O mangá pode, inclusive, ensinar!
(E bastante!)
Mangá, antigamente, não era apenas um estilo de histórias em quadrinhos, mas sim histórias em quadrinhos. Desde meados de 1990, ele começou a ser classificado como um estilo de quadrinhos, pois suas características eram, e muitos ainda continuam sendo, muito diferentes dos quadrinhos europeus e americanos, por exemplo, os olhos grandes dos personagens, o quadro a quadro das narrativas, a importância do objeto em movimento, a falta de cores, mas também sua diversidade de gêneros e demografias. Sabemos que, por causa da quantidade desses gêneros e demografias, a produção japonesa de quadrinhos é a maior do mundo, talvez porque existam nichos de leitores para diversos segmentos, sem haver preconceito em relação as faixas etárias.
No post Mangá e seus gêneros foi comentado sobre os kodomo ou shôgaku mangá, quadrinhos direcionados para as crianças, cujos personagens, como Pikachu (de Pokémon), Mario (de Super Mario Bros) e Doraemon, ensinam matemática, história, biologia e outros conteúdos para as crianças. São métodos educativos, divertidos, que buscam despertar o interesse das crianças, estimulando o aprendizado e curiosidade sobre os conhecimentos gerais. As revistas têm ainda desafios e brincadeiras que articulam a mente da criança para o raciocínio, porém através da criatividade e diversão.
Dos anos 2000 para cá, essas revistas educativas não ficam apenas direcionadas para crianças, pois temos mangás educativos relacionados a diversas áreas da ciência voltadas para o público jovem que está prestando exames para entrar numa universidade ou mesmo que esteja estudando em algum curso superior. A publicação delas fica por conta da editora japonesa Omsha, uma tradicional empresa de publicação de livros técnicos e científicos no Japão.
Os conteudistas desses Guia Mangá (Manga Guide Series no original), como foi traduzido aqui no Brasil, é formado por professores doutores específicos de cada área e, todo desenho é produzido por mangakás, fazendo com que o conjunto da obra, conteúdos e desenhos, sejam agradáveis, divertidos, descontraídos, mas bem elaborados de material teórico, por vezes, explicado de forma prática através dos personagens.
Por exemplo, o Guia de Mangá de Física Mecânica Clássica e Guia de Mangá de Relatividade, foi escrito pelo professor doutor do Departamento de Física da Universidade Gakugei de Tóquio, Hideo Nitta. Ele tem pesquisas e livros publicados em editoras japonesas e estrangeiras sobre estudos de dinâmica e física da radiação. Nitta é membro da Comissão Internacional de Educação Física (ICPE), que é um comitê da União Internacional da Física Pura e Aplicada (IUPAP). A arte é de Keita Takatsu o mesmo autor de Renai SLG (2013 – 2015) e Oshikake Twin Tale (2014 – ?).
A editora brasileira Novatec, também especializada em livros técnicos e científicos, que trouxe algumas edições dos Guia de Mangá. Podemos encontrar esses mangás em bancas, livrarias, mas principalmente em algumas bibliotecas de colégios. Isso mostra que existe interesse das bibliotecas em apresentar conteúdos da ciência através das histórias em quadrinhos, sem ter preconceito que histórias em quadrinhos são baixa literatura. Os alunos têm consumido conhecimento através de personagens divertidos e que também mostram a teoria através da prática.
Duvida? Olha só: