ENTRE O OLIMPO E O PROSTÍBULO: História em Quadrinhos e Estereótipos Femininos

Como pude me esquecer DELE na lista do Dia dos Namorados???!!!

Falemos do óbvio: mulheres são, quase todas, seres absolutamente indecifráveis (e, também por isso, fascinantes). Outra obviedade escancarada: entre todos os homens, os nerds certamente formam o grupo menos qualificado em termos de comunicação eficaz com o mundo feminino. O considerável aumento recente da população feminerd não mudou essa realidade.

Batwoman: “Sério? Você luta de maiô?!” (Batman Incorporated #5, 2011)

Não é de se estranhar, portanto, a escassez de personagens femininas realmente fortes nos quadrinhos em geral. E por “fortes” não quero dizer protagonistas ou que tenham papéis importantes. Estou falando de mulheres plausíveis, reais (dentro dos limites que essas palavras possam ter nos universos dos quadrinhos, claro). E de realismo não apenas físico.
Mulheres de HQ se enquadram num conjunto muito limitado de estereótipos: a mãe (seja a nossa ou a que desejamos para nossos filhos), a prostituta (não necessariamente de ofício) e a amazona (com forte apelo sexual, mas absolutamente assustadora para qualquer homem com um pouco de senso — considere a Mulher Maravilha, com todos os poderes, a ideologia amazona de colocar os homens em seu devido lugar… E ela tem um laço).
É bem verdade que esses padrões são bem mais diluídos hoje. Namoradas/esposas de heróis fazem muito mais do que o papel de donzela em perigo (para bem e para mal — Ray Palmer que o diga…) e a sexualidade ativa, até os anos 60, quase exclusiva às vilãs (pensando em quadrinhos mainstream americanos, claro), se encontra em um bom número de heroínas. E, para algumas delas, não importa muito de que lado da lei o alvo está. Tem pegada? Agüenta porrada? Tá valendo! Sério, alguém duvida que a Canário pegue, em todos os sentidos, uns bandidões por aí?

Vai encarar?

Chefe Tugg: “Suas pedras e ossos também servem! Você pode tentar conquistar a mão de minha filha! — Começamos as provas!” (Anthro #1, 1968)

Essa padronização dos papéis femininos é pré-histórica — mesmo —, do tempo em que nossos ancestrais protegiam as filhas como o tesouro mais precioso do mundo. Entre outras coisas, tesouros servem para serem trocados, especialmente na hora de se costurar acordos familiares. (Ninguém fazia grande distinção entre amor paterno e amor patrimonial). Moças bonitas e saudáveis eram relativamente raras e, portanto, tinham alto valor de mercado. Você deixa uma nota de 50 largada na sua mesa de trabalho enquanto vai ao banheiro?

Gavião Negro: “Mulher Maravilha, os membros do Batalhão da Justiça gostariam que, mesmo que agora você seja um membro honorário, que você fosse nossa secretária”; Mulher Maravilha: “Puxa! É uma grande honra!”(All-Star Comics #13, 1942)

Vida social, expressão política, carreira profissional e sexualidade. Ao que parece, esses são os principais temas que mobilizaram a luta feminina por seu espaço no mundo dominado pelos homens. E boa parte dessa trajetória se reflete nas concepções de personagens femininas nos quadrinhos. Durante a Era de Ouro, por exemplo, havia poucos ofícios considerados adequados a uma mulher, por mais capacitada e talentosa que ela fosse. Portanto, a única vaga disponível para a Mulher Maravilha na Sociedade da Justiça da América era a de secretária (!!!), que ela ficou feliz em ocupar (!!!)².
Mais do que entretenimento barato para crianças e adolescentes dos anos 30 e 40 nos EUA, quadrinhos heróicos estabeleceram um modelo de virtude a ser seguido. Quando os homens foram chamados para defender a liberdade na Europa e no Pacífico, os meninos também foram. Às mulheres e meninas ficou a tarefa de cuidar da casa até que os homens voltassem. Só que agora era uma casa bem maior.

Mulher Maravilha: “Boa sorte, rapazes — eu gostaria de poder ir com vocês!”(All-Star Comics #??, 1942). E alguém duvida que a guerra teria terminado antes se ela tivesse ido?!

Para não gastar mais trocentas horas escrevendo este post (certamente é o mais longo deste blog até o momento), pulemos para o momento atual, em que a sexualidade parece ser um dos cavalos de batalha mais importantes.
Existe, nesse aspecto, um claro embate entre a figura da mulher-objeto e a da mulher-senhora-de-seu-corpo, com uma tendência para vitória desta última, que tem, como grande característica, a agressividade sexual de uma predadora. Duas personagens me saltam à mente: Furtiva, que, no pico de seu ciclo reprodutivo, mata o parceiro por meio de algo que parece ser uma mistura de estrangulamento, mutilação e esgotamento sexual; e Emma Frost, de quem nunca se sabe se realmente usa o corpo ou os poderes mentais para manipular os homens. (E tenho certeza de que ela também pega muitas mulheres).
No mundo dos quadrinhos mainstream, contudo, a tendência parece se opor ao mundo real, ou seja, a mulher-objeto continua predominante. Personagens como Furtiva ou Emma Frost são exceções que desafiam a regra. Mas é importante lembrar que, em termos de quadrinhos, dizer que uma personagem se enquadra no papel de mulher-objeto não significa, necessariamente, que ela exista apenas como o chamariz erotizado para jovens leitores (e muito marmanjo também) mais interessados em alimentar suas fantasias com desenhos provocantes do que a mente com histórias inteligentes. (Acredite: as duas coisas NÃO precisam ser excludentes). No mundo dos quadrinhos, ser mulher-objeto geralmente significa, também, ser a vítima indefesa, que também não é exatamente a donzela em perigo. Ou, pelo menos, não só isso.
O papel de donzela em perigo continua existindo, é claro, mas as mulheres dos quadrinhos têm se prestado muito mais ao papel de vítimas de tragédias. E, na grande maioria dos casos, essas tragédias não são propriamente parte da história delas, mas da jornada heróica (sim, estamos falando disso de novo, mas juro que vou parar por aqui) de um homem. A roteirista Gail Simone fez uma compilação bastante abrangente de tragédias que atingiram mulheres nos quadrinhos. Sarcasticamente, o site foi chamado de Women in Refrigerators (Mulheres em Geladeiras). Mais do que atacar uma história ou o desenvolvimento de uma personagem ou, ainda, criticar esse ou aquele roteirista, ela questiona a tendência de vitimização da mulher nas HQs, muitas vezes de maneira gratuita. Alan Moore é um dos poucos que conseguiu usar o clichê da mulher-vítima de maneira inteligente e construtiva dentro de uma história (e fora dela). Mas é o Alan Moore.

Batman: A Piada Mortal (1988)

Tudo isso pra dizer que personagens femininas nos quadrinhos são apenas mais uma etapa no constante processo de reconstrução narrativa para fazer parecerem atuais os primitivos mitos sobre a função bio-social da mulher. E dificilmente isso poderia ser diferente num setor editorial em que produção e consumo são de maioria esmagadora masculina. Enquanto não tivermos roteiristas capazes de compreender o universo feminino, por mais que se tente, não teremos personagens femininas convincentes, que superem os três perfis clássicos, e a perspectiva geral de uma personagem feminina forte continuará sendo a da mulher que reproduz o comportamento masculino. Ou talvez tudo isso que eu tenha dito seja bobagem, afinal, sou homem e nerd e, portanto, também não entendo muito de mulheres.

Sobre Quotista

Filipe Makoto Yamakami é historiador, professor, músico amador, twitólatra, monicólatra, etc. E realmente precisa de um emprego que lhe permita pagar as contas. @makotoyamakami
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27 respostas para ENTRE O OLIMPO E O PROSTÍBULO: História em Quadrinhos e Estereótipos Femininos

  1. Velho Quadrinheiro disse:

    Só não acho que a intenção da Gail Simone foi ser sarcástica; o site dela faz referência a aquela história da morte da namorada do Kyle Rayner (esquartejada e jogada na geladeira). Ali há mais proximidade com “denúncia” que um deboche.

