Sobre a hq Depois que o Brasil Acabou, de João Pinheiro.
O processo de fragilização da democracia que teve início no impeachment de Dilma Roussef em 2016 e a eleição d’Aquele Que Não Deve Ser Nomeado faz refletir: o que vai sobrar do Brasil depois de tudo isso?
O autor João Pinheiro deu a resposta no título de seu mais novo quadrinho, uma coletânea de trabalhos produzidos entre 2016 e 2019, publicado pela editora Veneta, Depois que o Brasil acabou.
O Brasil acabou. Simples e contundente assim.
Nas páginas de Depois que o Brasil Acabou vemos um futuro pós-apocalíptico e distópico em Cloro Maldito, a alegoria do nascimento do pensamento retrógrado em Fome Animal, a pandemia de Covid-19 sob a perspectiva da periferia de São Paulo em Pandemia na Quebrada, entre outras histórias.
Nos quadrinhos de Pinheiro, que nas palavras de Marcelo Quintanilha no prefácio da hq, “ensaia a criação de uma iconografia brasileira”, chega a revelação da realidade que só a ficção pode nos proporcionar: o Brasil acabou.
E, diante dessa constatação, cabe também a pergunta: O que fazer?
A resposta também está na hq, em Preta Maravilha contra a União Golpista, afirmando a luta por um Brasil melhor, luta composta por várias lutas, como ressaltado na história.
Depois que o Brasil acabou não é um quadrinho. É um coquetel molotov (artefato utilizado por guerrilheiros soviéticos para atacar os exércitos nazistas na 2a Guerra Mundial) como é revelado na última história. E isso não é uma metáfora.
Depois que o Brasil acabou é exatamente isso: um artefato de combate ao fascismo.
Só resta recomendar a leitura da obra e deixar um aviso. Você não será o mesmo depois de sua leitura e uma pergunta perdurará em sua mente:
O que fazer agora que o Brasil acabou?