Entre crises, reformulações e reboots, Krypto permance importante na mitologia do Último Filho de Krypton – ainda que por vezes esquecido.
Krypto, o Supercão, nasceu em 1955, numa época em que o mundo sonhava em conquistar as estrelas. Criado por Otto Binder e Curt Swan para Adventure Comics #210, Krypto apareceu pela primeira vez como um cão kryptoniano perdido no espaço, reencontrando Superboy na Terra.
Sua origem não foi casual. No contexto da Guerra Fria, a corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética moldava a cultura popular, e Otto Binder, inspirado pelos primeiros experimentos soviéticos que enviaram cães ao espaço, imaginou Krypto como um “cão-monauta” enviado por Jor-El para testar o foguete que salvaria Kal-El. Um gesto científico, mas também um ato de amor: uma tentativa de proteger o que ainda restava de Krypton.
Quando Krypto chega à Terra, ele não é apenas mais um ser superpoderoso sob o sol amarelo. Ele é a memória viva de um lar perdido. Para Clark Kent, ainda jovem em Smallville, Krypto representa algo que mais ninguém poderia oferecer: um pedaço de Krypton que sobreviveu.
Durante a Era de Prata dos quadrinhos, E. Nelson Bridwell e Curt Swan expandiram o papel de Krypto. Ele não apenas lutava ao lado de Superboy, mas fazia parte de sua vida cotidiana — como amigo, confidente e guardião silencioso. Com a Legião dos Super-Pets, Krypto reforçou seu lugar na família estendida dos heróis da DC.
A relação entre Krypto e Clark era simples: ele não precisava de palavras para entender seu amigo. Não via o traje ou os poderes. Via quem ele era. Esse vínculo atravessou gerações, ainda que com alguns hiatos, mesmo quando as histórias se tornaram mais sérias e realistas.
Nos anos 70, a mudança editorial liderada por Julius Schwartz afastou elementos considerados infantis das HQs do Superman, incluindo os superanimais e Krypto foi perdendo sua relevância.
O momento mais simbólico veio em 1986, quando Alan Moore e Curt Swan encerraram a continuidade pré-Crise em Whatever Happened to the Man of Tomorrow?. Nessa história, Krypto sacrifica sua vida para proteger Superman de seu inimigo mortal. Um ato de lealdade final que encerrou a Era de Prata com dignidade e emoção.
A reformulação de John Byrne após Crise nas Infinitas Terras removeu Krypto da cronologia oficial. Durante anos, ele viveu apenas em homenagens discretas. Foi só nos anos 2000 (e, antes, apenas com referências e homenagens esparsas) com autores como Jeph Loeb, Joe Kelly e Geoff Johns, que Krypto retornou plenamente. Agora reimaginado como um cão mais realista (tanto quanto poderia ser um supercão), ele voltou a ocupar seu lugar ao lado do Superman e também de Conner Kent, o Superboy moderno.
Mesmo quando as versões do personagem mudaram — sendo recriado em The New 52 como um cão preso na Zona Fantasma ou vivido como guardião da família Kent em DC Rebirth —, o papel essencial de Krypto nunca mudou: ele é o elo inquebrável com as raízes de Superman.
Agora Superman: Legacy, dirigido por James Gunn, levará Krypto para as telas em live-action pela primeira vez. Inspirado em seu próprio cão, Ozu, o diretor revelou que sua presença “mudou o roteiro” do filme, reforçando a importância do Supercão não apenas como alívio cômico, mas como parte emocional da construção do Homem de Aço.
Ao longo de sete décadas, Krypto foi mais do que um companheiro para Superman — foi sua lembrança de Krypton. Como Argos, o cão de Ulisses na Odisseia, que reconheceu seu dono no instante em que voltou a Ítaca, Krypto reconhece o Homem de Aço não pelo uniforme, nem pelos feitos heroicos, mas pelo que ele sempre foi: Kal-El, seu amigo. Ele não vê um deus. Não vê um ícone. Vê apenas seu amigo.
E para o Superman, o homem que tem tudo, isso é mais valioso do que qualquer poder que possua.










ótimo saber que o krypto volta a tona, e num filme bem esperado, espero que tenha valido a pena sua invlusão na obra.
lembro de gostar muito do cãozinho graças ao desenho animado protagonizado por ele.
Pois é, Krypto sempre foi muito carismático. Vamos ver como será agora em Superman Legacy. Abraço!