Mesmo após alguns meses ainda é difícil acreditar que A Saga do Superman foi encerrada!

Texto e imagens por Washington Eloi Francisco*

Chegamos ao fim do mês de agosto do ano de 2023 e ainda tenho o hábito de olhar nos lançamentos de quadrinhos para ver o que tem de bom. Confesso que só depois que vejo tudo que está para ser lançado é que a ficha cai, e percebo que a “Saga do Superman” foi cancelada, série que republicou grande parte da fase Pós-Crise nas Infinitas Terras, onde muitas histórias são realmente bem roteirizadas e absurdamente bem desenhadas. Muitas vezes conversando entre amigos chego a dizer que muitas páginas dessas histórias tem a arte tão magnífica (seja ela por John Byrne ou Jerry Ordway) que dava para fazer quadros e mais quadros para decorar minha casa ou escritório de tão sensacionais.

Como esse cancelamento é possível? Uma publicação tão boa… E de fato era, pois o Superman sempre foi conhecido por não ter um enorme número de sagas ou especiais marcantes, mas algo que ninguém pode tirar do personagem é que no pós-Crise no fim dos anos 80 suas mensais tiveram roteiros bem consistentes. John Byrne estreou a reformulação com sua famosa minissérie Man of Steel, permanecendo por mais de dois anos nas mensais do Superman, sempre roteirizando e desenhando histórias ao lado de nomes como Marv Wolfman e Jerry Ordway, que seguiram fortes mesmo depois da saída de Byrne. Outros nomes que tiveram passagem em todo material publicado e merecem ser mencionados são Curt Swan, Mike Mignola, Dan Jurgens, Roger Stern, Arthur Adams, Dick Giordano, Jim Starling, Keth Giffen, entre outros.

Essa consistência de histórias do Superman é realmente frenética, sempre esbarrando com demais personagens da DC, o que empolgava muito o leitor, e sempre com um inimigo se formando atrás de outro. Podemos destacar na trajetória das edições desenvolvimentos como o novo Lex Luthor, a ascensão do Brainiac, a incrível Saga do Exílio, o surgimento da Fortaleza da Solidão, assim como muitos e muitos confrontos com inúmero inimigos, de Darkseid  a  Mr. Mxyzptlk, explorando bem a Galeria de Vilões, mas também com outros super heróis como  Batman, Mulher-Maravilha, entre muitos outros. Além de um bom desenvolvimento nas relações familiares, já que na reformulação John Byrne optou por ser uma versão onde os pais terrestres de Clack Kent estão vivos. Isso junto com a relação competitiva e a evolução do amor com Lois Lane a amizade com Jimmy Olsen.

Mas a cereja no bolo para nós brasileiros é que o formato “Saga” serve para organizar a ordem de leitura que por sua vez aqui no Brasil, foi muitas vezes alterada e cortada pela antiga editora Abril, causando até confusão aos leitores (não só para o Superman, mas para outros personagens e equipes), já que Superman era publicado originalmente nos EUA em quatro títulos:  Action Comics, Man of Steel, The Adventures of Superman e Superman. Isso foi o sonho realizado de muito leitores. O formato é de um material diferente do papel couchê, com a intenção de ser mais barato. Apesar de estarmos vivendo uma crise com alta do dólar e do preço de papel, ainda sim dava para relevar com seus valores de R$29,90 no início e terminando com R$39,90 como preço de capa.

As edições inicialmente eram mensais e depois passaram a ser bimestrais, chegando até o número 24, o que proporcionou quase dois anos e meio de publicação. A editora Panini alegou baixa vendagem da publicação, o que (ainda?) não aconteceu, por exemplo, com a Saga do Batman. Isso frustrou muitos leitores que esperavam que se estendesse pelo menos até a saga da Morte do Superman e seu Retorno.

A Panini também lançou em formato omnibus a Morte e Retorno do Último Filho de Krypton, mas, mesmo assim, ficou uma lacuna. Então de quem é a culpa? A baixa vendagem é o fator crucial, o que não quer dizer que muitos fãs e leitores não ficaram inconformados. Nem a carta de despedida da Panini na edição 24 escrita pelo editor Erick Garcia foi consolo suficiente.

A recomendação para quem não tem essas 24 edições é que corra e as colecione o mais rápido possível, antes que desapareçam. Mesmo com um detalhe ou outro meio datado, ainda pode ser considerada uma das melhores fases do Superman – se não a melhor.  

*Washington Eloi Francisco é nerd elevado à 5ª potência – Filmes, séries, quadrinhos e action figures é com ele. Membro do Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (NUPEQ-UEMS).