“Quem diabos são os Guardiões da Galáxia?”
Você pode ter se perguntado isso quando terminou de ver o trailer do filme, a ser lançado em agosto deste ano. Se o trailer não convenceu, que fique claro: eles são o mais divertido grupo de exilados, sacanas e azarados da Marvel.
A bordo de uma nave imunda, Peter Quill (ou Starlord), Gamorra (a filha de Thanos), Rocket Racoon (um guaxinim ranheta), Drax (“O Destruidor”) e Groot (uma árvore consciente) perambulam pelas vizinhanças da galáxia, por acaso, protegendo a Terra de qualquer mal que a ameace o planeta. Esse é tom das histórias escritas por Brian Michael Bendis e desenhadas por Steven McNiven, uma célebre parceria de vários outros trabalhos da Marvel.
Os Guardiões habitam aquelas regiões desbravadas (ou definidas?) por Jack Kirby, Jim Starlin e Jim Valentino, nas décadas de 70 e 80, o espaço sideral da Marvel. São o lar dos impérios Krees, Shiar, Skrull, Badoon, os esconderijos de Thanos, do Colecionador (já visto na cena pós-créditos de Thor – O mundo sombrio, na pele do ator Benicio Del Toro), de Adam Warlock, das Jóias do Infinito. Muitas são referências só mencionadas pelos titãs Cronos e Mentor, estes são os confins frequentados por Galactus e seu arauto, o Surfista Prateado.
Menos pelos enredos (que para um leitor mais velho não existe nenhuma novidade possível), o charme de Guardiões das Galáxias são os personagens que povoam as histórias. Um líder de língua afiada, a assassina sensual, o musculoso violento com passado trágico, o único sobrevivente de uma espécie, o diminuto (e peludo) homicida portando um arsenal, eles são tipos, conceitos de personagens que Brian M. Bendis usa com toda a fluência e intimidade de um Neymar na cara do gol.
As histórias dos Guardiões são claramente um deleite para Bendis, um ás no uso dos diálogos certeiros, curtos, nas pequenas insinuações e gestos, no uso dos intervalos de espaços (que nos quadrinhos são iguais a tempo). Os quadrinhos dos Guardiões, para quem gosta, não são lidos, eles são saboreados.
Com
o se mais fosse necessário (e era, afinal ao público novo estes heróis não tinham nenhum apelo), vários outros heróis dão as caras nas páginas de Guardiões. O primeiro deles é Tony Stark, o Homem de Ferro, que tira férias dos Vingadores no espaço, eventualmente ajuda a salvar a Terra e, inspirado no capitão Kirk, tenta, mas acaba humilhado na cama por Gamorra.
Angela, a caçadora de Spawns criada por Neil Gaiman, que acaba caindo no universo Marvel, os X-Men, os Piratas Siderais, a Capitã Marvel (Carol Danvers) e Venom, agora em simbiose com Flash Thompson, todos acabam por fazer uma visita nas páginas das histórias.
Note-se: o trailer pontua quem é quem no filme pra apresentar os heróis. Faz sentido. O que nos quadrinhos foi apenas uma questão de gastar mais tinta vermelha, chamar Robert Downey Jr. pra mais uma ponta seria um rombo no orçamento do filme.
Como bem apontou nosso Picareta Psíquico, Guardiões é uma espécie de Firefly em quadrinhos. Não por acaso, aquela série foi criada e dirigida com todo carinho de Joss Whedon. Ela tinha quase exatamente os mesmos tipos de personagens.
Hoje Joss Whedon ocupa o topo do pódio em se tratando de filmes sobre heróis quadrinhos, afinal Os Vingadores foi um sucesso tão retumbante que desafia qualquer tentativa semelhante (tsc tsc… “Superman e Batman”… tsc…). Nesse contexto é fácil de se entender por que apostar num filme dos Guardiões. Mais ainda se forem verdadeiros os boatos de que os dois grupos vão se encontrar num próximo filme.
Pense assim: se os Vingadores são o que há de melhor, honesto, justo e heroico no universo Marvel, os Guardiões são o primo pobre, grosseiro, sujo e mentiroso, que andam de carro turbinado, vão te levar pra um boteco de esquina, beber cerveja e cachaça barata, e, num rompante de consciência, te deixar na porta de casa. Mas sem carteira, afinal tem muita gente mal intencionada na rua.
Seja por inabilidade (minha) de achar online, seja por que não foram publicadas mesmo, quase não se encontra edições individuais ou encadernadas dos Guardiões de Brian Bendis no Brasil. Há algumas edições sendo publicadas na revista Universo Marvel – 3ª série. Nos Estados Unidos, os dois primeiros volumes, Guardians of The Galaxy – Cosmic Avengers, e Guardians of The Galaxy – Angela (capa dura), são vendidos a US$19,99 e US$24,99, respectivamente.
Chama a atenção que um livro de cerca de 400 páginas seja vendido a US$15,00, razoavelmente mais barato. Pelo jeito quadrinhos são pra um público refinado.
Para quem quer saber mais sobre os heróis, o Universo HQ fez uma bela arqueologia do grupo
Vou comentar….
…Um líder de língua afiada, a assassina sensual, o musculoso violento com passado trágico, o único sobrevivente de uma espécie, o diminuto (e peludo) homicida portando um arsenal, eles são tipos, conceitos de personagens que Brian M. Bendis usa com toda a fluência…
Lamento mas estes predicados são de outros autores argumentistas e não do Bendis.
Aliás, eu como fã dos GOTG estou a odiar o que este tipo está a fazer com o grupo, está descontextualizado e perdeu a identidade que lhe deu muitos fãs.
Disse.
Abraço
Alou Nuno!
Acho que não me fiz claro. O que quero dizer seria algo assim:
“Pelé não inventou a bola, mas usa com toda fluência.”
“Os Beatles não inventaram a música, mas usam com toda fluência.”
“Da Vinci não inventou o pincel, mas usa com toda fluência.”
“Chacrinha não inventou o cassino, mas usa com toda fluência.”
“O Chaves não inventou o barril, mas usa com toda fluência.”
“O japonês não inventou o palito, mas usa com toda fluência.”
“O adolescente não inventou a pornografia, mas usa com toda fluência.”
“O Senna não inventou a roda, mas usa com toda fluência.”
“Bruce Lee não inventou o Kung Fu, mas usa com toda fluência.”
Logo…
“Bendis não inventou GoTG, mas usa com toda fluência.”
Mas concordo que gosto é gosto, ponto final.
Abraço!
Estou ansioso por ver o filme, parece muito bom e com um humor próprio.
De fato, de fato.
Veremos se vale a pipoca.
Apesar de ter gostado das edições que li, ainda prefiro os Guardiões das antigas, que viviam num futuro distante e lutavam contra Badoons e Korvac…
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