  2. Bom, concordo plenamente com a questão da mulher ser sempre a “vítima” de uma forma ou de outra nas HQs. Mesmo personagens femininas, fortes, das quais se espera que sejam capazes de representar um papel “heroico” em uma história, elas sempre caem na velha ladainha de serem vítimas de alguma forma ou pendem para o outro lado, também mencionado, da “mulher-objeto” (que também não deixa de ser uma vítima), Gata Negra que o diga. Apesar de isso vir mudando (algumas histórias da Miss Marvel, não tão adorada pelos leitores, estão aí para provar isso), ainda é pouco comparado ao volume de histórias produzidas anualmente. Talvez a culpa seja até mesmo de muitas mulheres, que sempre tentam se colocar no papel de vítimas na sociedade, sexo frágil e tal, ou até mesmo de outras com tendência a adotar esse papel de “mulher-objeto”, por que motivo? Acredite, nem mesmo elas devem saber. Mas é por causa de algumas dessas mulheres que a função dos roteiristas é dificultada (e de todos homens), afinal, como retratar mulheres fortes, independentes, que não sejam apenas as vítimas nas histórias, se muitas mulheres se colocam nesse papel de “frágil” (e não adianta contestar, pois geralmente nós fazemos isso)? Enfim, mudar essa visão de que a mulher é a “indefesa” da história, ainda que ela seja protagonista ou qualquer outro papel de destaque, não é uma tarefa fácil, tanto que já existem trocentas mulheres escrevendo histórias e não vemos essas mudanças. Acho que ainda vai demorar um pouco para vermos mais personagens que fogem do padrão (já mencionado no texto): mãe, prostituta, amazona, “esposa que sempre cai nas garras de um vilão”… Mas isso também é só o que eu acho rs.

    • Quotista disse:

      Já percebeu que heróis sempre salvam moças bonitas, crianças, idosos, animais de estimação, mas você dificilmente vê o Superman segurando no colo um caminhoneiro bêbado e gordo?

      • Verdade. Isso é tão fora do comum que em uma HQ do Aranha que ele salva um cara bêbado, rolam algumas piadas sobre isso rs (não me pergunte em qual história, pois minha memória não é tão boa assim rs). 😛

    • Priscila disse:

      Gente, vamos parar de colocar a culpa nas mulheres? Já repararam que tudo é culpa da mulher? A violência cresce no mundo e a culpa é de quem? Da mulher, que está fora trabalhando e não cuida dos filhos. Foi estuprada? A culpa é sua, por andar de roupa curta.
      Os roteiristas não entendem de mulher e fazem histórias com personagens inverossímeis e a culpa de quem? É LÓGICO que é da MULHER, porque ela se faz de vítima!
      Vamos parar de vomitar pelos dedos, que tal? E ainda foi uma mina que escreveu isso, putz…

      Cara, eu me pergunto o que você quer dizer quando fica falando em “universo feminino”… Bom, eu vivo no mesmo universo que você, ando, falo, como, cago, mijo, durmo… Não é nada assim muito diferente do “universo masculino”, por mais que você ache que mulheres são seres alienígenas. Enquanto houver essa separação tola e inocente de “universo feminino” e acreditar-se piamente que trata-se de um mundo completamente diferente e diverso do “universo masculino”… Fatalmente teremos mulheres nos quadrinhos fracas e pouco críveis.

      Você aponta que mulheres são “indecifráveis e que não entende muito delas”. Não considero particularmente difícil compreender e saber dos desejos e sonhos de outro SER HUMANO. Considero que temos aspirações similares, pois ainda que de gêneros diferentes, ainda pertencemos à espécie humana. (A não ser que vc ache que mulheres não são seres humanos).
      Então, para termos mulheres críveis, e menos “indecifráveis”, talvez fosse interessante passar a PRESTAR ATENÇÃO no que diz a sua mãe, a sua irmã, sua colega de trabalho… Ajuda prestar atenção mesmo quando são assuntos que um homem julga não ser de sua alçada: quando uma mulher fala de maquiagem, de filhos, de abusos, de assédio… Talvez o “universo feminino” seja justamente aqueles assuntos que você acha que não lhe dizem respeito, por só ser “coisa de mulher”. Já pensou nisso?

      • Quotista disse:

        Contexto: quem disse que a mulher é sempre vítima não fui eu, mas uma leitora. E ela se refere ao papel de vítima que elas geralmente ocupam nos quadrinhos, o que é um fato (e, se você ler com atenção, vai ver que esse fato é criticado no post).

