Mas que animação! A estratégia de mercado da DC Comics.

E a Warner Premiere fechou. A empresa responsável pelos longa metragens de animação da DC Comics encerrou as atividades e passou a equipe de produção pra Warner Animation, que produz os desenhos seriados da TV (mas essa equipe já era praticamente uma só). A empresa que fechou produzia também filmes direto pra DVD pro publico infanto juvenil gringo sem nenhum apuro estético ou narrativo. O contraste entre as produções animadas e as live action desse braço da Warner justificam essa reorganização interna que se não dão a certeza de novas animações de qualidade, nos acalmam o coraçãozinho com menos lixo pop.

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A história das animações da DC na Warner Premiere apontam pra uma estratégia de mercado interessante – apresentar alguns clássicos dos quadrinhos a uma nova geração de leitores que só tem como referencia as animação seriadas do Batman ou o caos cronológico dos quadrinhos da última década.

Nos primeiros filmes apresentavam-se mais conceitos do que as histórias clássicas propriamente. Filmes como Superman: Doomsday e Justice League: Crises in two Earths mostram o conceito por trás da clássica morte do Superman e da ideia do multiverso e suas interseções. Não são adaptações fieis, mas servem o propósito didático de introduzir alguns momentos e conceitos chave do histórico de seus personagens, além de emular o traço dos artistas que ilustraram as edições originais nos quadrinhos.

Um destaque interessante é o filme Green Lantern: First Flight que é muito bom e foi muito lembrado quando estreou o filme live action do Lanterna Verde porque a animação tem um roteiro muito melhor e um ator principal mais convincente (qualquer desenho animado é mais convincente que o Ryan Reynolds).

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Já filmes como Justice League: New Frontier, Batman: Year One e mais recentemente Batman: The Dark Knight Returns, a adaptação do roteiro é muito fiel a edição impressa. O que se perde é a diagramação da página, as sutilezas e profundidades do texto (perder a verborragia de Frank Miller nem é tão lamentável assim). Mas a essência da história está lá. Da pra sentir uma exasperação similar aquela da leitura do original.

Se não se pode ter o todo em duas horas de filme (como em All Star Superman, que é um bom filme, mas é muito inferior a obra original de Grant Morrison e Frank Quitely), algumas sacadas aprofundam e abrem janelas interessantes para os espectadores. No filme Batman: The Dark Knight Returns, que foi dividido em duas partes e terá a segunda lançada no início de 2013, a cena em que o Comissário Gordon sofre um atentado dentro de um mercado tarde da noite merece atenção. No enquadramento da câmera a gôndola onde estão as histórias em quadrinhos à venda mostram capas de clássicos como o primeiro número de Sandman, o primeiro número de Watchman, V de Vingança, Monstro do Pântano. Toda aquela revolução na industria de quadrinhos que acontecia nos anos 80 quando também foi escrito o Cavaleiro das Trevas esta ali, dizendo para a nova geração que tem muito mais de onde esse veio.

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A seriedade da produção desses longas de animação contrastam bastante com o que se fazia no final da década de 70. Aquelas animações em stop motion com figuras recortadas diretamente das páginas de Jack Kirby são sem dúvida clássicas e nostálgicas, mas a concepção da voz (interpretação) dos personagens mudou radicalmente (compare a voz do desenho abaixo com a do Chris Hemsworth no filme).

Por tudo isso vale assistir aos extras desses filmes de animação da DC Comics e ser apresentado ao processo de escolha das vozes. Um bom produto que apresenta o que de melhor foi criado nas últimas décadas para uma nova geração de leitores/consumidores que sustentarão a industria de quadrinhos nas próximas décadas.

PS – esse post não seria possível sem a participação do Wellington da banca de jornal onde eu compro quadrinhos. O cara é um entusiasta dos desenhos da DC e me emprestou mais da metade do catálogo. Valeu garoto!

Sobre Picareta Psíquico

Uma ideia na cabeça e uma história em quadrinhos na mão.
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6 respostas para Mas que animação! A estratégia de mercado da DC Comics.

  1. Luiz André disse:

    Difícil esquecer a qualidade das animações da DC se comparadas às da Marvel ou de quaisquer outras produtoras que se arrisquem a fazer desenhos em que roteiro, design e movimentação dos personagens fluam com tanta desenvoltura – com uma boa ressalva a Samurai Jack e demais crias de Gendy Tartakovsky. Por um lado, é possível pensar que as animações da DC foram um palco mal utilizado para a apresentação de certos personagens conhecidos da editora, mas que apresentam certa dificuldade em atrair certa legião de fás e leigos, tais como Mulher Maravilha e Lanterna Verde (embora este tenha sido alçado ao primeiro escalão da editora depois da passagem de Geoff Johns pelo título anos atrás). Como foi dito acima, a animação do Lanterna Verde supera em muito o filme live-action e, se não me engano, um dos dubladores escolhidos para ser Hal Jordan foi o ator Nathan Fillion, de Castle e Firefly, o qual seria perfeito em um longa-metragem do gladiador esmeralda. As animações proporcionam este encontro entre velhos e novos fãs e, quando realizadas por pessoas do porte de Paul Dini, Bruce Timm e cia., só tem a acrescentar mais fãs aos personagens da DC e entusiastas do gênero super-herói em geral.

    • É isso ai André. Esperamos que continuem produzindo animações de qualidade, mesmo com notícias tristes como o cancelamento da série Justiça Jovem pelo braço da Warner Animation que ficou responsável por toda a produção de animação da DC Comics.

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  3. Esse post so me fez gostar mais das animaçoes da DC. E pelo visto vai ficar ainda melhor…

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