Ghost Machine – superaventuras sem super-heróis?

Anunciado com bastante barulho, o projeto Ghost Machine (que reune grandes nomes da Marvel e da DC Comics) promete que suas histórias vão explorar diferentes gêneros, passando longe da superaventura e dos super-heróis. Mas pra além do marketing, será que isso se sustenta?

Lançada oficialmente em janeiro de 2024 com a publicação de Ghost Machine #1, a iniciativa dos criadores Geoff Johns, Gary Frank, Bryan Hitch, Jason Fabok, Peter J. Tomasi, Brad Meltzer, Lamont Magee, Francis Manapul, Peter Snejbjerg, Maytal Zchut e do brasileiro Ivan Reis, é um desdobramento do selo Mad Ghost, de Geoff Johns, que já publicava os títulos Geiger e Junkyard Joe desde 2021 (pela Image Comics).

São 4 cenários (universos) distintos. O primeiro é o The Unnamed que tem três personagens – Geiger (de Geoff Johns e Gary Frank), que conta a história de Tariq Geiger, um homem que ganha poderes radioativos depois de uma explosão atômica (que é parte de um cenário de guerra atômica); Junkyard Joe (de Geoff Johns e Gary Frank), sobre o robô militar Unit Beta que é usado na guerra do Vietnã e foge do contrrole do governo dos EUA; e Redcoat (de Geoff Johns e Bryan Hitch), que conta as aventuras de Simon Pure, um imortal que esteve presente em momentos chave da história dos EUA. Em Ghost Machine #1 ainda são citados os personagens The Notherner e a presidente Sara Nash.

Geiger, Junkyard Joe e Redcoat

Outro universo é Rook: Exodus (de Geoff Johns e Jason Fabok). A publicação dessa série só começa em abril de 2024, mas a premissa é um cenário de ficção científica onde um fazendeiro se vê num mundo onde cada aspecto da natureza é controlado pela humanidade e ele precisa escolher se luta contra esse controle ou foge desse cenário. Em Ghost Machine #1 vemos algumas páginas que apresentam o cenário e personagens coadjuvantes.

O terceiro universo é o Family Oasis (de Peter J. Tomasi e Francis Manapul), conta a história dos Rocketfellers, uma família que foge do século 25 e se esconde no passado (2024). Nesse mesmo universo temos outros dois personagens, Hornsby e Halo (de Peter J. Tomasi e Peter Snejbjerg), dois adolescentes (um anjo e um demônio) que trocam de família para manter o equilibrio entre o bem e o mal. Em Ghost Machine #1 acompanhamos um jantar em família dos Rocketfellers e um jogo de baseball entre Rose e Tucker (Hornsby e Halo).

O último é Hyde Street (de Geoff John e Ivan Reis), que é um cenário de terror, uma rua que existe em todos os lugares e que serve de porta para coisas além da imaginação. Em Ghost Machine #1 aparecem apenas algumas pinceladas, mas tudo indica que, mesmo que tenha alguns personagens recorrentes, a série é sobre esse cenário em diferentes tempos e lugares.

O marketing em torno do lançamento de Ghost Machine vendeu ineditismo ao falar da mistura de gêneros, da intenção de não fazer quadrinhos de super-heróis e da co-propriedade de todos os criadores envolvidos. Além disso já anunciaram a potencial expansão para outras mídias (ao estilo Mark Millar) e abriram uma loja pra vender camisetas, canecas e outra bugigangas com a logomarca e os personagens da nova empreitada.

Embora o projeto e seu criadores afirmem ir além dos super-heróis, seus personagens possuem poderes semelhantes aos dos heróis tradicionais. Mesmo a originalidade dos conceitos é questionável, como no caso de Junkyard Joe, que é muito parecido com o GI Robot da DC Comics. Até a co-propriedade não é novidade. A Man of Action Entertainment, fundada no ano 2000 tinha esse mesmo modelo de negócio (eles são os criadores do Ben-10 e de diversos quadrinhos e games).

De um ponto de vista cínico pode-se argumentar que alguns desses criadores estão fazendo barulho para fechar contratos com Hollywood e garantir uma boa aposentadoria. A missão da empresa que aparece em Ghost Machine #1 é um discurso corporativo chato de uma empresa de mídia autoproclamada. Apesar disso esperamos que Geoff Johns e compania nos surpreendam positivamente.

Sobre Picareta Psíquico

Uma ideia na cabeça e uma história em quadrinhos na mão.
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