
“Não é só por 20 centavos! É contra a corrupção, a impunidade, a má administração pública, os gastos excessivos com a Copa, o descaso com a saúde e com a educação, a má qualidade do transporte público…” Todos nós vimos e ouvimos esse discurso nessas últimas semanas. Muitos de nós repetimos isso, acreditamos nisso. Muitos de nós estivemos
lá! O universo da política ativa é a melhor demonstração de como o caos pode estar a serviço da ordem ou de como o desejo de uma ordem pode levar ao caos. Para alguém que, como eu, tem a função de ser a memória da humanidade, um momento como esse é, ao mesmo tempo, delicioso e assustador. Delicioso porque há uma chance de estarmos ― mesmo ― diante de um momento-chave em nossa história. Assustador porque ninguém sabe muito bem até onde isso pode ir, nem o que vai sair daí.

“Trata-se de um movimento sem foco, sem liderança, que atira para todos os lados e abraça causas contraditórias porque a massa não é homogênea como tanta gente pensa. Esse movimento tende a se diluir e vai ser só uma cara lembrança ‘daqueles dias em que lutamos por um Brasil melhor’, sem conseguir mudanças profundas de fato, porque não consegue objetivar sua pauta de reivindicações.” Também vimos e ouvimos isso, repetimos, acreditamos. De fato, a movimentação começa a dar sinais de acomodação. Me parece otimista demais dizer que a massa mandou seu recado às autoridades e agora dá um tempo para que elas façam seu trabalho, que, mesmo apressado como foi nos últimos dias, não permite ações imediatas com tanta freqüência como gostaríamos. A democracia representativa pode ser muito mais prática, já que não temos como ouvir cada um dos milhões de cidadãos brasileiros sobre cada questão antes de decidirmos alguma coisa, mas tem o defeito de ser um tanto lenta, mesmo quando é rápida.

Essa juventude de classe média, que começou protestando contra o aumento da tarifa do transporte público e logo abraçou uma série de outras causas importantíssimas — ainda que vagas —, capturou a simpatia da massa virtual, reverteu a rejeição de importantes canais da imprensa em aprovação — ainda que com muitas ressalvas — e chamou para as ruas a “cavelharia” ― aquela classe média que se orgulhava de um dia ter enfrentado a ditadura, ter lutado pelas Diretas Já, ter sido “cara-pintada” (esse sou eu) ―, engrossada por todos aqueles que se ressentiam de não ter participado desses grandes momentos de construção da tão sonhada democracia brasileira.
E a pauta começou a tomar alguns contornos mais visíveis: “contra as PECs 37 e 33, contra a ‘cura gay’, fora Renan, fora Feliciano, sem violência, sem partido…” Opa! “Sem partido”?! Fascismo à vista?!
Nas ruas, nas redes sociais, nos bares, nas conversas de elevador, em todos os lugares começaram a pipocar discursos conservadores, gente querendo a volta da ditadura militar, voto censitário, fim dos programas sociais do governo, em defesa da tradição, da família e da propriedade… O que começou como um movimento de esquerda ― porque defender melhorias no transporte público é, goste você ou não, uma postura de esquerda ― de repente foi tomado por uma série de discursos de direita. Aquilo que começou como uma massa revolucionária parece ter assumido contornos cada vez mais reacionários.


Não se trata de defender, aqui, a direita ou a esquerda. (Qualquer leitor minimamente politizado a essa altura já sabe que eu ― não falo por meus companheiros quadrinheiros ― sou da esquerda não-radical). O que me interessa discutir aqui é a facilidade com que uma mobilização popular que ia para um lado começa, de repente, a caminhar no sentido oposto. O fato é que a classe média, em defesa do que considera politicamente correto, às vezes abraça causas sociais, mas faz isso com espírito de concessão benevolente. Os miseráveis, as minorias, os proletários, os excluídos não podem lutar por si mesmos; devem ser eternamente gratos à proteção da classe média contra a elite exploradora. A classe média se apropria dos discursos e dos símbolos da luta popular, re-significa e capitaliza (inclusive no sentido econômico).
Pensemos os X-Men. (Sim, você está no blog certo. Esse foi só mais um daqueles meus preâmbulos compridos pra caramba. Se perdi algum leitor até aqui, espero que tenha sido da direita).


