Batman renasce em Batman #1: tradição e inovação em equilíbrio raro

A DC Comics deu início, em 3 de setembro de 2025, a uma nova fase para o Cavaleiro das Trevas com o lançamento de Batman #1. A edição, escrita por Matt Fraction (Gavião Arqueiro, Sex Criminals) e ilustrada por Jorge Jiménez (Justice League, Batman), marca mais um relançamento do título principal do herói.

Fraction deixou claro que sua intenção é resgatar a dimensão super-heroica do Batman, frequentemente soterrada pelo tom sombrio das últimas décadas. Isso se reflete no ritmo narrativo mais leve, nos diálogos afiados e em uma cadência que lembra a de sua fase em Gavião Arqueiro, mas ajustada ao universo de Gotham.

O trabalho de Jorge Jiménez (que está com o personagem desde 2020, passando pelas fases de Tynion IV, Zdarsky e agora Fraction), com cores de Tomeu Morey, entrega uma Gotham renovada: moderna e vibrante, mas sem perder a atmosfera de perigo. O uniforme azul e cinza retorna de forma definitiva, não como nostalgia, mas como afirmação de estilo. O novo Batmóvel reforça essa identidade ao equilibrar frescor e tradição.

A estreia apresenta um mistério simples envolvendo o clássico vilão Crocodilo e abre espaço para novos personagens, com a doutora Zeller. O roteiro consegue equilibrar acessibilidade para iniciantes e profundidade para leitores veteranos. Um dos destaques é a voz interna do Batman: mais direta e objetiva, sem os longos monólogos sombrios que já saturaram outras fases.

A fase de Zdarsky trouxe ambição ao explorar a psique heroica e inventando e retomando conceitos como Failsafe e Zur-En-Arrh, mas acabou marcada por arcos confusos e finais pouco coesos. Fraction assume esse legado com clareza (ainda que os resquícios da fase anterior causem estranheza, como Jim Gordon ser policial comum e Vandal Savage como comissário da cidade – mas nada que atrapalhe o entendimento), propondo uma narrativa ágil, emocional e equilibrada, que devolve ao Batman sua dimensão mais humana e heroica. A proposta de Fraction de trazer edições autocontidas, com começo, meio e fim em uma única edição é interessante, ainda mais em um mundo de arcos, séries e franquias infinitas.

Se a estreia serve de indicativo, Batman #1 pode se consolidar como um marco do personagem — ao mesmo tempo acessível para novos leitores e satisfatório para veteranos, justificando mais um relançamento ao trazer alguma novidade e celebrar a essência do herói. Combinando tradição e inovação, a nova fase tem potencial para figurar entre as mais marcantes do Batman no século 21.

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AKA Bruno Andreotti; Historiador e Mestre do Zen Nerdismo
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