      • Anderson disse:

        Bom dia
        Engraçado que um dia desses, estava conversando justamente isto com uma amiga, sobre os “papéis” que os dois gêneros da raça humana tem de desenvolver para o convívio em sociedade e a forma de como isto manipula nossas ações neste mundo… ao fim da conversa, minha amiga concluiu que estava lendo, assistindo muito sobre teorias conspiratórias… rsrsrs

      • Quotista disse:

        Um amigo psicanalista (amigo mesmo, não meu terapeuta, porque sou arrogante demais pra fazer terapia — o que indica que talvez eu precise de terapia) disse, certa vez, que o processo de conquista feminina do espaço social permitiu que as mulheres criassem um repertório maior de papéis possíveis, o que dá à mulher uma possibilidade de construção de si mesma que o homem não tem. O homem precisa se encaixar num conjunto muito menor de papéis sociais, todos eles muito parecidos, e esse conflito é menos percebido porque o homem ainda é o elemento dominante socialmente. Ainda segundo esse meu amigo, o grande desafio quando lida com pacientes homens é fazer com que eles passem por esse processo de construção de si mesmo que é tão natural para a maioria das mulheres. Muitos pacientes rejeitam esse processo porque entendem que estariam abrindo mão de sua masculinidade.

  3. Mariana Castro disse:

    Como você disse, e muito bem, o modo como a mulher vem sendo retratada nos quadrinhos representa a visão de cada época mesmo. Acho que a questão da sexualidade sempre esteve presente, não acho que isso esteja mais exacerbado hoje em dia, a questão é que cada época permite limites determinados – um exemplo simples, o uniforme da mulher-maravilha na década de 40 era táo curto e decotado quanto poderia ser, no melhor estilo pin-up.
    Olha, pode ser uma afirmação polêmica e tudo mais, mas acho que as mulheres vão concordar comigo aqui: o negócio é que as mulheres que verdadeiramente se incomodam com essa questão da erotização exacerbada, de “mulher-objeto” e tudo mais, são a minoria. Juro. E não é só fora do mundo nerd, não. Dentro também. Vide a quantidade de cosplayers vestidas de Slave Princess Leia em tudo que é feira nerd.
    Vi que o texto foca no mundo dos super-heróis. Pelo título, esse era o objetivo mesmo. Nesse contexto, acho que a mulherada dos X-Men são as que mais se encaminham para um desvio dos três perfis descritos.
    E fora desse universo? Mulheres fortes e decididas aparecem por aí o tempo todo… A Mônica mostrou a que veio já na primeira tirinha. E ele é uma personagem super-feminina, mas é forte e determinada. Só na galerinha do Mauricio de Sousa dá pra citar um monte. Ele até já escreveu umas crônicas sobre isso (e ele admite que no início foi difícil, justamente por não entender as mulheres…) 😉

    • Mariana Castro disse:

      Ah, adoro as imagens utilizadas aqui, especialmente as de trechos de HQs. Sinal de pesquisa e dedicação. As da Mulher Maravilha no início do texto estão sensacionais e retratam bem o pensamento daquela época!

      • Quotista disse:

        Acho que gasto mais tempo procurando imagens do que escrevendo o texto. Sempre sei o que quero, mas tenho que ficar imaginando as possíveis combinações de palavras nos sistemas de busca para encontrar.

    • Quotista disse:

      A idéia inicial deste post era justamente fazer esse contraponto entre a corrente dominante nos quadrinhos americanos e as personagens realmente consistentes. Mas como o negócio começou a crescer muito, achei melhor dividir isso em dois posts (ou mais). Curiosamente, quase todas as personagens que se colocam na categoria mulheres plausíveis são de editoras ou autores não-americanos. O próximo post deve sair daqui a algumas semanas.

  4. George disse:

    Não comentou nada a Jessica Jones?

    Ela é a personagem feminina mais interessante da história da Marvel. E isso contradizendo todos os clichês sobre personagens femininos que você citou.

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  6. Fabio disse:

