Sobre charges e política

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O que é o que? Ninguém sabe mais…

Na política, assim como na vida, existem sempre inúmeras incertezas.

Incertezas são momentos de tomadas de decisão que nos fazem sermos vivos e encarar as amarguras da caminhada. O mesmo acontece na política. Apoiar um candidato, votar num político, fazer campanha para eles.

Escolher em quem votar, antes de ir para a urna, é um ato semelhante a decidir se deve entrar na academia. Às vezes você até esquece. Mas em ambos os casos os efeitos serão sentidos apenas a longo prazo. As duas decisões trarão dores ou prazeres, dependendo do quanto foi sábia a sua escolha. Na velhice, para os dois casos, você irá lembrar da decisão que tomou ainda jovem.

Recém caçado pelos seus pares, Eduardo Cunha deve estar pensando muito bem sobre o que fez e com quem se aliou. Bradou inúmeras vezes que iria delatar a todos, e por isso agora esperamos sentados as próximas cenas do nosso House of Cunha. Claro que ele deixou suas marcas, por mais que nosso Magno presidente (golpista) tente afugentar sua imagem e semelhança. De um modo ou outro eles lutaram e lutam pelas mesmas causas.

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Nem adianta tentar…

Assim como falamos da vida, de maneira alegórica as charges e tiras têm falado ainda mais da política. Laerte, Angeli, Sieber e companhia têm nos brindado com inúmeras leituras do nosso atual cenário político. Assim como nos idos do Mensalão, Angeli nos presenteou com um encarte relatando passo a passo o crime e a descoberta, estamos no aguardo de ver o mesmo trabalho sobre o Impeachment e a Lava Jato.

Podemos de fato esperar algo assim, afinal, não seria o primeiro trabalho deste cunho. Em maio de 1989, num país recém saído da Ditadura e às vésperas das eleições diretas, Paulo Caruso publicou “Avenida Brasil: A transição pela via das dúvidas”. Com uma leitura digna de um cientista político, e uma acidez clássica das tiras políticas dos Anos de Chumbo. Naquelas páginas o cartunista pinta um cenário ao redor da imaginária Avenida Brasil, presente em toda e qualquer cidade brasileira.

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Já na capa temos bastante coisa para ver!

São relatos tirados da sua coluna semanal da revista Isto É, homônima ao livro, e que também geraram frutos em outros livros sob o mesmo título, mas alterando o subtítulo. Os personagens caricatos muitas vezes representam grandes nomes da política, em outros são os estereótipos de sindicalistas ou de ruralistas. Em uma avenida movimentada, mesmo com suas exclusões e marginalizações, há espaço para todos.

Ao abrir a obra, o próprio autor coloca um passo a passo de como devemos ter atenção na leitura e na política, concluindo com o seguinte parágrafo:

“Se você sobreviver aos cruzamentos, aos buracos negros e aos estabelecimentos desta avenida é sinal de que por incrível que pareça, você está pronto para a transição. E se, como quer o doutor Ulysses, esta constituição for mesmo andarilha, não ficando restrita às elites ou aos gabinetes mas indo às ruas, atrás do cidadão, não se espante quando você chegar à rua Constituição e ela com um sorriso irônico nos lábios carnudos, apontando para o hotelzinho do outro lado da avenida sussurrar aos seus ouvidos: ‘—Vamos?'”

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Personagens não faltaram mesmo…

Anos antes de “O Lixo da História”, compilação das charges sobre o contexto internacional de 2001 à 2012, a Folha de S. Paulo, no início de 1990, publicou um compilado com 90 charges, de Glauco e Spacca, sobre as eleições de 1989. O mesmo exercício de compreensão e observação das tensões e evoluções da política ao longo do tempo, comum nos dois casos, mostra como há uma necessidade de lermos com atenção as charges.

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O compilado tem inclusive um parágrafo em seu prefácio escrito por Carlos Eduardo Lins da Silva que vale a pena a atenção:

“O humor é um relevante meio de se observar a realidade. Não tem a precisão e o detalhamento do texto jornalístico e muito menos dos ensaios das ciências sociais, mas atinge o leitor com rapidez e agudeza. Se o artista é arguto, crítico e inteligente, como são Glauco e Spacca, a charge pode ter impacto comparável ao de um bom artigo.”

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Parece que o PMDB abdicou hoje em dia de ter o presidente, afinal, com golpe eles chegam lá

A sensibilidade única e estridente que as charges podem trazer nos fazer refletir sobre as dúvidas da vida e, é claro, sobre os rumos da política nacional. E o que vivemos em 2016 com certeza será fonte para muitas novas publicações.

À frente, apenas mais dúvidas. Sai Dilma, entra Temer, que nega sua forte relação com Cunha, que foi caçado por uma Câmara que o apoiava (mais conservadora do na época da Ditadura) e esperar que o país “vá para frente”, ora, é talvez uma grande piada pronta que nem José Simão, com seu colírio alucinógeno, seria capaz de prever.

Resta apenas continuar acompanhando as charges para tentar achar graça nisso tudo…

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Faz pouco tempo, mas já dá para dar risada…

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3 respostas para Sobre charges e política

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