Dar a vitória ao terrorismo?

je suis charlieOs ataques do dia 13 de novembro de 2015, em Paris, não foram meros atentados às pessoas, mas um ataque ao modo de vida Ocidental/francês. Bares, restaurantes, estádios e casas de show. Não foram alvos aleatórios, assim como não fôra o Charlie Hebdo em janeiro. O terrorismo não atua visando o maior número de mortos, mas sim o maior impacto de medo no mundo. E medo é o que paira no ar novamente.

O último momento que me lembro de viver a mesma sensação faz cerca de 14 anos. Jamais sumirá da minha memória a cena do segundo avião acertando a segunda torre do World Trade Center. O 11 de setembro de 2001 foi tão marcante no mundo, a ponto de ser usado como momento de virada da história mundial. As consequências são inúmeras e intensas. Disso surgiu uma cultura de ódio e medo, mas pior que isso, fizeram intensificar uma paranoia mundial.

Em À Sombra das Torres Ausentes Art Spielgelman retrata de maneira clara a sensação e as angústias de quem viveu aquilo muito de perto. Apresentando de maneira caótica o que passava no pensamento das pessoas, o quadrinista americano traz um pouco desse caos vivido aos quadros. A edição em si é digna de nota, por ser em formato gigante (25.5cmX35.5cm) e com páginas no estilo de pranchas, que nos faz aprofundar de maneira única no que é tratado.

Uma das pranchas mais complicadas de encontrar o percurso de leitura. Mas que mostra a confusão do momento

Uma das pranchas mais complicadas de encontrar o percurso de leitura tem a intenção de representar  a confusão do momento

A reflexão apresentada nos ajuda a entender a paranoia que os franceses agora passam a viver. A mesma, ou pelo menos semelhante, à que os americanos viveram em 2001. O grande problema que mais tem assombrado a todos é a crescente xenofobia. Não devemos abraçar os conservadores radicais que agora bradam que há uma necessidade de Ocidentalização da Europa que foi Orientalizada. Deixemos a visão retrograda, tacanha e racista para aqueles que não tem a menor capacidade de pensar, e acabam reproduzindo um discursos de ódio. Por isso mesmo, deixo a indicação, mais uma vez, de Habibi, que inclusive já comentamos aqui no Quadrinheiros Dissecam. Você pode ver o vídeo abaixo:

Junto à esta indicação, vale sempre falar de Persépolis de Marjane Sartrapi, que retrata como não há um padrão cultural tão ortodoxo e tão bem aceito como muitas vezes fazem parecer sobre o Islã. A jovem mulçumana não aceita tão facilmente as imposições religiosas, mas isso não a torna uma opositora à fé, mas sim à instituição (veja um comentário aqui).

capa da edição brasileira.

capa da edição brasileira.

Fico feliz ao ver que a maioria das charges e cartuns que apareceram seguem uma toada muito mais de buscar superar o medo e almejar uma união, do que a de contraposição e agressão. O El País fez uma seleção bem legal que pode ser vista aqui. Veja algumas das charges abaixo também.

Desenho da cartunista francesa Luison

Desenho da cartunista francesa Luison

Desenho do cartunista holandês Ruben L. Oppenheimer

Desenho do cartunista holandês Ruben L. Oppenheimer

Espero que deste texto o que fique é a busca por uma maior compreensão de todos sobre a situação. O mundo caminha rumo à intolerância e ao medo. Que façamos o oposto e sejamos mais humanos…

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