Lois & Clark: quando a vida pessoal dos super-heróis não era moda

lois clarkO foco da grande maioria dos quadrinhos e filmes de heróis continua sendo seus feitos heroicos, ficando os aspectos mais sutis de sua vida pessoal segundo plano, salvo raríssimas exceções.

Talvez essa tendência esteja mudando, pelo menos na TV. Ao vermos séries como Smallville, The Flash e Arrow vemos que a vida pessoal de seus protagonistas tem um destaque importante na trama. Mas nem sempre foi assim e hoje nosso Red Shirt estreante, o Capitão Tantufaz, nos lembra que antes das tramas de séries de super-heróis explorarem a vida pessoal de seus protagonistas virar moda (antes mesmo até de que séries de super-heróis virasse moda!) havia “Lois & Clark”.

Uma das primeiras séries a retratar o lado pessoal do protagonista, até então ignorado, foi “Lois & Clark – As novas aventuras do Superman” (1994 – 1998).

A primeira vista esta série não passa de uma comédia romântica, das bem bobinhas aliás, mas uma olhada além do óbvio nos mostra uma proposta muito interessante.

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O foco aqui passa longe dos já ditos feitos heróicos do Kryptoniano. É claro que eles aparecem (e muito), afinal, um programa sobre super herói no qual não se faz nada “super” é receita para o fracasso. Aqui eles existem, mas são delegados ao segundo plano, colocando sob os holofotes o lado Clark Kent.

Sabemos que o jeitão tímido e até desengonçado do repórter é apenas um icônico engodo para não o associarem ao Homem de Aço, mas é revigorante ver um Cark seguro de si, por muitas vezes um verdadeiro “troll”, com usos velados de seus super poderes. Querem exemplos? Veja o vídeo abaixo. Está em inglês, mas dá para entender a linguagem visual.

Nos quadrinhos, as boas relações com seus pais, Marta e Johnathan Kent distoam da maioria dos outros heróis marcados por traumas familiáres severos e tragédias. Aqui vamos um pouco além disso, a relação do herói com seus pais é constante e até conspiratória em como o ajudam ou até passam por cima dele para ajudá-lo.

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Numa cultura como a americana (a base para as histórias do Superman), os filhos saem de vez da vida de seus pais após a faculdade, salvo visitas em datas comemorativas, essa relação é um ótimo contraponto.

Falando em relações, temos o tema principal da série. Aqui não mudamos muito em relação aos quadrinhos. A única mudança significativa é em Lois Lane. Ela se interessa por Clark, não apenas pelo Superman. E como existem interesses paralelos para ambos os protagonistas, temos os clichês de comédias românticas em abundância. Ao contrário dos quadrinhos clássicos, onde apenas Clark lida com o ciúme do Superman, aqui o Superman também tem ciúmes de Clark Kent.

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Há quem diga que ao perderem (resolverem) o elemento da tensão sexual entre os dois a série (com o namoro e depois casamento entre Lois e Clark) perde a graça. Verdade parcial. Aqui entra um raro caso no qual a mudança de premissa é feliz: Ver Lois Lane, na mais típica maneira Lois de ser, cobrindo as incongruências geradas pela dualidade Clark/Superman é hilário. E esse passa a ser o novo foco da série. Pode até não ser um foco tão bom quanto o original, mas não estragou o programa.

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Ainda temos Perry White e Jimmy Olsen, aqui retratados quase como pai e filho. A dinâmica entre esses personagens secundários dá um ótimo suporte ao enredo principal de uma maneira tão fluida e harmoniosa que pode até parecer um pleonasmo mas aqui funciona: É um alívio cômico para uma comédia romântica.

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Os vilões na série sempre sempre foram alvo de diversas críticas, desde a solução dos problemas de forma quase pueril, à falta de profundidade dos vilões. Lembro de, anos atrás, ler em uma revista de RPG um artigo sobre como bons vilões precisam de motivos convincentes e não “serem maus porque gostam de ser maus” tal qual ocorre em “Lois & Clark”. Essa afirmação, embora tecnicamente verdadeira, não reflete a concepção da série. Novamente, o foco desta série NÃO é o embate contra vilões memoráveis, longe disso! Aqui os vilões são, na maioria esmagadora das vezes, criminosos comuns que não se importam em quebrar regras e ferir quem estiver em seu caminho para a fortuna e poder. Dar motivações interessantes aos vilões desviaria o foco principal.

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Um background para um antagonista memorável e frequente funciona muito bem, mas fica maçante para dúzias de vilões ordinários. Por outro ângulo, este tipo de vilão pode até sugerir um resgate às origens do Superman, quando ainda não havia super vilões para enfrentar.

Como dito no início, todos estes elementos podem não ser receita de sucesso de vendas, mas é refrescante e vale muito a pena ir além do óbvio e esperado da ótica na qual os quadrinhos sobre super-heróis normalmente são escritas. Afinal, muito antes de Smallville havia “Lois & Clark”.

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Escrito por Capitão Tantufaz

Engenheiro fã de quadrinhos, mangás, séries e fanfics em geral.

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Uma resposta para Lois & Clark: quando a vida pessoal dos super-heróis não era moda

  1. Rapaz, eu curtia muito essa série. Acho que depois dos filmes do Christopher Reeve essa é a minha versão favorita do Azulão. Texto show!

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