Deu no Planeta Diário – o dia em que um personagem de ficção acabou com a Ku Klux Klan

Só comecei a ler quadrinhos do Super Homem quando ele morreu. A Morte do Super Homem me apresentou ao personagem e toda a importância dele no Universo DC. O poster de Funeral para um Amigo ficou por anos na porta do meu quarto, e todos aqueles heróis reunidos prestando sua última homenagem ao alienígena que adotou o planeta Terra como seu lar de alguma forma alimentaram a esperança e a fé na humanidade que tenho até hoje.

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Até o Senhor dos Sonhos estava lá…

Por mais que fosse uma jogada de marketing matar o personagem e alavancar as vendas, os elementos centrais da esperança, da ética, do sacrifício estavam todos ali. Evidente que nem todas as histórias tinham diálogos inspirados ou respeitavam toda a mitologia do personagem, mas ainda assim é um dos arcos que eu mais gosto.

Mas por se tratar de um personagem mundialmente conhecido com décadas de histórias escritas para diferentes mídias, o meu primeiro contato com o personagem foi ainda na primeira infância. Os filmes com o Christopher Reeve no papel título abriram para mim o universo dos super heróis e algumas das imagens daqueles filmes ficaram gravadas em definitivo na minha imaginação.

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Mais tarde, quando comecei a investigar mais a fundo as histórias em quadrinhos, me deparei com um programa de radio dos anos 40 que me impactou tremendamente. Naquele momento as aventuras do Super no formato novela de rádio atingiam um público maior do que as histórias impressas. Aliás foi no rádio, e não nas revistas, que o homem de aço foi exposto à kriptonita pela primeira vez, conheceu o repórter Jimmy Olsen e se associou a conceitos como verdade, justiça e estilo de vida americano.

O enorme sucesso da novela de rádio – As Aventuras do Superman – foi usado por Stetson Kennedy, um ativista que se infiltrou na Ku Klux Klan para revelar os segredos dessa organização que vinha crescendo muito e aumentando sua influência política. Como as autoridades se sentiam intimidadas com a influencia da KKK, Kennedy foi até os escritores da série de rádio do Superman, que escreveram uma história em 16 episódios, onde as habilidades jornalísticas de Clark Kent expunham os rituais e códigos usados pela organização. O resultado foi uma queda brutal no recrutamento de novos membros da KKK e por volta de 1948 suas manifestações públicas eram motivo de piada.

Por sua essência um personagem como esse tem o poder para mudar situações de opressão. A força do personagem está na sua notoriedade e nos ideais que ele defende/representa. O uso dessa notoriedade pra expor situações reais de desigualdade quase materializa esse personagem, tornando-o real a ponto de transformar a realidade. Poucas são as ficções que tem tamanho impacto sobre aqueles que a criaram.

Segue abaixo um dos 16 episódios (todos os outros estão disponíveis no soundcloud). A introdução do programa é antológica!

Sobre Picareta Psíquico

Uma ideia na cabeça e uma história em quadrinhos na mão.
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7 respostas para Deu no Planeta Diário – o dia em que um personagem de ficção acabou com a Ku Klux Klan

  1. Matheus Wesley disse:

    Super-homem : é um herói dentro e fora do mundo imaginário.

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