Um autor que vale a pena acompanhar.
Os quadrinhos do norueguês Jason, de um estilo muito original e característico, chegaram ao Brasil através da editora Mino, que tem feito um trabalho incrível com a localização da obra do autor. Um material que vale a atenção dos leitores, então vamos comentar um pouco sobre cada um dos quadrinhos que temos disponíveis no Brasil.
Jason trabalha com histórias curtas de poucos balões (alguns casos os quadrinhos são mudos), o autor costuma também deixar brechas interpretativas para o leitor se identificar e preencher certas lacunas narrativas e reflexivas dentro da obra com suas reflexões e experiências. Na identidade visual temos seus seres antropomórficos que dão um tom caricato e despojado para temáticas que no geral são bastante delicadas.
Mas vamos dos quadrinhos, mas sem muitos detalhes da narrativa para não atrapalhar a experiência pelas poucas páginas das obras.
SSHHHH!
SSHHHH! É um dos quadrinhos mudos do Jason. Nele somos apresentados a diversas tramas cotidianas que envolvem o pensamento sobre a morte, a solidão e as contradições que as pessoas estão sujeitas em suas relações e inseguranças. É um dos trabalhos menos cômicos do autor e mais diretos em seus comentários.

EU MATEI ADOLF HITLER
Neste já temos um dos trabalhos mais cômicos de Jason. Desde o título chamativo até o desenrolar da história que envolve Hitler em uma máquina do tempo chegando ao presente, é tudo tão absurdo que soa cômico nas representações antropomórficas do autor. No fim EU MATEI ADOLF HITLER é sobre as contradições do amor e o orgulho humano envolvido nesse processo tão conturbado.

A GANGUE DA MARGEM ESQUERDA
Este é um dos trabalhos mais divertidos do autor, em que ele brinca com autores da literatura do século XX e faz algumas piadas recorrentes dentro do mundo literário, como a extensão assustadora dos romances russos do século XIX. Ernest Hemingway, F. Scott Fitzsgerald, Ezra Pound e James Joyce são quadrinistas e levam uma vida bastante medíocre, então um dia eles resolvem assaltar um banco e as gratuidades da vida e as relações pessoais de cada um levam o plano a conflitos e confusões que só são completamente esclarecidos no último quadro.

EI, ESPERA…
Talvez o trabalho de temática mais séria publicado no Brasil, o quadrinho envolve os desdobramentos de uma fatalidade que gera um trauma em uma pessoa e como isso provavelmente impactará todo o seu desenvolvimento emocional e psicológico para o resto da vida. O quadrinho é rápido e não se aprofunda muito, mas novamente faz prevalecer o estilo do autor que deixa ao leitor a reflexão mais profunda e o preenchimento de lacunas de casos tão delicados como o desta história.

DAQUI, NÃO SE CHEGA LÁ
Por fim temos o recém-lançado Daqui, não se chega lá que brinca com os estereótipos do cientista louco, do monstro e da noiva do monstro que é derivado dos produtos de Frankenstein. Novamente Jason é bastante cômico e entrega uma história que faz com que nos encaremos nas posições de seus personagens em relações tão estranhas como neste clássico trio romântico.

Até o momento são essas as histórias do autor no Brasil. Desejo que a editora Mino continue publicando as histórias do autor nessa coleção que sempre tem os lançamentos tão aguardados e apreciados pelos leitores.
Se você gosta dos quadrinhos do Jason nos conte um pouco o que mais te marcou, pois se você leu é quase impossível que algo não tenha te feito sentar no sofá encarando a parede por alguns minutos.