As histórias mais importantes do personagem mais icônico da Marvel Comics.
Uma lista de melhores histórias é sempre algo parcial. A experiência do leitor que faz a tal lista é marcada não só pela qualidade das histórias, mas também pelo momento em que ele as leu. Algumas edições acabam dialogando com momentos de amadurecimento do leitor, e então passam a ser indissociáveis daquela fase da sua vida. Outras avernturas descontroem tudo o que sabíamos sobre o personagem até então, e por isso mesmo podem gerar descontentamento.
Com mais de 60 anos de histórias publicadas, o Homem-Aranha é um personagem que passou por muitas mudanças, mas que sempre renovou seu apelo, se tornando relevante para novos públicos de tempos em tempos. A seguir vai a minha lista, marcada pela leitura desigual dessa longa jornada do herói.
10 – O Casamento do Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man Annual #21 – 1987 / O Homem-Aranha #100 – 1991)

A morte de Gwen Stacy, 15 anos antes, foi também uma maneira de manter o Homem-Aranha solteiro. Aqui a Marvel arriscava dar um passo a mais no amadurecimento de seu principal personagem. Na edição de casamento, cheia de tropos de uma comédia de erros, acompanhamos Mary Jane e Peter Parker expressando seus medos um pro outro. O evento é um marco para os quadrinhos de super-heróis. A união deles durou 20 anos e só foi encerrada em 2007 por uma decisão polêmica de Joe Quesada, editor da Marvel na época, que escalou Mephisto pra apagar a memória da galera.
09 – A morte do Capitão Stacy (The Amazing Spider-man #90 – 1970 / Teia do Aranha #14 – 1990)

Perdas significativas são um tema recorrente na tragetória de Peter Parker. Da origem do super-herói até hoje, essas mortes fazem ele reviver o trauma da perda do tio Ben para reafirmar os valores que o mobilizam. A morte do pai de Gwen Stacy, o capitão de polícia George Satcy, é um desses momentos. O personagem, criado em 1967, foi aos poucos se tornado uma espécie de pai substituto para Peter, e os leitores suspeitavam que o personagem conhecia o segredo da vida dupla do herói. Só no momento da sua morte nos braços do Homem-Aranha é que essas suspeitas são confirmadas. O último pedido do capitão Stacy a Peter – para manter sua filha, Gwen, segura – é de partir o coração.
08 – A morte de Jean Dewolff (Peter Parker, The Spetacular Spider-man #107-110 – 1985 / Homem-Aranha #88 – 1990)

A detetive Jean Dewolff é assassinada enquanto dorme logo nas primeiras páginas dessa história em 4 partes. O assassino é o parceiro dela, o ex-agente da SHIELD, Stanley Carter, que assumiu o nome de Devorador de Pecados. Peter, usando o uniforme simbionte, caça o assassino de forma cada vez mais descontrolada, até que espanca o vilão quase até a morte. O envolvimento do Demolidor serve de bússola moral para Peter, e para os leitores fica a impressão de que o descontrole do Homem-Aranha tem relação com seu novo traje negro – que futuramente se revelaria ser Venon. No fim os dois heróis revelam suas identidades secretas um para o outro.
07 – Meu melhor inimigo (Spectacular Spider-Man #200 – 1993 / Homem-Aranha #158 – 1996)

Mais uma morte avassaladora para Peter Parker. Seu amigo de adolescência, Harry Osborn, filho de Norman Osborn (o Duende Verde), assumiu o manto do pai, mas está cada vez mais instável emocionalmnete. Oscilando entre o comportamento violento do vilão e seu amor por sua esposa e filho, Harry tenta de todas as formas se afirmar como alguém que está no controle. Essa postura leva a um conflito cada vez mais agudo com o Homem-Aranha. A bússola moral de Peter aqui é Mary Jane, além da lembrança de Gwen. As ações de Harry colocam a vida de Mary Jane e de seu prórpio filho em risco e nesse momento ele se livra da sombra de seu pai e salva os dois, pagando com sua própria vida.
06 – A noite em que Gwen Stacy morreu (The Amazing Spider-man #121-122 – 1973 / Teia do Aranha #23 – 1991)

