Primeiro congratulações a Panini, que vai publicar todo o material dessa reformulação. A aposta é alta, mas mostra respeito pelo conceito inteiro da proposta e isso é admirável. Segundo meu respeito ao Grant Morrison, o idealizador do projeto, que tentou emplacar uma crise final, e foi barrado pelos editores, mas deu a volta, repensou o projeto e se saiu com essa. O Nerdbully ja detalhou isso aqui.

Antes de toda essa mudança, o pensador por trás de tudo publicou um livro chamado SUPERGODS. O que seria uma autobiografia se transformou num panorama da trajetória da DC Comics e do mercado de quadrinhos, passando pela análise da cronologia dos principais heróis da editora e pela visão particular de Morrison sobre a linguagem dos quadrinhos e suas implicações metafísicas.

Ao revisitar as primeiras histórias de personagens como Batman e Supeman, o autor analisa a conjuntura em que essas histórias aparecem e faz um paralelo com o nosso momento histórico, justificando algumas escolhas quanto aos aspectos que serão mais explorados nessa reformulação.

Vale a pena acompanhar o Superman da nova DC Comics, que Grant Morrison escreve, e que retoma elementos das primeiras histórias do herói, como uma preocupação mais proletária, mais coletiva, com poderes mais fracos (portanto fugindo do conceito de personagens deuses). Isso aproxima mais os personagens da DC aos personagens da Marvel, tirando o peso da deidade, mudando a lógica de admiração/idolatria para empatia/identificação. As escolhas gráficas dos artistas também ressaltam essa escolha, além de claro prestarem homenagens a origem dos personagens.

Clark Kent de Grant Morrison inspirado no Peter Parker de Stan Lee