Os
X-Men foram criados nos anos 60, em plena luta dos negros norte-americanos por igualdade civil. Embora a intenção inicial de Stan Lee fosse retratar o conflito entre adolescentes e adultos — situação escancarada pelo movimento
hippie, mas que (quase) todo o mundo já enfrentou em casa —, a identificação dos heróis mutantes com a causa das minorias americanas era inevitável. O discurso da igualdade essencial entre humanos e mutantes, a inevitabilidade genética da mutação, a visão da diferença como algo construtivo, tudo isso fazia eco aos movimentos que desafiavam os mitos cientificistas sobre a superioridade genética da raça branca nórdica (pegava muito mal falar em raça ariana, mas na prática era a mesma coisa), a degeneração de homo-sexuais e comunistas (pra citar só alguns exemplos) ou os malefícios da miscigenação (o Brasil foi o único lugar do mundo em que se pensou na mistura de raças como um caminho para o aprimoramento genético da raça, ainda que a intenção fosse reduzir o grau de negritude).

Sim, caro leitor. Caso você não saiba, em meados do século XX, grande parte da sociedade americana, inclusive a comunidade científica, não tinha idéias muito diferentes daquelas defendidas por racistas ilustres como Hitler. O
Capitão América só é um herói porque está do lado que venceu a guerra, mas ele corresponde, em quase todos os sentidos, ao projeto nazista do homem cientificamente aperfeiçoado — e ainda por cima é loiro de olhos azuis. Ora, pensaram os leitores, se a Marvel tinha como princípio editorial mostrar personagens que se colocassem na realidade americana, era natural que se aproximasse dos movimentos negros e dos
hippies com personagens que refletissem essa luta por reconhecimento público, no sentido mais amplo do termo. Para todos os efeitos, os
X-Men eram, portanto, os primeiros heróis minoritários dos quadrinhos
mainstream americanos, ainda que fossem todos branquinhos. Só a Marvel não percebeu isso.
Em termos mercadológicos, os X-Men continuaram minoritários durante muito tempo. Ao longo dos anos 60, o volume de vendas era suficiente apenas para que o título não fosse cancelado, não mais do que isso. Na virada da década de 60 para 70, a produção de novas histórias foi cancelada e 26 números da revista foram lançados apenas com republicações.

Veja bem: não era uma questão de simples rejeição a personagens minoritárias. Os mesmos anos 60 viram surgir heróis étnicos (o que durante muito tempo foi quase sinônimo de heróis negros) que alcançaram bons níveis de aceitação do público. Luke Cage, Falcão, Pantera Negra, entre outros, não chegavam a ser do primeiro escalão, mas tinham participações importantes no universo Marvel. O fato é que os consumidores de quadrinhos naquele momento tinham pouca ou nenhuma identificação com os mutantes. Eles não conseguiam ver os X-Men como a metáfora pretendida por Lee: a juventude que busca seu espaço no mundo dominado pelos adultos. Era uma construção abstrata demais. (Fale a verdade: você também nunca pensou nos X-Men desse jeito). O que eles viam era um grupo de negros, indígenas, latinos, asiáticos, qualquer outra coisa, representados como gente branca. Isso era absurdo! Se a Marvel queria fazer uma história sobre minorias, que mostrasse as minorias!

Em 1975, Len Wein e Dave Cockrum receberam a missão de revitalizar a série. Sua grande sacada foi assumir de vez aquilo que os leitores já pensavam: os
X-Men eram uma representação da luta das minorias da América pelo direito de participar do sonho americano. A nova formação, com mutantes de várias origens étnico-nacionais, deixava isso escancarado. Há que se discutir (ou lamentar) a forma como essa diversidade era representada — visuais estereotípicos, o constante uso de palavras no idioma nativo dessa ou daquela personagem, a necessidade irritante e quase patológica de
Kitty Pryde mencionar seus ancestrais mortos no Holocausto a cada três ou quatro histórias —, mas é inegável que, ao se assumirem como os representantes das minorias no universo dos quadrinhos, os
X-Men finalmente alcançaram o estrelato e histórias realmente boas começaram a ser escritas, tornando-se um dos carros-chefes da editora.

