De onde vieram as ideias para os filmes dos mutantes? Por quê os X-Men foram/são a principal porta de entrada de leitoras para a nona arte? Como um título de terceira linha se tornou uma das maiores franquias da cultura pop?
Para todas as perguntas uma só resposta – Chris Claremont! O inglês que escreveu histórias dos mutantes por 16 anos ininterruptos (e outros mais depois de uma pausa/briga) e que com esse trabalho estabeleceu parâmetros narrativos para diferentes mídias, criou personagens icônicos e modernizou a serialização da narrativa.
Para quem acabou de ver o filme – X-Men-Dias de um Futuro Esquecido – parece óbvio que diferentes arcos de narrativa que se cruzam e se referenciam no tempo, e um elenco de personagens diversos e bem construídos com passados claramente estabelecidos, fazem uma ótima história. Mas as coisas não eram exatamente assim antes de Claremont.
Durante a década de 80, sob a gestão editorial de duas mulheres – Lois Simonson e Ann Nocenti – alem de Jim Shooter, em um tempo onde a pressão do mercado era muito mais suave, Chris teve liberdade para usar sua formação em ciências políticas e teatro para escrever passados para personagens como Magneto que resistem até hoje (depois de muitas reformulações) pela força narrativa que carregam.
Suas personagens femininas não seguiam o padrão de versões de personagens masculinos e nem faziam o papel de namoradas do herói ou de garota do grupo. Jean Grey remodelada por Claremont passou a ser uma das figuras mais importantes do Universo Marvel como Phoenix, transcendendo qualquer estereótipo de gênero. (Abaixo um trecho do documentário ainda em produção She Makes Comics com o depoimento de leitoras de quadrinhos sobre seu amor pelos X-Men):
Mais abrangente ainda é a influencia de seu estilo narrativo que dividia as histórias em arcos sucessivos, amarrados pelo pano de fundo da vida pessoal dos personagens. Tal forma de abordar o fluxo da história não via os quadrinhos como uma mídia descartável, e a partir de Buffy, A caça vampiros, esse formato dominou as séries de TV (Joss Whedon confessa publicamente a influencia de Claremont em sua produção).
A novela gráfica criada por Stan Lee e refinada por Chris Claremont se consolida nos longos anos em que ele esteve a frente do título mutante, notadamente nas sagas da Phoenix e em Dias de um Futuro Esquecido, A Queda dos Mutantes e Inferno, e com personagens como os Morlochs, o Clube do Inferno, os Novos Mutantes, o Império Shiar. Horas e horas de leituras que são atemporais e extremamente prazerosas.
Se você gosta dos filmes dos X-Men leia Chris Claremont!
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