Por trás da arte de Haruhiko Mikimoto!
Diversos mangás e animês de mecha fizeram sucesso no Japão na década de 1980, dentre eles Macross e Gundam. O desenvolvimento de uma narrativa a partir de uma tecnologia avançada, de personagens que pilotam robôs espaciais e salvam o mundo de alienígenas e um triângulo amoroso que, por vezes, quebra a euforia das batalhas e volta a história para um lado emocional, sentimental e humano, são explorados nesses mangás e animês dessa época. Um dos artistas que contribuíram para a produção desses mangás e animês foi Haruhiko Mikimoto.
Esse artista nasceu em Tóquio e se formou na universidade Keio, e foi neste momento que conheceu Shôji Kawamori, criador de Macross, e Hiroshi Ônogi, roteirista da mesma produção. Como ilustrador, artista de mangá e character designer, Haruhiko Mikimoto construiu uma identidade para sua arte.

Haruhiko Mikimoto
Como character design, seus personagens ficaram marcados pela produção do animê Macross e Gunbuster. As personagens femininas, por exemplo, possuem cabelos volumosos que aumentam suas cabeças em relação ao corpo, porém dando um aspecto fofinho a elas. Seus olhos são mais amendoados, mais próximos dos olhos criados por Nakahara Jun’ichi, eles também são um pouco separados entre si, dando a feição de graciosidade às imagens. Outra característica interessante são as bocas pequenas e delicadas, mesmo que as personagens possuam uma postura mais madura e séria, o que quebra um pouco a severidade delas.
Ao mesmo tempo que essas personagens são fofinhas, elas são determinadas nas suas atitudes, ou seja, para uma época em que as mulheres eram submissas no Japão (ainda são, mas com menor intensidade), elas tomam postos importantes, mas mantém a feminilidade, como por exemplo, Misa Hayase (Macross) ou Kazumi Amano (Gunbuster), que são personagens com características fortes, mas não deixam de ser femininas quando deixam seu posto de trabalho.
As construções de personagens de Haruhiko Mikimoto marcaram sua identidade, mas suas ilustrações também se tornaram impactantes para sua arte. Seus traços são delicados e precisos nos detalhes do cenário. As linhas dos personagens nos levam para uma percepção visual do cheio com o vazio, em que exercemos a continuidade das linhas, por ora, aparentemente inacabadas. Em alguns mangás, como o Macross 7: Trash, Haruhiko Mikimoto não se intimida em utilizar mais o preto com branco, deixando as retículas, que seriam para dar o tom cinza, um pouco mais como background.
Seu artbook, além de conter seus esboços dessa construção dos personagens, também traz aquarelas que deixam os nós observadores com um quê da imagem ser realista ou no estilo mangá. O artista coloca as personagens em situações do cotidiano: comendo e bebendo, passeando, se vestindo etc.; ou como se estivessem posando para uma foto para criar um book. Suas aguadas contribuem para uma ambientação delicada, mesmo que seja com cores contrastantes; nas faces, a delicadeza dos cantos da boca e o brilho na ponta do nariz, fragilizam os personagens, deixando a ilustração mais branda.
Geralmente, nos mangás e animês, temos apenas um criador que é roteirista e desenhista, porém em algumas produções, mesmo que poucos, em que temos roteirista e artista, devemos dar credibilidade àqueles que ajudam a encantar o universo do mangá e um dos grandes artistas de mecha sem dúvida é Haruhiko Mikimoto.