WE3: animais fofinhos de destruição em massa

Três animais fofinhos geneticamente modificados por um programa governamental para tornarem-se armas de destruição em massa utilizando exoesqueletos com a mais alta tecnologia bélica lutando por suas vidas. Toda a história de WE3 pode ser resumida nessa frase.

Com o roteiro de Grant Morrison e desenhos de Frank Quitely, WE3 foi originalmente publicado em três edições sob selo Vertigo em 2004, trazido ao Brasil em 2006 pela Panini, e agora republicado pela mesma editora em edição definitiva, com capa dura, 10 páginas extras, alguns comentários e esboços dos autores por “apenas” 45 picolés.

A parceria entre Morrison e Quitely é antiga e constante: a dupla é responsável por algumas das melhores fases de personagens famosos como os X-Men e  Batman, além do já clássico All Star Superman; mas o fôlego dado aos quadrinhos mainstream vem de experimentações dos dois em obras mais autorais como Flex Mentallo e Doom Patrol.

Podemos colocar WE3 na fase mais mainstream da dupla, sendo um dos trabalhos mais “acessíveis” (leia-se inteligíveis) de Morrison. WE3 é uma história de carne e movimento, baseada nos instintos dos três animais que protagonizam a série: o Cão, o Gato e o Coelho.

Mas não se engane, embora as ideias trazidas pela dupla sejam, de fato, simples, elas são trabalhadas de maneira sofisticada em vários níveis, mas, sobretudo, visualmente.

É possível notar essa sofisticação no conceito de “página 3D” desenvolvido por Morrison e Quitely, onde uma sequencia de fatos pode ser apreendida em qualquer ordem com o objetivo de dar ao leitor a experiência de tempo e espaço dos animais protagonistas.

Embora o aspecto visual se destaque na narrativa (em nenhum momento lemos um “narrador”, recurso de Morrison para emular a inteligência concreta dos animais) há também sofisticação nos conflitos que movem a história. Para além da ação frenética da luta pela sobrevivência, podemos ver o animal versus o humano, a obediência versus a rebeldia (tema recorrente na obra de Morrison) e as dúvidas existenciais do Cão, que se pergunta constantemente se é mesmo bom.

Diferentemente de Alan Moore com seus roteiros detalhados ao extremo, que subjuga o desenhista transformando-o em mero executor do que o roteirista viu em sua mente, Morrison realmente trabalha junto ao artista, elaborando em conjunto qual o melhor meio de colocar na página o conceito pensado, o que torna realmente os quadrinhos uma experiência única entre a literatura e a pintura. Parafraseando o próprio Morrison em um dos extras: Ei, Hollywood, tenta copiar ISSO AQUI!.

  Por tudo isso WE3 é sem dúvida um dos pontos mais altos da parceria entre Morrison e Quitely, não chega a ser uma obra-prima, mas é uma daquelas HQs que vale a pena ter na estante. Agora você já sabe onde gastar seu rico dinheirinho.

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Sobre Nerdbully

AKA Bruno Andreotti; Historiador e Mestre do Zen Nerdismo
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10 respostas para WE3: animais fofinhos de destruição em massa

  1. Bayäkkü disse:

    Cheguei aqui via MdM e curti o blog, os textos. Só uma dica de amigo tbm blogueiro: o header podia ser mais bacana, mais caprichado, aquela imagem não diz muita coisa…o layout em geral podia mudar, o wordpress tem vários temas gratuitos. Mas é só uma sugestão, tipo dica construtiva heheh. Abração.

  2. Bayäkkü disse:

    Se precisar uma ajuda nesse sentido, posso ajudar, faço de graça mesmo. Sou publicitário, mas gosto de ajudar quando solicitado;-)

  3. Nerdbully disse:

    Obrigado pelas dicas e pela disponibilidade. Vamos entrar em contato. Obrigado e abraços.

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