Chocante para a época, a morte de Gwen é ainda mais importante para o Homem-Aranha que a morte de seu tio Ben. Tomado pela raiva, depois de perder para sempre seu primeiro amor, nosso herói parte pra cima do Duende Verde (Norman Osborn) até que o vilão morre atingido pelo seu próprio planador (cena usada no filme de Sam Raimi). As mortes de Gwen e Osborn fazem Peter refletir sobre o sentido da vingança (olho por olho). Ele entende que não cabe a ele ser juiz, júri e carrasco. Mais um momento muito difícil que marca profundamente o personagem.
05 – O menino que colecionava Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man #248 -1984 / Homem-Aranha #19 – 1985)

Uma história sem super-vilões, sentimentos de culpa, clones, simbiontes, falta de dinheiro e piadas infames. Uma história triste, que mostra o Homem-Aranha visitando uma criança que é sua fã. O menino coleciona todo tipo de notícia, foto e resto de batalha do seu herói. Mas o que parece banal tem duas reviravoltas. A primeira é quando Peter resolve (meio do nada) revelar sua identidade para o garoto. Tanto o menino quanto nós leitores ficamos desconcertados com essa atitude. A segunda é na última página, quando descobrimos que o menino estava num hospital para paciêntes com câncer terminal. Uma daquelas histórias que eleva o sentido do super-heroísmo e faz do Homem-Aranha um herói profundamente humano.
04 – A última caçada de Kraven (Web of Spider-Man #31-32, The Amazing Spider-Man #293-294, Spectacular Spider-Man #131-132 – 1987 / Homem-Aranha: A ùltima Caçada de Kraven #1-3 – 1991)

Espalhada por diferentes títulos, a história conta a tentativa do vilão Kraven, o Caçador, de derrotar definitivamente o Homem-Aranha, tomando seu lugar. Para isso ele enterra Peter vivo. Mary Jane tem seu primeiro grande desafio como esposa de um supoer-herói – seu marido desaparece por duas semanas e ela não tem ideia do que fazer. É também um estudo sobre a loucura de Kraven e a resiliência e determinação de Peter. Mais uma vez, o herói tem que decidir se mata ou não, e mais uma vez a escolha dele é coerente com seus valores. É provavelmente a história que eu mais reli e sobre a qual eu mais escrevi.
03 – Adeus, Homem-Aranha! (The Amazing Spider-Man #50 – 1967 / Grandes Heróis Marvel # 23 – 1989)

Além de ter a primeira aparição de Wilson Fisk, o Rei do Crime, essa história é a primeira de muitas que exploram as incertezas de Peter Parker. O custo que a vida dupla cobra é muito alto e em diversas ocasiões a unica solução que se apresenta é abandonar tudo. Mas o fantasma do trauma sempre retorna. Um segurança em perigo, com o rosto parecido com com o do tio Ben, trás de volta o peso da responsabilidade que marca toda a trajetória do Homem-Aranha. Uma história simples, mas forte.
02 – Se esse é o meu destino…! (The Amazing Spider-Man #31 – 1965 / Homem-Aranha #18 – 1976)

Essa história encerra um arco que ficou conhecido como A Saga do Mestre Planejador. Nesse desfecho somos apresentados pela primeira vez a dois personagens que teriam um grande peso nas histórias do Homem-Aranha: Gwen Stacy e Harry Osborn. Além disso, a história tem todos os elemenyos clássicos de uma história do Aranha – os problemas amorosos de Peter, J. J. Jameson atrapalhando tudo, a tia May em perigo, um vilão nas sobras manipulando a trama. Mas é principalmente uma aula de ritmo narrativo do mestre e criador do personagem, Steve Ditko.
01 – Homem-Aranha! (Amazing Fantasy #15 (1962) – 1962 / Homem-Aranha #1 – 1991)
A estreia do personagem! Do bullying na escola ao acidente com a aranha radiotiva, da descoberta dos superpoderes à decisão de usar aquilo para ganhar dinheiro, da morte trágica do tio Ben ao nascimento de um super-herói torturado pela culpa em poucas páginas. O desenho limpo e expressivo de Ditko nos mostra um adolescente inseguro e deslocado, um herói abalado carregando o mundo nas costas. A história simples, que poderia ter sido mais uma entre tantas, conquistou corações e mentes e ganhou uma dimensão inimaginável para os criadores.






