5 desenhos clássicos de volta nos quadrinhos! Mas precisamos disso?

A nostalgia continua a ser explorada nos quadrinhos, mas até que ponto estamos revivendo memórias ou apenas consumindo um ciclo infinito de mercantilização da infância?

A infância dos anos 80 foi moldada por desenhos animados que, na verdade, nunca foram apenas entretenimento. Como argumenta Box Brown em O Efeito He-Man: como a indústria dos brinquedos moldou sua infância pelo consumo, o que assistíamos na TV nos anos 80 não eram apenas animações, mas propagandas de brinquedos disfarçadas de programas infantis. Esse fenômeno ajudou a estabelecer um vínculo emocional profundo entre o público e certas franquias, transformando-as em marcas que nos acompanham até hoje – e que continuam sendo recicladas para novos produtos, incluindo os quadrinhos. A questão que fica é: essa nostalgia massiva é uma celebração ou apenas mais uma forma de perpetuar um modelo de consumo iniciado na infância? Mas, pior ainda, é possível diferenciar uma coisa da outra?

Trazer de volta animações icônicas para os quadrinhos pode ser um convite à nostalgia, mas até que ponto isso contribui para o avanço da indústria? Embora essas publicações resgatem o carisma dos personagens clássicos, muitas delas se limitam a repetir velhas fórmulas, sem oferecer algo realmente novo. O resultado é um apelo comercial forte, mas uma inovação narrativa limitada. No entanto, mesmo assim, algumas séries se destacam, seja na reformulação, na promessa de algo novo ou mesmo na venda da mais perigosa das drogas: a nostalgia

ThunderCats

ThunderCats é uma das séries mais marcantes dos anos 80, e seu retorno aos quadrinhos pela Dynamite Entertainment foi recebido com entusiasmo. Uma espécie de reboot do desenho original, a série tem boas críticas e vendas nos Estados Unidos.

SilverHawks

Lançada em 1986, SilverHawks apresentava uma equipe de heróis cibernéticos combatendo o crime no espaço, marcado na lembrança das crianças dos anos 80/90 por sua exibição no SBT. Em janeiro de 2025, a Dynamite Entertainment trouxe a franquia de volta com uma nova série escrita por Ed Brisson e ilustrada por George Kambadais. A história segue Mon*Star (por aqui, o Monstro Estelar) escapando da prisão e o comandante Stargazer reunindo os SilverHawks para enfrentá-lo. Um começo promissor e interessante até agora.

Os Herculóides

Única hq derivada de desenho dessa lista que não data dos famigerados anos 80 – ainda que tenha marcado os anos 80 no Brasil. Criado pela Hanna-Barbera na década de 60, Os Herculóides acompanhava um grupo de heróis protegendo o planeta Amzot. Em fevereiro de 2025, a Dynamite Entertainment lançou uma nova série escrita por Tom Sniegoski e ilustrada por Craig Rousseau. Apesar de trazer novos desafios e inimigos, a essência do enredo permanece a mesma.

Caverna do Dragão

Conhecido internacionalmente como Dungeons & Dragons, Caverna do Dragão sempre teve um apelo forte entre os brasileiros, tanto que é a única hq dessa lista que contém uma versão traduzida até o momento. No máximo, nos Estados Unidos, o desenho é tratado como algo cult. A IDW Publishing trouxe de volta a franquia com D&D: Saturday Morning Adventures (que também traz as Tartarugas Ninja versão cartoon dos anos 80 e nossa próxima hq na lista), capturando a essência do desenho animado. No entanto, a série se apoia fortemente na nostalgia, sem apresentar grandes reviravoltas ou novos caminhos narrativos.

Comandos em Ação

G.I. Joe, ou Comandos em Ação no Brasil, foi um dos fenômenos dos anos 80, e seu retorno pela IDW Publishing reforça o estilo vibrante da animação original. Mesmo os brinquedos sendo mais legais que o desenho, as histórias não desapontam quem gostava da animação.

Se o livro de Box Brown nos ensina algo, é que fomos moldados pelo consumo desde a infância. A mercantilização da nostalgia nos quadrinhos reforça esse ciclo, reembalando antigas franquias para que continuemos comprando e consumindo as mesmas histórias de sempre. Se, por um lado, a revitalização dessas franquias celebra séries amadas na nossa infância, por outro levanta um questionamento importante: até quando a indústria dos quadrinhos vai se sustentar reciclando conteúdos antigos em vez de investir em novas ideias? Para um público cada vez mais ressentido, onde qualquer inovação é sinônimo de histeria, talvez seja hora de olhar para frente, e não apenas para o passado.

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AKA Bruno Andreotti; Historiador e Mestre do Zen Nerdismo
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