Homem-Aranha no Aranhaverso consegue ser o produto ideal para apresentar o que é um super-herói para uma nova gereação?
Em 10 de janeiro de 2019 chegou no Brasil a animação Homem-Aranha no Aranhaverso. Ela já havia sido lançada em diversos países e chegou com grande expectativa por conta das críticas e premiações recebidas. A animação faz jus aos seus elogios, porém o que mais chama atenção não é sua qualidade ou visual, mas sua capacidade de mostrar o que significa ser um super-herói.
A animação começa com um jovem Miles Morales em uma história de origem. O jovem futuro Homem-Aranha está em uma escola particular contra sua vontade e vive dramas de um adolescente ou até mesmo uma criança em um novo ambiente escolar, fazendo tudo o que pode para voltar a ver seus amigos e se agarrar ao passado.
Em meio a tudo isso, o personagem foi mordido por uma aranha radioativa e está desenvolvendo poderes semelhantes aos de Peter Parker, o Homem-Aranha. Após a tentativa fracassada de um dos vilões de acessar o multiverso, as realidades ficam bagunçadas e alguns dos Homem-Aranha do multiverso acabam se cruzando.
A trama por si só é interessante e cativa quem está assistindo, porém, seu potencial para atrair um público jovem é sua maior qualidade. Inicialmente por fazer isso com um personagem que é quase uma criança e com uma trama diferente das costumeiras origens de super-heróis do cinema, pois ao mesmo tempo que Miles está lidando com seus poderes, o multiverso está entrando em colapso e ele precisa ajudar seus companheiros de outros mundos a voltarem para seus universos.
O filme se preocupa o tempo todo em dizer que qualquer um pode ser o herói, o Homem-Aranha. Isso fica claro na pluralidade de heróis: os personagens vão desde uma garota que saiu de um anime (Peni Parker) até o Aranha Noir que possui uma postura completamente oposta em relação a sua colega de equipe. Essa variedade abre espaço inclusive para a própria questão da diversidade e identificação do público com os personagens.
As piadas e o encontro dos Aranhas funcionam, principalmente por trazer ao lado de Miles um Peter Parker mais velho que já enfrentou tantas coisas que agora sente-se mais rígido quanto ao mundo a sua volta. É o Peter que já foi casado, já viu pessoas amadas morrerem e que precisa ensinar Miles ser um Homem-Aranha tão bom quanto todos os outros de todos os universos.
A animação quer popularizar um novo Homem-Aranha, com problemas diferentes da adolescência do Peter Parker criado por Stan Lee e Steve Ditko na década de 60. No entanto, a ideia de como ser um herói permanece a mesma, e ela deve ser passada para Miles Morales para que ele continue o legado do Homem-Aranha.
Uma das cenas mais importantes do filme, é quando Miles toma consciência de que é o Homem-Aranha e diz que qualquer um pode usar aquela máscara. Qualquer pessoa pode representar os ideais do que é ser um super-herói e ser o símbolo da aranha e justiça, salvando e doando um pouco de si pelo próximo.
A representação de tantos povos nos personagens e a passada de bastão de Parker para Morales introduz a nova geração em um novo momento dos super-heróis. Um momento onde os personagens não são mais intocáveis e que estão abertos para todos, em que nós podemos ser como eles tornando o mundo um lugar um pouco melhor a cada dia.