Conheça a obra que começou em uma mesa de RPG.
Por Marcelo Manaro*
The Record of Lodoss War é uma série criada em 1986, pelo autor Ryo Mizuno em formato light novel, espécie de folhetim, e são as transcrições das sessões de RPG (Role Playing Game) ministradas pelo autor, que ficaram muito famosas, gerando várias adaptações para mangá, animê, videogame etc.
A adaptação que fez mais sucesso no ocidente, foi a série em OVA’s (sigla para Original Video Animation), que vai se basear levemente nos volumes das light novels “The Gray Witch” (vol1), “Blazing Devil” (vol2) e “The Demon Dragon of Fire Mountain” (parte 1 e 2, que são os volumes 3 e 4), contendo 13 episódios. Ali vamos acompanhar um grupo liderado por Parn, personagem principal dessa história, um jovem guerreiro que sonha em se tornar um cavaleiro e que luta pela justiça. Ele é acompanhado de Etoh, um clérigo de Pharis, o deus supremo, é amigo de infância de Parn; Deedlit, guerreira élfica que decidiu sair da sua tribo e conhecer o mundo; Slayn, um mago humano da escola dos sábios; Ghim, um anão guerreiro que está à procura da filha de uma amiga que está desaparecida e, por fim, Wood-Chuck, um ladino de meia idade que saiu há pouco tempo da prisão. Na descrição do grupo fica bem claro a influência do RPG mais jogado do mundo, Dungeons and Dragons, mais conhecido como simplesmente D&D.
Chegaram pela Panini os mangás “A Lenda do Cavaleiro (2006)”; “A Bruxa Cinzenta (2007)”; “A História de Deedlit (2007)” e “A Dama Pharis (2008)”. Recentemente foi publicada pela NEWPOP a light novel A Bruxa Cinzenta, mais farta na descrição e aprofundamento do cenário e personagens se comparado ao mangá ou animê.
O mundo fantástico em que se passa a narrativa é Lodoss, na verdade, uma ilha ao sul do continente de Alecrast. Segundo a light novel, a viagem entre a ilha e o continente demorava cerca de 20 dias e era uma viagem muito perigosa, tornando Lodoss praticamente isolada do continente. A lenda diz que em tempos antigos a ilha fazia parte do continente, mas houve uma guerra entre o deus da luz Pharis contra o deus das trevas Falaris. O conflito arrastou todos os outros deuses e no fim restaram apenas Kardis, deusa da destruição e Marfa, deusa da criação. Marfa venceu Kardis, mas não antes dela amaldiçoar Alecrast e, para que a maldição não se espalhasse, Marfa separa o pedaço de terra, a ilha de Lodoss.
As pessoas do continente geralmente se referem a Lodoss como a ilha amaldiçoada, o nome de alguns lugares acabou colaborando para isso como a ”A Floresta sem Volta”, “Deserto do Vento e Fogo”, “A Ilha das Trevas de Marmo”. Além disso conta-se que apenas trinta anos das aventuras de Parn uma guerra contra demônios terminou, sendo a vitória do povo livre alcançada graças à união dos diferentes senhorios e apenas com o fim da guerra os reinos começaram a florescer.
É interessante a forma como cada um dos seis reinos de Lodoss detém alguma qualidade que o identifica. Moss é um reino localizado a sudeste da ilha, regido pelo rei Mycen, também conhecido como “Rei dos Cavaleiros Dragão”; no centro da ilha fica localizada Valis, regido pelo rei herói Fhan, um dos heróis que derrotaram o rei demônio durante a guerra; ao norte de Valis fica o reino de Flaim, um reino jovem regido por Kashoe, rei mercenário e herói fundador do reino; Kanon localizado na região sudeste, sendo seu rei um rei sábio, reino conhecido por sua beleza natural; Alania, que fica localizado a nordeste, é o reino mais antigo, o castelo feito por anões é o orgulho de seu povo. Por fim temos uma ilhota localizada ao sul, Marmo, onde vivem inúmeros monstros e criminosos exilados para este local. Durante as aventuras de Parn, seu regente é Beld, espécie de regente maligno, um dos antigos heróis da guerra contra os demônios. Uma curiosidade é que Fhan e Beld eram amigos durante a guerra contra os demônios.
O charme de Lodoss talvez seja maior para quem joga ou jogou RPG, principalmente D&D, pois muitas criaturas, lendas e personagens são reconhecíveis para esse público. Mas o que fascina mais é a história ter início, meio e fim, pois o grupo de Parn vai ter sua aventura até o fim do OVA ou até o fim da história da A Bruxa Cinzenta. Depois disso, no arco Lenda do Cavaleiro, um outro grupo de heróis assume o protagonismo e os personagens antigos parecem como conselheiros ou guias, dando a sensação de que Lodoss é verdadeiramente um mundo à parte, assim como os cenários de RPG, jogados e compartilhados por anos, às vezes décadas.
Então fica aqui o convite para você conhecer essa obra em seus mais diferentes formatos, e, quem sabe, também aventurar-se em uma partida de RPG.
* Graduando em Letras – Português/Japonês, praticante de Karate Shorin-ryu e Okinawa Kobudo, faz parte do projeto Guardiões Perdidos, fã de quadrinhos, mangá e cultura oriental.
Adquiri o volume da New Pop, espero que publiquem as demais sagas… Seria legal ver os mangás sendo republicados, infelizmente não tive oportunidade de adquirir na época em que sairam.