É claro que tamanho sucesso não se explica apenas pela mudança de abordagem. Os EUA dos anos 70 eram muito diferentes dos anos 60, a começar pelo mito da democracia racial. Foi nessa época que os americanos finalmente começaram a entender que ser genuinamente americano era ser minoria em algum contexto. A história dos peregrinos foi revisitada para que se resgatasse o aspecto da busca por um espaço onde as minorias religiosas da Inglaterra do século XVII pudessem sobreviver. Se as 13 Colônias sobreviveram, se tornaram livres e construíram um país de uma costa a outra, foi porque aquelas primeiras minorias conseguiram se articular e criar unidade a partir da diversidade. E, se os EUA quisessem manter sua posição como líderes do mundo livre (hah!), era necessário resgatar essa identidade plural, fazer justiça a todas as outras minorias, fossem aquelas já presentes ou as que ainda estavam por chegar. O americano legítimo deixou de ser o
wasp (white, anglo-saxon,
protestant — branco, anglo-saxão, protestante) para ser qualquer um: nativo-americano, afro-americano, hispano-americano, nipo-americano, teuto-americano, ítalo-americano, sino-americano… (Ok, você entendeu). (Deixar claro que estou só reproduzindo um discurso, antes que eu comece a ser atacado por ser demasiadamente americanófilo — pelo menos um pouco, todos nós
nerds somos; não tem jeito).

A nova formação dos
X-Men se ajustava perfeitamente ao mito da democracia racial americana. Isso exigiu uma mudança importante na composição dos roteiros. As duas fórmulas tradicionais — mutantes x humanos normais intolerantes; mutantes bons x mutantes maus — ainda hoje são muito usadas, mas os anos 70 trouxeram uma nova fórmula:
X-Men x super-vilões de qualquer natureza e/ou com qualquer propósito. Essa fórmula jamais funcionaria com a equipe original. Ver um adolescente balançando entre os prédios da cidade e enfrentando super-vilões por conta própria era uma coisa. Um grupo de adolescentes matar aula para fazer isso era totalmente diferente, especialmente porque seu comandante era o professor e havia outros heróis pra fazer o serviço.

As missões dos primeiros
X-Men não eram uma “simples” questão de defender a lei, os fracos e os oprimidos (nem sempre nessa ordem), mas um posicionamento político. Mutantes bons deveriam combater mutantes maus como uma forma de mostrar que nem todos eram perigosos. Quanto aos perseguidores de mutantes, em geral, eram eles que começavam a briga.
Xavier definia quando e como seus alunos deviam atuar e isso fazia sentido. Com a nova equipe, o professor assumiu a posição de um técnico que prepara o time e não pode fazer muito mais do que isso porque são os jogadores que entram em campo. De fato,
Xavier é quase uma figura dispensável dentro da nova realidade dos
X-Men. (Antes que alguém comece a atirar pedras, tente fazer uma lista de 10 arcos/sagas/histórias em que ele realmente teve um papel fundamental para que os heróis vencessem seus inimigos). Ele passou o sonho adiante e tornou-se um coadjuvante de luxo em seu próprio espetáculo.

Essa mudança no formato das histórias dos
X-Men era necessária por um motivo muito simples: se os mutantes são a metáfora das minorias e se todos os americanos são parte de algum grupo minoritário, os inimigos que os
X-Men enfrentavam nas páginas não podiam ser só aqueles que não conseguiam aceitar a possibilidade de uma unidade na diversidade. É inegável que a democracia racial ainda não foi alcançada de maneira plena, mas também é inegável (ao menos é o que pensa a maioria dos americanos) que os EUA conseguiram inserir no senso comum a rejeição do racismo, que persiste apenas em alguns setores minoritários tolerados pela maioria graças à nova mentalidade americana de respeito pelas minorias. (Talvez reste algo do humor ácido britânico em sua ex-colônia, afinal).

