Por que Val Kilmer é meu Batman preferido

Val Kilmer pode não ser o Batman mais lembrado, mas foi o que manteve o herói de pé quando a franquia mais precisava.

Por Diego Knight

Val Kilmer é meu Batman preferido não por ter sido o mais celebrado ou o mais sombrio. Mas justamente por ser o mais esquecido — e, ainda assim, um dos mais importantes. Em Batman Eternamente (1995), Kilmer encarnou um herói em transição: entre o gótico expressionista de Tim Burton e o carnaval camp de Schumacher em Batman & Robin. E, no meio desse contraste todo, ele conseguiu algo raro: equilíbrio.

Kilmer entrou na franquia quando o personagem precisava provar que podia continuar após Michael Keaton. E conseguiu. Seu Bruce Wayne tinha uma tristeza contida, um ar de elegância melancólica que ressoava com a dor que define o personagem nos quadrinhos. Ele não gritava suas angústias, nem fazia piadas a cada frase. Estava ali, tentando manter a seriedade enquanto tudo ao redor brilhava em neon — uma missão quase impossível, mas que ele abraçou com dignidade.

Enquanto Jim Carrey e Tommy Lee Jones disputavam o protagonismo em performances exageradas como Charada e Duas-Caras, Kilmer manteve seu Batman como âncora emocional do filme. Ele não se destacou por frases de efeito ou cenas de ação icônicas, mas por tentar dar humanidade a um personagem que começava a ser engolido pelo espetáculo. Muitos críticos da época acharam sua atuação “apagada”. Hoje, olhando com distância, é fácil perceber que ele foi, na verdade, contido — algo corajoso diante do caos estético ao redor.

Batman Eternamente foi um sucesso de bilheteria. Revitalizou a franquia, abriu espaço para o público mais jovem e provou que o Batman podia sobreviver a uma troca de rosto. Foi uma ponte entre eras — e Kilmer foi o pilar central dessa travessia. Mesmo que sua performance não tenha virado ícone, ela segurou o personagem quando ele mais precisava.

Décadas depois, muita gente reavalia Batman Eternamente com mais generosidade. E com razão. O filme representa uma faceta válida do Batman: aquela mais colorida, pop e acessível, sem abandonar por completo o drama interno do personagem. E Val Kilmer, no centro disso tudo, foi o Batman necessário para aquele momento. Não o mais lembrado, mas talvez o mais simbólico.

Por isso, ele é meu preferido. Porque foi subestimado, mas nunca desrespeitoso com o papel. Porque entregou um Bruce Wayne real em meio a um filme irreal. E porque sua versão, dividida entre as sombras e o neon, capturou como poucas vezes a dualidade do Cavaleiro das Trevas.

Avatar de Desconhecido

About theredshirts

Blogueiros convidados ou que se convidam. Fale com a gente em nossa página no Facebook.
Esta entrada foi publicada em Sidekick e marcada com a tag , , , , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Comente!