A Marvel faz uma nova investida no seu futuro distópico tentando recriar um sucesso interrompido.
No começo dos anos 1990, percebendo a preocupação do público em relação à virada do milênio e às incertezas em relação ao novo século, Stan Lee criou o conceito pós-heroico da Marvel 2099. Aproveitando a bolha que catapultava a venda de quadrinhos nos Estados Unidos naquele momento, o editor Joey Cavalieri desenvolveu toda uma linha de publicações que recriavam o universo da Marvel. As histórias de origem dos heróis se desenrolavam num cenário distópico onde megacidades eram controladas por corporações, a poluição despovoara imensas áreas do território e a manipulação genética era usada para controle social. Versões do Homem-Aranha, Hulk, Justiceiro, Motoqueiro Fantasma, Dr. Destino e X-Men, entre outros, ganharam títulos próprios e suas histórias apresentavam fragmentos do trágico fim dos super-heróis tradicionais da editora. O sucesso da linha 2099 foi estrondoso, mas seu cancelamento foi rápido. Com o estouro da bolha que levou a Marvel à beira da falência, veio a demissão de Cavalieri, e de muitos outros profissionais da editora, pondo um fim à linha 2099.
Outras tentativas de expandir o universo 2099 aconteceram ao longo dos anos, como as versões do Demolidor, Justiceiro, Viúva Negra, Inumanos e Pantera Negra do selo Marvel Knights (2004). A Marvel posteriormente “encaixou” a linha 2099 na Terra-928, e a linha 2099 Marvel Knights na Terra-2992. Em 2009 a série em 4 edições Timestorm (no Brasil chamada de Tempestade Cronológica) misturou a linha principal com o futuro distópico. Em 2013, durante a Era de Ultron, Miguel O’Hara (o Homem-Aranha 2099) é trazido para o universo regular (616), alterando assim toda a linha 2099 conhecida até então. Em 2015, na “Crise das Infinitas Terras” da Marvel, quando o Dr. Destino colide todas as realidades alternativas da editora em um único Mundo de Batalha, temos um segmento desse tal mundo dedicado aos personagens do universo 2099. E agora, nos 80 anos da editora Marvel (completos em 2019), uma nova linha de títulos Marvel 2099 (todos one shot) foi lançada.
A revista que abre a nova série – 2099 Alpha – nos reapresenta o cenário distópico da série original dos anos 1990 e suas implicações. Versões futuras de personagens como Conan (re-introduzido recentemente no universo Marvel), Miguel O’Hara e Dr. Destino convivem com o controle da corporação Alchemax e sua milícia (Public Eye) na megacidade de Nueva York. O debate sobre violência policial, controle social e o papel do Estado (no caso de 2099 das corporações que funcionam como um Estado) é o pano de fundo de Justiceiro 2099, onde descobrimos que em 2068 o sistema prisional foi substituído por doses diárias de drogas de “aprimoramento moral”.
Conan 2099 encaixa o bárbaro cimério no futuro e a história gira em torno da tenacidade do personagem em ser livre, com direito a poderes de um Nova! O Quarteto Fantástico 2099 é a história mais sombria de todas. Acompanhamos a formação do novo grupo de heróis pelo olhar distorcido de H.E.R.B.I.E. (o robô criado para a série animada de 1978 que foi incorporado ao universo dos quadrinhos). Pesado!
Na sequência vem o Motoqueiro Fantasma 2099 em nova versão muito parecida com a de 1994, onde o personagem “Zero” morre no ciberespaço e sua versão digital se torna o Espírito da Vingança. Uma novidade é Venon 2099, que introduz o personagem nessa linha temporal com a história girando em torno da Alchemax.
A história de Dr. Destino 2099 mostra o personagem título completamente abandonado e sem acesso à tecnologia num ambiente inóspito, se reinventando para se tornar mais uma vez o senhor da Latvéria. O final é surpreendente! Em Homem Aranha 2099, Miguel O’Hara encontra ele mesmo já velho e a partir desse encontro (na conclusão em 2099 Omega), o jovem O’Hara assume o manto e consolida o renascimento de mais uma Era de heróis.
No geral é uma homenagem ao universo futurista da década de 1990, mas sem grandes consequências para o Universo Marvel. Vale pela nostalgia e pela introdução de alguns novos personagem que serão sem dúvida aproveitados no futuro.
Eu acompanhei a série nós anos 90, e curti até certo ponto. No caso dos XMen, achei meio místico, quase um prelúdio de Matrix, no caso do líder Xian…foi tipo um Neo. Depois caiu no esquecimento toda a linha 2099. O Homem vc Aranha, Miguel OHara, foi interessante, mas aquém de Peter Parker…mas teve seus méritos. Nas últimas décadas recriaram o aracnídeo diversas vezes… Mais recente se tornou lacaio do Homem de Ferro, Tony Stark, sobretudo no cinema… E também se tornou uma junção de Batman e Clark Kent após o Homem Aranha Superior… Prefiro muito mais o perfil original do teimoso!
Eu curti demais o universo 2099, para mim foi o que melhor existiu na Marvel, e olha que sou muito, muito, muito fã da Marvel.
Seria muito legal um desenho animado deles, tipo Batman do Futuro, ia fazer muito sucesso.