A mudança do paradigma se consolida no final dos anos 80 em história solo de
Ciclope, então líder da primeira formação do
X-Factor. Poucos leitores devem se lembrar da volta do
Molde Mestre, saindo do mar na costa do Alaska depois de um longo período de auto-reparo. Usando seu sistema de detecção de mutantes, ele descobre que o número de mutantes na região corresponde ao número exato de habitantes. Ou seja, ele percebe “aquilo que seu criador se recusava a reconhecer: que todos os seres humanos carregam em si a trajetória da mutação”. (Não lembro se as palavras eram exatamente essas, mas era algo muito próximo disso). Se fosse um ser humano, talvez enlouquecesse, se matasse ou se arrependesse. Mas
Molde Mestre é uma máquina programada para destruir mutantes. Portanto,
Molde Mestre conclui que sua programação exige a eliminação de toda a humanidade. (
X-Factor #13, 1987). É uma pena que Louise Simonson não tenha percebido o potencial dessa premissa e ela tenha se perdido no restante da história. O importante é que, se ainda restava alguma dúvida, ela não existe mais: os mutantes não são as minorias dos EUA, eles são os próprios EUA. Entender isso nos dá uma percepção mais clara do atual momento dos
X-Men.


Imagino que todos saibam que os
X-Men estão divididos em duas facções hoje. Enquanto
Wolverine se dedica ao sonho de Xavier, tentando educar (!!!) a nova geração de mutantes numa escola publicamente reconhecida, em memória a
Jean Grey (como se o sonho da convivência pacífica entre humanos e mutantes já não fosse suficientemente justo ou se a morte de
Xavier já não produzisse um grande mártir, resolveram que ele precisava de um empurrãozinho emocional para se devotar à causa pela qual ele já vem lutando há 30 anos! — ok, nem todos os inimigos que ele enfrentou nesses 30 anos eram anti-mutantes),
Ciclope se tornou o líder de um pequeno Estado totalitário mutante, com métodos que seu mentor certamente desaprovaria (mas damos um desconto porque ele realmente perdeu muito ao longo de todos os anos na defesa do sonho de
Xavier — não sei o que os outros quadrinheiros pensam sobre isso, mas acho que é até bastante razoável ele ficar frustrado a ponto de matar o careca). Ele ainda não chegou ao ponto de pensar que a destruição da humanidade seja necessária, mas não é nada benevolente com quem acredita ser uma ameaça à sobrevivência mutante. (Se você quer pensar nas questões que o embate entre educação e revolução coloca, o Velho Quadrinheiro faz algumas colocações interessantes
aqui).
Deixando de lado a discussão sobre esse enfrentamento ser uma descaracterização ou uma evolução das personagens (há bons argumentos de um lado e de outro), vamos pensar como isso se encaixa no paradigma de representação que construímos até aqui.

Responsável pelos
X-Men desde 2011, o roteirista Brian Michael Bendis transportou para os quadrinhos o acirramento das disputas ideológicas entre republicanos e democratas nos EUA após o 11 de Setembro. Embora não tenham a intenção de entrar em confronto direto,
Ciclope e
Wolverine polarizam a comunidade mutante a ponto de não haver possibilidade de conciliação. São líderes de uma nação dividida e enfraquecida.

O julgamento de Bendis sobre as duas facções é pesado e inconclusivo. Os
X-Men de
Ciclope são constantemente mostrados como culpados de sua própria desgraça. Suas ações alegadamente defensivas se tornam um estímulo ao ódio e a novos ataques não apenas contra
Utopia, mas principalmente contra mutantes isolados no resto do mundo, remetendo ao sentimento anti-americano crescente na comunidade internacional após as invasões ao Afeganistão e Iraque. Do outro lado, a boa-vontade quase ingênua dos
X-Men de
Wolverine permite que sofram ataques inesperados partindo de dentro da própria escola, de alunos que, embora mutantes como todos os outros, não se identificam com os ideais da escola, nem conseguem estabelecer relações sociais significativas com os outros alunos. Bendis faz referência aos cada vez mais freqüentes ataques de estudantes colegiais e universitários contra seus colegas e professores, mas é quase impossível não atribuir um caráter profético a seu roteiro, à luz dos recentes acontecimentos em Boston, especialmente porque os dois acusados se enquadram nesse perfil de minorias desajustadas da América.


Os
X-Men estão abertos a todos os mutantes, assim como os EUA estão abertos a todas as nações (hah!). Seu erro reside na crença de que a simples aceitação dessas pessoas em suas fileiras é suficiente para trazer a paz. Conciliadores e belicistas partilham desse erro e condenam a sociedade que acreditam representar à rejeição externa, mas também interna. Nesse sentido, a falha dos conciliadores parece mais grave, uma vez que se apresentam à opinião pública (e se acreditam, de fato) como defensores do diálogo. No entanto, a perplexidade com que reagem a ataques internos demonstra que esse diálogo não existe de fato. O que existe é uma crença infundada no acolhimento.

