Kitembo: Afrofuturismo BR e visibilidade para o quadrinho independente

Quadrinho e literatura independente, com muita pesquisa histórica e representatividade, ganhando espaço e visibilidade.

Conheci o Régis Rocha na Feira do Livro da UNESP. O espaço pequeno cheio de quadrinhos que eu nunca tinha visto me chamou a atenção. Folheei algumas coisas e ele foi me apresentando o material. Livros infantis, superaventuras, histórias de ficção baseadas na história do continente africano e na diáspora, afrofuturismo, literatura. Muita produção, muita pesquisa, diferentes abordagens. Comprei alguns títulos, ganhei um autógrafo, peguei o contato dele e segui pro resto da feira.

Depois que eu li todo o material da Afrodinamic (selo do Regis) e o almanaque da Editora Kitembo (com histórias curtas de vários autores, inclusive do Régis), fui pesquisar as redes sociais dos projetos e dos autores. Se abriu um universo de material independente, de ilustradores incríveis, e de histórias potentes. Segue uma lista do que eu achei mais interessante até aqui:

Almanaque Kitembo (anual): já tem duas edições (2022 e 2023), e reune roteiristas e artistas diversos. Eu li o Almanaque Kitembo 2K23, editado pelo Will Rez (roteirista e ilustrador do quadrinho “Por Um Fio”) e que conta com participações de Carlos Gritti, Ariane Purika, João Miranda, Marcia Ramos, Bruno Breu, Jéssica Góes, Gê Mendes, Rodrigo Cândido, Lisbeth Ananse, Célio Jamaica, Israel Neto, Douglas Reverie, além do Regis Rocha e do próprio Will Rez. Destaco as histórias: O Resgate (roteiro e arte de Calos Gritti), que mistura embate racial e Ghost in the Shell; A Biblioteca (roteiro e arte de Régis Rocha), que imagina uma interface entre herança literária e realidade virtual; A Nave da Professora Nanã (conto de Célio Jamaica, ilustrado pela incrível Jessica Goes), que fala de uma professora e seus alunos salvando o planeta.

Ogúm (roteiro e arte de Régis Rocha): conta a história de um pai que prevê, com mais de mil anos de antecendência, a destruição que a chegada dos conquistadores europeus traria para vários povos. O plano para salvar as culturas e os saberes, e as consequências politicas e geracionais são o terreno no qual a história se constrói. No final da edição tem as referências bibliográficas da pesquisa feita para basear elementos da narrativa, e textos que contextualizam o cenário e algumas referências. Ogúm tem uma versão em áudio muito bem produzida – afinal a oralidade é central na cultura africana.

Barretos – Homens de Livros (Hedjan Costa): Um romance que imagina o encontro entre o romancista e cronista Lima Barreto e o jornalista e escritor João do Rio (João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto), que na vida real eram inimigos que trocavam insultos velados em seus textos. No livro, repleto de pesquisa histórica, acompanhamos os dois personagens investigando o sumiço de um garoto pelas ruas e becos do morro da Providência e arrabaldes do Rio de Janeiro de 1907. Hedjan é um escritor conhecido pelos contos de terror e a trama de Barretos tem vários elementos sobrenaturais que se valem de personagens históricos do Rio.

Por fim vou deixar aqui o link de uma campanha que a Editora Kitembo está fazendo no Catarse. Eles precisam de verba para poder participar da Bienal do Livro de São Paulo (que vai acontecer em setebro de 2024). Assim como eu que descobri, por acaso, toda uma produção muito rica de histórias e de arte de criadores brasileiros, outras pessoas precisam ter acesso a esse material, para ampliar seus horizontes e para se inspirar, escrever suas próprias histórias, produzir e divulgar sua arte.

Apoiem, se puderem, e sigam os criadores e as editora e selos aqui citados (veja a lista abaixo).

Editora Kitembo – https://www.instagram.com/kitembo_literatura/
Will Rez – https://www.instagram.com/willrez/
Jessica Goes – https://www.instagram.com/jessicargoes
Afrodinamic / Régis Rocha – https://www.instagram.com/afrodinamic
Hedjan Costa – https://www.instagram.com/hedjan_c.s/
Campanha no Catarse da Kitembo – https://www.catarse.me/AFROFUTURISMONABIENAL

Sobre Picareta Psíquico

Uma ideia na cabeça e uma história em quadrinhos na mão.
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