a história do que ocorreu com os rebeldes após a primeira vitória, depois da destruição da 2a Estrela da Morte. Espera-se assistir o renascimento dos Jedis e a destruição da 1a Ordem, herdeira do Império. Ou ao menos muitos embates desses dois lados, fazendo com que a trama ganhe contornos ainda mais interessantes.

"But first, kneel before Zod"

Tendo esses dados em mãos, vamos começar a complicar.

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O lançamento do filme mais recente, Rogue One, não contém a nomenclatura de “episódio”, ou seja, é parte auxiliar da história central. Não é uma história sobre os Skywalkers ou sobre o núcleo central das forças rebeldes. Mas a trama é de suma importância toda a história, uma vez que dá as cores para um tema que havia ficado em aludido em 1977, o roubo dos planos da 1a Estrela da Morte pela Aliança Rebelde.

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Esse tipo de narrativa ficou conhecida como Spin-off, ou seja, uma história derivada do original. Para entender completamente Rogue One é necessário assistir toda a trama, porém, sem esse trecho, a história central continua fazendo sentido. Da mesma forma que o filme se sustenta sozinho.

Isso já ajuda a responder algumas das perguntas do parágrafo de abertura: Sim! O filme importa para a trama. Ele muda, e bastante, a profundidade da história. Principalmente por mostrar que o Luke é parte de toda uma rede de rebeldes, sem os quais as habilidades de Jedi seriam quase inúteis. Ao invés de um herói solitário, o esforço do personagem central é fruto do trabalho em equipe, valorizando a coletividade e não a individualidade.

O filme, dentro da cronologia da narrativa, se passa pouco antes do início trilogia original. Ele mostra quão frágeis e complexas são as relações entre as forças rebeldes, uma milícia tão tênue quanto diversificada, composta não apenas um bando de fazendeiros de planetas perdidos. Isso também serve para mostrar mais a fundo qual a causa que está por trás do embate, ressalta a importância da luta contínua no fortalecimento dos laços que unem os rebeldes. Não é apenas a vontade de derrubar um império, mas sim a busca para o retorno da república sob a qual os planetas viviam. Essas questões, políticas e ideológicas, são cruciais para compreender que a narrativa trata de questões maiores do que um simples maniqueísmo, mas constituem uma narrativa mitológica moderna e modernizante.

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A última questão que resta para ser respondida, portanto, é o por onde começar. Existem os mais puristas, que recomendam seguir a ordem de lançamento. Por sua vez existem fãs que recomendam seguir a ordem proposta pelo George Lucas, assistindo na ordem de numeração dos capítulos. Não podemos deixar de lado alguns fãs que ignoram totalmente o Prólogo e recomendam apenas a Trilogia Original. Mas essas três modalidades são válidas de maneiras iguais e tem seus diferentes defensores.

Ainda existem duas modalidades de assistir aos filmes que se criaram através da internet e dos fóruns de debate. A primeira é chamada de “Grande Flashback”, ao invés de respeitar cronologias, a proposta é criar um modo interessante de recriar a narrativa. Assiste-se os episódios IV e V, que contam as partes de evolução da trama central até gerar a dúvida no espectador sobre como Darth Vader virou quem é. Entra-se então em um grande flashback, assistindo os episódios I, II e III, que contam justamente essa parte sobre a transformação do Anakin Skywalker em Darth Vader. E encerra-se a maratona com o filme VI, contando sobre as proezas finais e o encerramento de uma parte da trama.

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Porém, como fãs podem amar, fãs também podem odiar. Daí surgiu o modo “Machete”. Semelhante ao “Grande Flashback”, esse modo de acompanhar a narrativa opta oir uma sequência narrativa intercalando a Trilogia Original com o Prólogo, MAS, arranca fora o episódio I. Isso é fruto de um ódio massivo que há contra esse trecho. Além de incluir Jar Jar Binks (um ser vivo anfíbio, pretenso alívio cômico do Episódio I), a trama do filme não desenvolve grandes questões da narrativa, relatando apenas um pedaço da infância de Anakin.

Deste que vos fala, que já utilizou as duas formas cronológicas de assistir a Saga, creio que testar o modo “Grande Flashback” pode ser uma escolha muito interessante para compreender Rogue One. Vai acabar valorizando ainda mais os meandros das histórias e as profundidades éticas debatidas. Mas não usaria a “Machete”. Apesar de entender o ódio ao redor Episódio I, creio que ele representa mais do que apenas a juventude de Anakin, mas toda uma nova visão da indústria cinematográfica sobre uma mesma narrativa.

Vale notar que, para todos os casos, os episódios do VII em diante devem ser vistos após os seis anteriores, independente da modalidade escolhida. Na ousadia, diferente do filme VII, Rogue One poderia ser assistido logo antes da Trilogia Original, como modo de ver a organização dos rebeldes. Mas fica aí a pergunta de como você, que já viu toda a saga, recomenda que um novato assista a Série.

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