O mito da América como a terra da conciliação se baseia na visão unilateral de que o modo-de-vida americano é universal, acessível e adaptável a todas as práticas culturais e religiosas. Falta aos EUA a capacidade de perceber que a simples abertura de fronteiras e mercado não significa abertura ao diálogo e, portanto, o simples fato de alguém estar em território americano e usufruir de seus produtos culturais e tecnológicos não indica que houve um efetivo processo de assimilação ou integração cultural. Por outro lado, o desejo cultivado por tantos não-americanos de viver a América também é construído dentro de uma variedade imensa de repertórios culturais. A América que esses estrangeiros encontram não é a que cultivam no imaginário. Tampouco ela é o que os próprios americanos acreditam que ela seja.

Ninguém sabe direito para onde vão os EUA. Então, é difícil saber como os próximos arcos e sagas dos heróis mutantes vão se desenvolver. Mas o que realmente me importava aqui era demonstrar a mudança de paradigma. Então, recapitulemos:
1. Os X-Men foram criados dentro de um contexto sócio-político delicado e efervescente, no qual pareciam se encaixar perfeitamente, mas seus criadores não conseguiam perceber a dimensão que o projeto poderia assumir;
2. Quando deixaram de ser pensados em seu pequeno contexto original e passaram a representar uma causa maior, eles se tornaram populares, alcançando um público que, até então, não via qualquer possibilidade de identificação;
3. A chegada do grande público exigiu uma diversificação das fórmulas de enredo, o que tornou a série ainda mais popular, mas também levou a um afastamento gradual do que podia ser definido como balisa ideológica;
4. A adesão da massa transforma o que era uma história de crítica ao establishment num elogio a esse mesmo establishment, uma vez que seus idealizadores ou ideólogos não têm visão, força ou interesse para contrariar a pressão dos editores pelo ajuste dos roteiros ao discurso dos leitores;
5. Sem perceber essa mudança de direção, a massa associa à história uma série de princípios ideológicos diametralmente opostos aos originais, acreditando que continuam criticando o establishment, quando na verdade o fortalecem.
Agora pense bem: parece ou não parece a nossa Revolta dos 20 Centavos? (ou “do Vinagre” — escolha o nome que preferir). Para mim, a única dúvida que fica é onde estaremos quando sairmos do passo 5: frustração ou tragédia?
P.S.: Você talvez não se importe, mas, já que me posicionei no início do artigo, sinto-me obrigado pela honestidade política a dizer que reconheço o direito à manifestação dos conservadores, mas eu preferia que eles organizassem seus próprios protestos, em vez de se apropriarem dos nossos. E agora você sabe por quê hoje não ligo tanto pros X-Men.
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No começo do texto eu não estava conseguindo entender o sua proposta, mas no fim eu tive que concordar com você, não que eu ache que a narrativa dos X-Men evoluiu até esse ponto de caso pensado, acho que só foi uma fatal coincidência.
Nossas manifestações também não evoluíram assim de propósito. Mais uma fatal coincidência.
Parabéns, excelente artigo.
Obrigado pelo apoio! (E pela paciência de ler tudo).
Confesso que depois deste texto, passarei a ver os X-Men de uma outra forma, principalmente no tocante ao discurso das minorias que foi seu mote mais relevante desde sua criação e que, volta e meia, ressurge nos quadrinhos atuais, mas não com o mesmo vigor de histórias como “Deus Ama, o Homem Mata”, para ficar em um exemplo. Creio que falta na rede e nos demais textos sobre HQs esta discussão de ir além das aparências e trazer para uma reflexão mais aberta e profunda os dilemas que surgem das narrativas dos quadrinhos com o que vivenciamos no dia a dia. Relacionar a questão dos protestos e sua multideterminada pauta de reivindicações com a exposição das minorias nos X-Men foi uma grata surpresa e uma possibilidade de entender que HQs não podem ser relegadas a um mero entretenimento infantojuvenil.
Essa é a nossa proposta: discutir quadrinhos com um olhar mais sério, sem cair no academiquês.
Apesar que o Fascismo não tem nada haver com a direita sendo uma antítese dessa.
???!!!
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