    Olá.
    Muito interessante o texto, principalmente na parte que o autor diz que os nerds sabem pouco sobre as mulheres.
    Sou leitor de quadrinho desde antes de saber que era gente, fui alfabetizado através dele pelos quadrinhos do Tex, Zagor, Fantasma e Mandrake do meu pai, quem chamo de Nerd-mor.
    Mas não sei se o nerds, pelo menos na minha época nos anos 80, não sabem sobre mulheres, penso até muito pelo contrario.
    Fui aquele nerd clássico, que além desenhar e ler quadrinhos, usava óculos, era mal arrumado, se interessava por ciência, era solitário. E o que não sabíamos sobre mulheres era pelo simples fato de elas não chegarem nem perto da gente. Elas no viam com punhado de gibis nas mãos e já nos taxavam de esquisitos, de crianças etc. Mas nem por isso as odiávamos, pelo contrario, as admirávamos ainda mais.
    Tanto que o que me motivou a aprender a desenhar mais e foi justamente uma menina!
    Então nosso conhecimento sobre as mulheres talvez fosse muito maior do que dos atletas, bonitões rebeldes e populares da escola, e ainda sim eram esses caras que elas procuravam.
    Ainda que viessem se consolar com a gente, já que éramos ótimos ouvintes.
    Enfim, sem desvirtuar do assunto, talvez o estereótipo da mulher-vítima venha, além das épocas de trevas e machismo, de que os quadrinhos eram em peso feito por homens e para homens.
    Não tinha um Chico Buarque nos roteiros de super heróis que entendesse a fundo da alma feminina.
    E se na época os quadrinhos de super heróis tivessem uma ótica mais voltada para as mulheres tenho duvidas se eles teriam sido sucesso de vendas como eram, entre elas, os livrinhos de romances Julia, Sabrina, etc. Cujas temáticas eram mais focadas nos textos e não em apelo visual. E ainda que esses livros tivessem conteúdo machista eram mais aceitos pelas meninas por criar situações de romance, como por do sol, mansões, lareiras, etc.
    Já vi uma vez o Jô dizer, não sei se a frase é dele, mas parece que a humanidade se formou assim: Morreram as fêmeas de uma espécie e os machos da outra e homens e mulheres ficaram juntos por se parecerem.
    E também gosto sempre de citar um clássico do cinema, Os nerds saem de férias, em que Lewis Skolnick diz pra uma moça: – Os fortões só pensam neles e os nerds passam a vida pensando em mulheres.
    Mas tudo isso vem mudando, um ótia referencia é a historia de Y- o ultimo homem. Quando todos os homems somem do mundo as mulheres aparecem pra resolver tudo por si mesmas, sem serem rotuladas pela sexualidade.
    Forte abraço

  7. Pingback: O estupro nos quadrinhos – Marvel e DC | Quadrinheiros

  8. Stefano disse:

    faltou mencionar personagens como Keiko, Kaoru, Chichi, Atena, Marin, Shina, Sailor Moon etc etc

    • Quotista disse:

      Ausências que se justificam por uma razão bem simples: o mercado japonês é muito diferente do ocidental, com produção especificamente desenhada para público feminino. (E mesmo boa parte dos casos que você citou se enquadram nos estereótipos de mãe, prostituta ou amazona, com existência em função de personagens masculinas).

  9. Júlia disse:

    Eu adorei o texto, só queria fazer algumas pequenas ressalvas: primeiro, por mais que seja socialmente fofo e benevolente reproduzir a ideia de que mulheres são seres confusos, e cheios de misterios, isso em contra mão, acaba por fomentar e reforçar ainda mais a ideia de que homens e mulheres sao seres diferentes demais, e consequentemente; isso possibilita e indiretamente perpetua uma dificuldade de grande parte dos homens (e talvez algumas mulheres) em ver o seu igual na figura feminina. De um jeito mais boboca, o que quero dizer é que tratar ou se referir a mulher assim, torna mais complicado e nebuloso respeitar e compreender os efeitos diretos e indiretos(ruins) das cargas de uma socialização machista misogina ; afinal se você nao vê nada de semelhante no outro fica mais dificil desenvover empatia, manja? (tem um texto fenomenal sobre isso no Nó de oito, aliás).
    Outra coisa que queria pontuar é que sim, é importante que roteiristas homens busquem criar historias cativantes para super heroinas da mesma forma que fazem com os caras uniformizados , mas acima disso, que os homens ( e principalmente os homens leitores) se permitam descobrir, divulgar e buscar hq’s que sejam feitas por mulheres, sobre mulheres ou com temas que toquem o universo feminino (e esse, meus caros, vai bem alem da babaquice clichê e esteriotipada, eu garanto!). Não estou dizendo para substituir todod seus herois favoritos por heroinas, ou que voce leitor de hq deve deixar de gostar de ler tais, mas sim, ser receptivo para o que as minas fazem e falam. Isso seria uma otima dica
    sabe? principalmente de um cara para o outro eu acho, tenho certeza que atitudes assim ajudariam a minimizar o ambiente toxico que é (em grande parte) o universo geek para as mulheres, sem contar que ajuda a divulgar e dar oportunidade pras gurias do ramo 😉
    Enfim, foi um bo texto!
    Continue assim.

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