O autor que é tão bom que consegue deixar até documentário divertido.
É possível que você já tenha escutado que documentários são chatos ou até mesmo já tenha constatado isso de algum que assistiu e não gostou. Mas que tal tentar um quadrinho documentário? Existem diversos estilos e autores, porém hoje trataremos o caso de Box Brown, autor que vem focando no estilo e criando uma linha de quadrinhos com características bastante originais e divertidos ao mesmo tempo que informa seu público.
Box Brown é um artista norte-americano de quadrinhos que anda fazendo muito barulho no meio do quadrinho independente. Em 2014 ele passou três semanas na lista dos mais vendidos do New York Times com seu lançamento Andre the Giant: Life and Legend quadrinho recém lançado pela editora Mino com o título André, o Gigante: Vida e Lenda, que também pubicou do mesmo autor Tetris: Os jogos que as pessoas jogam e Cannabis: A Ilegalização da Maconha nos Estados Unidos. A Mino inclusive parece ter apadrinhado o autor no Brasil, oferecendo acabamento de qualidade no material e até bookplates autografados do autor. O quadrinista em sua carreira também recebeu um prêmio Eisner pela obra Is This Guy for Real? The Unbelievable Andy Kaufman (ainda não publicada no Brasil) no ano de 2019 como melhor quadrinho de não-ficção.
Box Brown ao trabalhar em um quadrinho documentário escolhe uma temática, estuda sobre ela (inclusive aponta a bibliografia ao final) e cria um documentário em quadrinhos sobre um ponto científico, político, histórico ou biográfico por exemplo. Ele possui um estilo particular de criação, seus quadrinhos já possuem um certo formato e conseguem diferir de outros quadrinhos documentário que já existem.
Para termos um contraponto, mangá documentário que ficou famoso nos últimos anos no Brasil e difere drasticamente dos quadrinhos de Box Brown é Virgem Depois dos 30 escrito por Atsuhiko Nakamura e desenhado por Bargain Sakuraichi. O mangá trata a história de homens que passam dos 30 anos ainda virgens no Japão, isso levando em conta uma reflexão sobre aspectos psicológicos que podem ser bastante perturbadores ao leitor e apresenta momentos na história bastante sensíveis. Nesse caso, o autor utiliza de artes exageradas e desenhos caricatos para tentar deixar o tema mais palatável, utilizando um artifício possível dos quadrinhos para tentar suavizar temas.
O caso do Box Brown é muito diferente, pois o autor utiliza um humor sutil aliado ao design perspicaz e a bibliografia extensa, isso fazendo seus documentários dinâmicos, divertidos e de fato informativos. O autor passa a mensagem que deseja de forma clara e essa clareza talvez seja o aspecto mais importante de seu trabalho.
Em primeiro lugar Box Brown parece dominar a mídia quadrinhos, pois a união de texto e imagem feita pelo artista consegue uma narrativa que prende o leitor e tira um sorriso a cada página por detalhes ou pela construção completa da página que dialoga com a mídia e o tema tratado.
Como no caso abaixo em que ele apresenta Shigeru Miyamoto criador de franquias como Mario e Zelda não como o gênio ou o jovem prodígio centrado como os documentários de videogame geralmente tentam construir sua imagem. Box Brown o mostra como um tocador de banjo e fã dos Beatles, humanizando o artista e criando uma cena atípica de uma figura já tão rotulada na indústria dos videogames. Este aspecto passa quase como um detalhe, porém corrobora para o clima agradável que a narrativa do quadrinho apresenta e o autor parece saber detalhe produz sensação geral que seu documentário passa.
Existe uma série de maneiras e motivos para utilizar o quadrinho como ferramenta para um documentário. Box Brown consegue criar uma estética e uma uniformidade que vem agradando aos leitores e a crítica. O humor, a narrativa e as inventividades em cada página tornam seus documentários não um cansativo conglomerado de informações para apresentar certo ponto de vista, mas sim uma narrativa informativa com desenhos muito característicos e uma condição magistral que é o ponto de vista de seus documentários.